O câncer de mama é causado pela multiplicação descontrolada de células anormais na região da mama, que formam um tumor que pode se desenvolver de forma rápida ou lenta. Estima-se que a cada ano, no Brasil, ocorram 66.280 novos casos da doença. Isso significa um risco de aproximadamente 61,61 novos casos por 100.000 mulheres brasileiras.]
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O câncer de mama ocupa o primeiro lugar na mortalidade por câncer no Brasil entre as mulheres. Segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (INCA), somente em 2020, 18 mil pessoas morreram com a doença.
Apesar dos números expressivos, ainda há muitas dúvidas sobre as causas, diagnóstico e tratamento do câncer de mama. A oncologista clínica da Oncologia Américas, no Rio de Janeiro, Natália Nunes esclarece o que é verdade ou não sobre a doença.
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O anticoncepcional é um fator de risco para o câncer de mama?
Estudos recentes apontam para um baixo risco de desenvolver a doença devido ao uso de anticoncepcionais. Segundo Nunes, 1 em cada 80 mil mulheres que usam esse método contraceptivo pode desenvolver câncer de mama. A causa está relacionada principalmente à continuidade do tratamento. O risco aumentado desaparece dois a cinco anos após a interrupção do medicamento.
— Mulheres que usam anticoncepcionais hormonais têm maior incidência de câncer de mama durante o uso ou logo após o término, quando comparadas a mulheres que nunca usaram anticoncepcionais hormonais — explica a oncologista.
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A reposição hormonal pode causar câncer de mama?
A reposição hormonal é a administração de hormônios femininos, especialmente estrogênio, para aliviar os sintomas da menopausa. No entanto, está bem documentado que este tratamento aumenta o risco de câncer de mama.
O estrogênio é um estimulador do desenvolvimento e crescimento da doença: 60% dos cânceres de mama são dependentes desse hormônio. Portanto, o ideal é que isso seja bem discutido com um médico, que deve avaliar criteriosamente se a pessoa realmente precisa dessa intervenção, bem como a presença de outros fatores, como histórico familiar de câncer.
— Essa terapia deve ser feita no menor tempo possível, evitamos terapias hormonais prolongadas — orienta Nunes.
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Antitranspirantes podem causar câncer de mama?
Segundo Nathalia, existem vários estudos que comprovam que nenhuma delas é capaz de desenvolver câncer de mama em quem as usa.
Os implantes de silicone são um fator de risco para o desenvolvimento de câncer de mama?
A colocação de próteses mamárias não aumenta as chances de desenvolver câncer de mama, segundo a oncologista esse é um mito comum, que costuma causar preocupação entre as mulheres.
Mesmo quem fez implante de silicone após ter câncer não precisa ter medo de desenvolver um novo tumor. No passado, um tipo específico de implante, conhecido como texturizado, estava associado a um tipo de tumor diferente do câncer de mama.
— Uma mulher que tem prótese de silicone não precisa ter mais medo do câncer de mama do que uma mulher que nunca fez plástica — diz ela.
Segundo o médico, assim como as próteses não são um risco para o câncer de mama, as mulheres com silicone podem e devem fazer exames de rastreamento periodicamente.
O autoexame substitui a mamografia?
O autoexame não substitui a mamografia ou qualquer exame de rastreamento, pois somente eles são capazes de detectar a lesão que não é palpável, pequena ou pré-maligna. A Organização Mundial da Saúde retirou o autoexame como técnica de diagnóstico precoce. O rastreamento busca lesões não aparentes, ou seja, aquelas que nem mesmo o paciente consegue detectar. Da mesma forma, visitas regulares ao médico e exames realizados no consultório não substituem os exames de rastreamento, como a mamografia.
– Temos que entender que quando uma mulher consegue palpar uma lesão na mama, não significa mais o diagnóstico de uma lesão que não é clinicamente aparente, que é o objetivo do rastreamento – diz o médico.
O Ministério da Saúde recomenda que os exames de rastreamento comecem a partir dos 50 anos. A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomenda a partir dos 40 anos.
As mulheres mais velhas correm maior risco de desenvolver câncer de mama?
O principal risco para desenvolver câncer de mama é ser mulher e idade. Assim, o risco de câncer de mama aumenta à medida que a mulher envelhece. A incidência, segundo Nathalia, da doença até os 49 anos é de 1,9%, enquanto até os 70 anos ultrapassa os 7%.
O tratamento da doença interfere na libido da mulher?
É possível haver alteração na libido durante o tratamento, pois a quimioterapia, por exemplo, diminui os níveis hormonais e isso reflete na libido. Para as mulheres que fizeram o tratamento, os médicos recomendam um tratamento que inibe o estrogênio, o que também reflete na libido.
“A libido feminina é muito mais complexa do que apenas hormonal. Essas mulheres têm que ter qualidade de vida e isso envolve uma vida sexual e prazerosa. Às vezes uma mulher teve câncer de mama e ela acha que estar viva é o suficiente, mas é importante que ela esteja bem.
A radiação da mamografia pode aumentar o risco de desenvolver esse câncer?
A radiação que esse exame passa para a paciente é muito baixa e não aumenta as chances de desenvolver câncer de mama em mulheres. Nathalia diz que, ao contrário, a mamografia é um exame único para detectar a doença e não deve ser esquecido.
— A mamografia é um exame insubstituível em termos de rastreamento, pode detectar microcalcificações, que é o primeiro sinal de câncer de mama, algo que um ultrassom, por exemplo, não consegue detectar — conclui.
*Estagiária sob supervisão de Adriana Dias Lopes
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