
A mulher e suas transformações ao longo da vida. A sensação de que, além de aprender a ser mulher, cada uma renasce ao longo da vida diante das mudanças inexoráveis pelas quais terá que passar. A menopausa é uma delas, e um marco para ser mulher – com suas dores, desafios e delícias, para algumas. “A menopausa é causada pela paragem dos ovários. Os óvulos param de ser produzidos, então a mulher não engravida mais. Com isso, cessam os ciclos menstruais, com a menopausa, que é o último período menstrual da vida da mulher”, explica a ginecologista Marina Chagas Sales, especialista em videocirurgia ginecológica, histeroscopia, laser genital e colposcopia.
“Em teoria, só é possível dizer que foi a última menstruação se a mulher não menstrua naturalmente há mais de um ano. Antes desta última menstruação, o ovário apresenta sinais de falência, gerando ciclos irregulares. Geralmente, dois a quatro anos antes de entrar na menopausa, inicia-se o climatério, marcado pela irregularidade menstrual e pelo aparecimento de sintomas decorrentes da falta de hormônio, como ondas de calor, irritabilidade, insônia, secura genital, incontinência urinária. O fim dessa fase ocorre aos 65 anos, quando ela começa a envelhecer”, ensina.

“Em teoria, só é possível dizer que foi a última menstruação se a mulher passou mais de um ano sem menstruar naturalmente”
Marina Chagas Sales, ginecologista, especialista em videocirurgia ginecológica
A idade média da menopausa é de 50 anos, e considera-se normal entrar a partir dos 40 anos. Antes disso, chama-se menopausa precoce, destaca o ginecologista. Além disso, o médico lembra que a maioria das mulheres não passa dos 55 anos sem ter passado pela menopausa, mas não existe uma idade máxima para o que é normal. “Essa variação da estação é determinada geneticamente e pode ser influenciada pelo estilo de vida: o estresse e o tabagismo provaram favorecê-la em uma idade mais precoce do que uma mulher entraria naturalmente”, diz Marina Chagas Sales.
CONHECENDO O CORPO Muitas mulheres chegam à menopausa completamente sem saber o que terão que enfrentar. Não saber o que vai acontecer com o corpo, as consequências físicas, mentais e emocionais. O especialista ressalta que, é claro, conhecer mais sobre o próprio corpo e as mudanças que ele sofre ao longo da vida facilita a passagem pela menopausa. “A proximidade com o ginecologista, que orienta sobre os sinais e sintomas que a mulher pode apresentar, facilita a aceitação e o tratamento.”
Quando identificada a necessidade, deve-se indicar o tratamento dos sintomas do climatério, em prol da qualidade de vida. O médico deve alertar que, no climatério, existe a possibilidade de engravidar, mas é reduzida, cessando com a menopausa. Assim, a paciente pode se preparar do ponto de vista reprodutivo. É papel do paciente seguir as orientações sobre controle de peso, dieta e exercícios. “Geneticamente, há pacientes que são mais propensas a se sentirem desconfortáveis, enquanto outras passam pela menopausa sem nenhum sintoma. Um estilo de vida saudável e o controle das emoções aumentam a chance de uma transição suave da menopausa.”
REPOSIÇÃO HORMONAL A reposição hormonal é a grande questão nesta fase da mulher. Esperança e medo vivem lado a lado. “Mulheres que apresentam sintomas climatéricos têm um grande benefício ao fazer reposição hormonal e devem iniciá-la quando surgirem queixas climatéricas, sem ter que esperar a menstruação parar. Por outro lado, a reposição não é indicada para quem não tem queixas: algumas mulheres passam por essa fase sem queixas e, para elas, a reposição não deve ser prescrita. No entanto, ter sintomas não é suficiente para iniciar a substituição. É preciso verificar o hormônio ideal e a ausência de contraindicações, como histórico de câncer de mama e trombose e doença hepática”, alerta o médico.
A ginecologista conta que o principal medo das mulheres ao pensar em reposição hormonal é a possibilidade de desenvolver câncer de mama ou útero, sendo maior em mulheres obesas e naquelas que têm casos na família. “Alguns tipos de substituição são mais seguros. Em geral, os benefícios do uso de hormônios superam os efeitos colaterais. O hormônio não engorda, mas pode haver inchaço com ganho de peso e varizes. Outros efeitos colaterais são sangramento genital, dor mamária e alterações de humor. A maioria das mulheres que tem dor de cabeça melhora com a reposição hormonal, mas outras podem piorar ou desenvolver dor de cabeça”, acrescenta ela.
“Uma grande novidade no tratamento de alguns sintomas do climatério é o laser genital. Trata-se de um procedimento desenvolvido na Itália, que resgata a lubrificação e elasticidade genital, além de tratar e prevenir a incontinência urinária. Também melhora a libido. O tratamento é feito no consultório, por meio de um aparelho que emite luz infravermelha.”
LIBIDO E ATIVIDADE FÍSICA Uma vez na menopausa, como passar por ela sem maiores problemas? Marina Chagas Sales reconhece que as mulheres climatéricas enfrentam o grande desafio de lidar com seus sintomas. “Alguns são mais fortes em certas mulheres e em outras não. Faça tratamentos multidisciplinares, agregando abordagem homeopática e psiquiátrica, seja bem vindo. Por exemplo, alguns medicamentos psiquiátricos podem controlar as ondas de calor e ajudar na insônia e na falta de libido.”
Terapias complementares, como a acupuntura, também são aliadas para controlar os sintomas. “É sempre importante praticar atividade física. Há evidências de que ajuda a reduzir as ondas de calor e as mudanças de humor, além de melhorar a libido. No climatério, há um risco aumentado de doenças cardiovasculares, como infarto, acidente vascular cerebral e trombose, o que aumenta a indicação de exercícios. Além disso, o metabolismo desacelera, favorecendo o ganho de peso. Esse é mais um ponto a favor da manutenção de uma rotina de atividade física, pelo menos 150 minutos semanais”, recomenda o médico.
A ginecologista destaca que a mulher pode alcançar uma sexualidade satisfatória com seu parceiro, mesmo lidando com queda de libido: “Com a queda hormonal, é natural que haja falta de libido, intensificada pelo fato de a pele do vulva torna-se muito sensível, de modo a sangrar e doer na relação sexual. Após o tratamento, a mulher recupera um relacionamento satisfatório com seu parceiro. O ideal é que esse tratamento seja feito o quanto antes, pois o colágeno na vulva se recupera mais rapidamente. Além dos hormônios, o laser genital é um excelente tratamento para melhorar a elasticidade, firmeza e lubrificação vaginal”.
Marina Chagas Sales lembra que não se pode esquecer da alimentação, que também ajuda no controle dos sintomas. “Existem alimentos favoráveis para melhorar as ondas de calor, libido, retenção de líquidos. Alguns chás também ajudam. A onda de calor é causada pelo efeito da variação hormonal no termostato do cérebro. As mulheres devem enfrentar essa variação naturalmente e procurar tratamento médico.”
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