A OMS diz que estamos perto do fim da pandemia, mas quando será?

o avanço de cobertura vacinala descoberta de novos tratamentos e o surgimento da variante Ômicron — que é menos letal — reduziu a gravidade covid-19 no mundo. Como resultado, várias autoridades internacionais estão prevendo que o fim da pandemia está próximo. A mudança de status, no entanto, ainda é alvo de dissensões na comunidade científica.

Em meados de setembro, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS)Tedros Adhanom, afirmou que “nunca estivemos em melhor posição para acabar com a pandemia”. Ele acrescentou que “ainda não chegamos lá, mas o fim está à vista”. Ele também destacou que os países devem vacinar suas populações e continuar testando.

O boletim semanal da OMS divulgado nesta quarta-feira (28) mostra que, na última semana, o número de novos casos de coronavírus no mundo caiu 11%, e o de mortes, 18%. Desde o início da pandemia, houve 6,5 milhões de mortes em todo o mundo por Sars-Cov-2.

Cabe à OMS declarar o fim da pandemia, uma vez que foi a entidade responsável por anunciar a emergência sanitária mundial. Mas os requisitos para a mudança não são definitivos e envolvem a análise de diferentes estatísticas, como números de transmissão, óbito e cobertura vacinal, além do risco de novas variantes.

Não há definição, por exemplo, sobre o número de mortes diárias necessárias para dizer que tudo acabou. O que os números mostram é que chegamos ao melhor momento da pandemia, como mostram os gráficos a seguir. Dados do Ministério da Saúde analisados ​​por GZH nesta quinta-feira (29) apontam que o Brasil tem uma média móvel de 46 mortes diárias por coronavírus – já chegou a mais de 3,1 mil.

O Rio Grande do Sul, por sua vez, tem uma média de cinco vítimas por dia – no pior momento, foram mais de 300. Ainda no Rio Grande do Sul, há cerca de duas semanas uma média de 50 pessoas estão internadas em Terapia Intensiva Unidades (UTI) com coronavírus. O número de casos gravíssimos chegou a mais de 2.600 em março do ano passado.

— O que podemos dizer é que, muito provavelmente, 2022 é o último ano da pandemia. A pandemia existe em um momento de necessidade. E, em quase todo o mundo, temos uma estabilização nos níveis de hospitalização e óbitos. Hoje, a covid é uma doença de idosos imunossuprimidos e extremos, acima de 75 anos – diz o médico Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Cada país decretou, à sua maneira, o fim da pandemia. O Brasil encerrou o estado de emergência sanitária no início do ano, que terminou com financiamento especial e atalhos burocráticos para combater a doença.

o presidente de EUA, Joe Biden, afirmou na semana passada que a pandemia acabou, mesmo em um cenário em que mais de 400 americanos morrem por dia de coronavírus. A declaração foi criticada por especialistas, incluindo o próprio governo, como Anthony Fauci, conselheiro de saúde de Biden. Outros governos tomam decisões indicando que o coronavírus agora é rotina na área da saúde.

— Acho prematuro dizer que a pandemia acabou no mundo. Estamos aceitando, para que a economia funcione, números relativamente altos. Em todo o mundo, são cerca de 1.700 mortes por dia. Há muitos países ainda com uma quantidade razoável de mortes. Cerca de 400 estão nos Estados Unidos, que tem uma das menores taxas de vacinação entre os países desenvolvidos. Tudo indica que há um controle maior, mas novas variantes podem surgir — diz a médica Ligia Kerr, vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e professora de Epidemiologia da Universidade Federal do Ceará (UFC).

UMA Alemanha, nos últimos dias, vê um aumento no número de casos. No Índia, uma nova subvariante de Ômicron, BA.2.75.2, informalmente chamada Centaurus, causa uma nova onda de infecções. Mas não há como saber, ainda, se a tensão de fato será preocupante. O cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, disse que era muito cedo para prever qualquer cenário. A entidade não classificou o Centaurus como variante de preocupação, mas monitora a novidade.

— Há uma conjuntura de fatores que podem colocar o fim da pandemia para baixo, como o surgimento de uma nova variante altamente infecciosa, mesmo para quem já teve contato com o vírus ou vacinado, principalmente há muito tempo. Mas tudo leva a crer que a chance de uma nova variante se gerar e se repetir é menor, por isso a expectativa da OMS de que o fim da pandemia esteja próximo – afirma o infectologista Alexandre Barbosa.

O que parte da comunidade científica defende é que o cenário melhorou e pode melhorar ainda mais. Apenas 28,87% da população do continente africano tomou a primeira dose, mostram dados do Nosso mundo em dados nesta quinta-feira (29).

O virologista e professor da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Brandão destaca que a baixa cobertura vacinal é um entrave, mas considera que o risco de uma nova variante que coloca tudo em risco é baixo. As vacinas atuais, ele aponta, protegem contra todas as cepas atuais. Mais conservador, Brandão entende que a pandemia deve durar mais dois anos.

“Estamos saindo da pandemia, mas ainda não acabou. Os casos de covid vão diminuir muito, vai se tornar uma doença sazonal, mas deve depender de revacinação anual. Quanto é o número mínimo possível de mortes por covid? Nós não sabemos. Mas é muito improvável que mude completamente o cenário, com base na evolução dos coronavírus e nos dados das variantes que já surgiram – diz o virologista.

O consenso dos especialistas é que o fim da pandemia será alcançado mais rapidamente à medida que a cobertura vacinal crescer. Só no Rio Grande do Sul, 661 mil pessoas estão com a segunda dose atrasada, 3 milhões com a terceira e 2,2 milhões com a quarta, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (SES-RS). A proteção de cada dose cai após cinco meses.

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