Desejada e invejada em todo o mundo, a ave brasileira está cada vez mais próxima de liderar a produção mundial de carne de frango. Com uma cadeia produtiva cada vez mais tecnificada e rigoroso controle sanitário, o Brasil tem se projetado globalmente pela qualidade do produto e por ser uma área livre da gripe aviária, doença que tem afetado drasticamente a produção dos principais países produtores do mundo. Esse cenário fez com que a carne de frango produzida em terras tupiniquins ganhasse mais espaço no mercado externo. Hoje, o Brasil consegue exportar para 151 países e busca abrir novos mercados para alavancar ainda mais esse setor, perspectiva que faz com que os mais de 180 mil produtores brasileiros invistam constantemente em melhorias na atividade.
Durante a 2ª edição do Dia do Avícola, evento promovido pelo jornal O Presente Rural, em parceria com o Lar Cooperativa Agroindustrial, destinado a capacitar, atualizar e valorizar o trabalho desenvolvido pela cadeia produtiva, o superintendente de Suprimentos e Alimentos do Lar , Jair Meyer , trouxe um panorama do mercado mundial, brasileiro e paranaense de aves.

Superintendente de Suprimentos e Alimentos do Lar, Jair Meyer: “A grande questão no momento é como o Brasil se posicionará no futuro em termos de custo”
O setor avícola mundial cresceu 10% nos últimos cinco anos, saltando de 91,1 milhões de toneladas de carne produzidas em 2017 para quase 100 milhões de toneladas em 2021. espera-se que a rede cresça em nível global mais 26% até 2030. “Embora esse percentual seja grande, é uma taxa de crescimento abaixo de 3% ao ano”, relata Meyer.
Com um aumento de 8% entre 2017 e 2021, a exportação de carne de frango poderá crescer em escala global nos próximos oito anos em mais 32%, chegando a 15,6 milhões de toneladas. “Os países que vão crescer em produção são países maduros em termos de consumo, ou seja, provavelmente serão os mesmos países que produzem hoje”, ressalta.
Em relação às importações mundiais, houve um aumento de 6% desde 2017, com projeção de crescimento de 27% até 2030. No mesmo período, o consumo aumentou 10% e o USDA prevê que avançará mais 27% até 2030, chegando a 12,5%. 9 quilos per capita no mundo. “O que mostra uma tendência de equilíbrio entre produção e consumo”, diz Meyer.
O Brasil ocupa atualmente o 2º lugar entre os 10 maiores produtores de carne de frango, tendo produzido 14,5 milhões de toneladas em 2021. Os Estados Unidos lideram o ranking, com produção de 20,3 milhões de toneladas. “Esse cenário mostra o potencial de crescimento que temos para avançar no ranking mundial de produção e as oportunidades para os avicultores brasileiros expandirem suas atividades na atividade”, enfatiza Meyer.
A União Europeia (4º), Rússia (5º), México (6º), Tailândia (7º), Argentina (8º), Turquia (9º) e Japão (10º) completam o ranking mundial. Outros 35 países produzem os 22% restantes, mostrando que dos 195 países reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) apenas 45 têm produção de frango.
No ano passado, a produção mundial de carne de frango atingiu 99,9 milhões de toneladas, com os 10 maiores produtores respondendo por 78% desse volume. Estados Unidos, China, Brasil e Europa respondem por 61% do total produzido. Japão, México, China e Europa concentram 34% das importações.
Em relação ao consumo anual de frango no mundo, os quatro maiores países produtores consomem 55% do total produzido, com os norte-americanos liderando o ranking ao consumir 51 kg/ano per capita, consumo 4,5 vezes maior que a média mundial, que é de 12,2 kg/ano. “Com uma produção anual de 14,7 milhões de toneladas de carne de frango, os chineses consomem em média 10 quilos por ano, o que mostra que há espaço para ampliar esse consumo na China. No Brasil, o consumo por habitante é de 46 quilos em média por ano, enquanto na Europa cada pessoa come 22 quilos/ano”, menciona o profissional.
Juntos, Brasil, Estados Unidos, Europa e Tailândia respondem por 81% das exportações de carne de frango, com o Brasil liderando os embarques, respondendo por 33% da fatia mundial.
atrapalhar o crescimento
Segundo Meyer, um dos maiores entraves para o crescimento da produção de frangos de corte no Brasil é o custo. O produtor europeu precisa de R$ 5,90 para produzir uma ave, os chineses gastam R$ 5,70 e os brasileiros R$ 5,49, enquanto o custo para os americanos é em média R$ 5,23. “Embora o Brasil tenha crescido 7% na produção, 6% nas exportações, 67% nas importações e 10% no consumo nos últimos cinco anos, no mesmo período perdeu competitividade frente aos americanos, principalmente nos últimos dois anos, devido o aumento maciço de commodities. Para se ter uma ideia, entre 2018 e 2019 o custo de produção por ave no Brasil foi de R$ 3,11. A grande questão no momento é como o Brasil se posicionará no futuro em termos de custo”, enfatiza Meyer, ampliando: “No ano passado uma tonelada de ração já custava 120% mais do que cinco anos atrás. Apesar de ter equalizado o custo de produção em aves com os maiores produtores do mundo, o Brasil ainda tem grandes oceanos pela frente para atingir os mercados consumidores”, afirma o profissional.
Embora Rússia e Ucrânia tenham pouca relevância no setor avícola mundial, Meyer ressalta que o conflito entre os dois países fez com que os preços das commodities continuassem subindo nos últimos meses, assim como colocaram um governante no mundo em relação à segurança . abastecer a cadeia alimentar global.
Segundo Meyer, outro fator que exerceu grande influência no mercado nos primeiros nove meses deste ano foram os surtos de gripe aviária em várias partes do mundo. De janeiro de 2021 a julho de 2022, mais de 15 países relataram casos da doença. “Os Estados Unidos, principal produtor de carne de frango do mundo, enfrentam
um problema gravíssimo de gripe aviária, acentuado durante o período de inverno, fator que influenciou fortemente o mercado. Até maio deste ano, 32 estados americanos registraram casos oficiais de gripe aviária, causando o abate sanitário de cerca de 50 milhões de aves. Com isso, os Estados Unidos sofreram sanções de vários países para exportar”, diz Meyer.
A China também enfrenta sérios problemas com a doença, com 314 casos relatados. Na Europa, foram registrados 3.957 casos. Enquanto o Brasil é uma área livre de Gripe Aviária e é justamente esse status que faz o mundo voltar os olhos para a avicultura brasileira”, diz Meyer, lembrando que um caso isolado de Gripe Aviária registrado no México em 2021 desencadeou um alerta no cadeia avícola da economia brasileira devido à proximidade entre os dois países.
Produção projetada para 2022
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) projeta um crescimento de 1,19% na produção brasileira em 2022, atingindo 14,5 milhões de toneladas de carne de frango. Em termos de número de alojamentos, no ano passado foram alojados 567,5 milhões/mês de pintos e este ano a estimativa é de abrigar um número um pouco menor, em torno de 551 milhões/mês em média.
A região Sul detém 64,08% da produção nacional, sendo o Paraná responsável por 35,4% desse volume, seguido por Santa Catarina com 14,89% e Rio Grande do Sul com 13,65%.
O Paraná possui 16.590 mil aviários e gera 85 mil empregos diretos na atividade. “Para cada emprego direto, são gerados outros 13 indiretos, o que significa que 1,1 milhão de pessoas estão ligadas à atividade avícola no Paraná. De acordo com a expectativa do Censo 2022, a população do Paraná deve chegar a 11,5 milhões, o que significa que nossa atividade abrange 10% da população provável do Estado”, destaca Meyer.
De acordo com o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), o número de abates aumentou 0,5% no Paraná nos primeiros seis meses deste ano em relação ao mesmo período de 2021, de 1,033 bilhão de aves abatidas para 1,039 bilhão. Quando comparada ao primeiro semestre de 2021, a produção paranaense cresceu 4,9% no primeiro semestre de 2022, atingindo 2,546 milhões de toneladas ante 2,427 milhões de toneladas no ano passado.
Destino da carne de frango brasileira
Cerca de 68% da carne brasileira foi destinada em 2021 para o mercado interno e 32% para exportação, segundo dados da ABPA. Já no Paraná, 63% da produção foi para o Brasil e 37% para o mercado externo. Este ano, as projeções são de 66% da produção para consumo interno e 34% para vendas internacionais.
Em agosto, a ABPA revisou o desempenho da avicultura no país. A entidade projeta uma produção de até 1% neste ano em relação a 2021, atingindo até 14,5 milhões de toneladas em 2022. A alta deve continuar em 2023, quando se projeta um crescimento de até 4,5% na produção, que pode chegar a 15 milhões toneladas.
A disponibilidade de produtos no mercado interno também deverá encerrar em níveis positivos, com aumento de até 0,5% em 2022, atingindo 9,8 milhões de toneladas, com disponibilidade doméstica prevista para 2023 de até 10 milhões de toneladas.
Exportar
As exportações do setor, segundo a ABPA, devem atingir até 4,9 milhões de toneladas neste ano, 6% acima do ano anterior. Em 2023, a expectativa é de que as exportações voltem a ser 6% maiores, chegando a até 5,2 milhões de toneladas.
Os estados do Sul concentram 79,12% das exportações de carne de frango, sendo o Paraná o maior exportador, com 40,38%, enquanto Santa Catarina exporta 22,95% e o Rio Grande do Sul 15,79%.
Desafios e oportunidades para o Brasil
Meyer também destaca os desafios e oportunidades do setor para o Brasil. Entre as dificuldades, ele menciona a necessidade de
superar as barreiras internacionais (sanitárias, fiscais e políticas), ampliar a abertura de novos mercados, manter o atual status sanitário sem a Gripe Aviária, conseguir precificar melhor e mais rápido as vendas ao mercado externo, aumento dos custos logísticos, custos de produção (commodities caras ) e eficiência produtiva (cadeia produtiva). “Os desafios são muitos, mas os produtores estão cientes da necessidade de investimentos contínuos e das melhores práticas diárias, pois sem isso não podemos dar conta do que o mundo está fazendo e o que o Brasil precisa fazer para continuar avançando e tendo uma avicultura de excelência que tanto orgulho”, enfatizou em sua palestra.
Entre as oportunidades que ele vê estão melhorias de preços no mercado externo devido a demandas mais aquecidas devido ao conflito no Leste Europeu e problemas sanitários, principalmente com a Gripe Aviária, perspectiva de custos mais ajustados com a nova safra de milho no Brasil, possível melhora do dólar frente ao real no período eleitoral, melhor aproveitamento no exterior da situação sanitária brasileira, moradia mais ajustada devido ao menor percentual de surto na genética atual, economias mais fortes com maior demanda no período pós-pandemia e manutenção dos preços elevados da carne bovina.
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Fonte: O Presente Rural
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