Agência Brasil explica por que a pólio voltou a preocupar o Brasil

Em pouco menos de um ano, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) completa meia década de existência. Considerado uma das políticas públicas de saúde de maior sucesso no país, o programa, em seus quase 50 anos, foi marcado pela erradicação de doenças como poliomielite, rubéola, tétano materno e neonatal e varíola. Nos últimos anos, porém, algumas doenças voltaram a assustar o país em meio às baixas taxas de vacinação.

A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é uma das autoridades de saúde mais preocupantes. É uma doença contagiosa aguda causada por um vírus que vive no intestino, o poliovírus, e que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes e secreções eliminadas pela boca dos pacientes. Nos casos graves, em que ocorre paralisia muscular, os membros inferiores são os mais acometidos.

Diante da queda das coberturas vacinais, o Ministério da Saúde realizou, entre 8 de agosto e 30 de setembro, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite. A campanha foi até estendida por causa da baixa adesão. A meta é vacinar 95% de um universo de 14,3 milhões de crianças menores de 5 anos no Brasil. Atualmente, a taxa de cobertura vacinal contra a poliomielite está em torno de 60%.

Transmissão

A transmissão ocorre por contato direto com uma pessoa infectada, pela via fecal-oral (objetos, alimentos e água contaminados com fezes do paciente) ou pela via oral-oral (gotículas de secreção ao falar, tossir ou espirrar. condições de moradia e maus hábitos de higiene pessoal são fatores que favorecem a transmissão do poliovírus.

Sintomas

De acordo com o ministério, os sintomas mais frequentes da doença são febre, mal-estar, dor de cabeça, dor de garganta e no corpo, além de vômitos, diarreia, prisão de ventre, espasmos, rigidez de nuca e até meningite. Nas formas mais graves, instala-se a flacidez muscular, que, via de regra, acomete os membros inferiores.

Tratamento

Segundo a pasta, não há tratamento específico para a poliomielite. Todas as pessoas infectadas devem ser hospitalizadas e receber tratamento para os sintomas manifestados, de acordo com a condição clínica do paciente.

sequelas

As sequelas da doença estão relacionadas à infecção da medula espinhal e do cérebro pelo poliovírus. Geralmente são sequelas motoras e não há cura. Os principais são: problemas articulares; pé torto; crescimento diferente das pernas; osteoporose; paralisia de uma das pernas; paralisia dos músculos da fala e da deglutição; dificuldade em falar; atrofia muscular e hipersensibilidade ao toque.

Prevenção

O ministério lembra que a vacinação é a única forma de prevenir a poliomielite. Todas as crianças menores de 5 anos devem ser imunizadas de acordo com o calendário de vacinação de rotina e também por meio de campanhas anuais. O esquema vacinal consiste em três doses da vacina injetável (aos 2, 4 e 6 meses de idade) e duas doses de reforço com a vacina oral bivalente, conhecida como gotícula.

Alerta

Em nota, o ministério destacou que o Brasil é referência mundial em imunização e possui um dos maiores programas de vacinação do mundo. Anualmente, o PNI aplica cerca de 100 milhões de doses de diferentes vacinas, enquanto o Sistema Único de Saúde (SUS) tem capacidade para vacinar até 1 milhão de pessoas por dia.

“Toda a população com menos de 5 anos precisa ser vacinada para evitar a reintrodução do vírus que causa a paralisia infantil”, alertou o ministério.

Segundo o ministério, doenças que já foram eliminadas graças à vacinação correm o risco de serem reintroduzidas no país devido à baixa cobertura vacinal, constituindo mais uma vez um problema de saúde pública. “Leve seus filhos às salas de vacinação”, reforçou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na semana passada.

Fatos principais

Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), representação da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas, mostram que uma em cada 200 infecções por poliovírus resulta em paralisia irreversível (geralmente das pernas). Entre as pessoas afetadas pela doença, 5% a 10% morrem por paralisia dos músculos respiratórios.

Segundo a entidade, os casos da doença diminuíram mais de 99% nos últimos anos, de uma estimativa de 350 mil casos em 1988 para 29 casos notificados em 2018. A maioria dos casos atualmente está concentrada no Afeganistão e Paquistão, onde a doença é considerada endêmica . Em 2022, dois casos foram registrados em Israel e nos Estados Unidos.

“Enquanto uma criança estiver infectada, crianças em todos os países correm o risco de contrair poliomielite. Se a doença não for erradicada, até 200.000 casos podem ocorrer em todo o mundo a cada ano dentro de uma década”, disse a OPAS.

O Brasil recebeu o certificado de eliminação da poliomielite em 1994. No entanto, a OPAS alerta que, até que a doença seja erradicada no mundo, existe o risco de casos importados e, consequentemente, do vírus voltar a circular em território brasileiro. “Para evitar isso, é importante manter altas as taxas de cobertura vacinal e fazer uma vigilância constante”, acrescentou.

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