Sinantropia é a capacidade que certos animais selvagens (desde mamíferos a insetos) têm de frequentar o ambiente urbano e as habitações humanas, muitas vezes portadores de doenças. Entre os animais sinantrópicos mais comuns em cidades como São Paulo estão alguns velhos conhecidos, como baratas, aranhas, moscas, mosquitos, pulgas, carrapatos e pombos, e outros que, embora menos frequentes, exigem atenção, como escorpiões e morcegos.
Na cidade de São Paulo, o controle e a orientação sobre essa fauna são de responsabilidade da Divisão de Vigilância de Zoonoses (DVZ), órgão que integra a Coordenação de Vigilância Sanitária (Covisa) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A DVZ é responsável pelo controle de doenças e doenças transmitidas tanto por animais sinantrópicos quanto por animais domésticos, como cães e gatos. Possui em sua estrutura o Laboratório da Fauna Sinantrópica, responsável pela identificação dos animais sinantrópicos coletados no meio urbano.
Dengue, febre amarela, raiva Chikungunya, leptospirose, febre bubônica, criptococose, salmonelose são algumas doenças transmitidas por animais sinantrópicos. Vale ressaltar que alguns desses animais são classificados como peçonhentos, pois podem injetar veneno em suas presas (aranha, escorpião, vespa e abelha, por exemplo), outros são considerados pragas devido à sua capacidade de transmitir doenças (mosquitos, ratos , pombos urbanos) e outros desempenham um papel importante na natureza, como morcegos e abelhas, e devem ser preservados.
A melhor forma de combater a presença de animais sinantrópicos é controlando os chamados “quatro As”: água, comida, abrigo e acesso, necessários à sua sobrevivência.
Veja mais sobre alguns animais sinantrópicos presentes na cidade de São Paulo:
Mosquito Aedes aegipty
O mosquito Aedes aegypti pode transmitir dengue, zika, chikungunya e febre amarela para humanos. A principal doença transmitida por esse mosquito em São Paulo é a dengue. Quando uma fêmea do Aedes aegypti pica uma pessoa com dengue, ela adquire o vírus e depois de alguns dias, ao picar outras pessoas, pode transmitir a doença.
A fêmea tem hábito diurno, pode picar várias pessoas no mesmo dia e não zumbe como o mosquito comum. Ela põe seus ovos em locais com água parada e limpa, chamados criadouros, como: vasos, caixas d’água, pneus, latas, garrafas e outros. Os ovos são colocados perto da superfície da água e estão firmemente presos à parede interna do recipiente. Não são visíveis e são muito resistentes, podendo sobreviver até um ano sem água. Nesta fase, eles podem ser transportados em diferentes contêineres por longas distâncias. Por isso é importante eliminar esses criadouros.
Baratas
Os tipos de baratas mais comuns no ambiente doméstico são a barata de esgoto, que vive em galerias de esgoto, caixas de gordura, fendas em estruturas de alvenaria ou madeira, e a barata alemã, que se reproduz em frestas, móveis e eletrodomésticos, principalmente dentro das casas. Esses insetos são noturnos, preferindo locais quentes e úmidos, onde há disponibilidade de alimentos.
Ao transportar patógenos pelo corpo, as baratas domésticas são responsáveis pela transmissão de diversas doenças, principalmente gastroenterites. As medidas preventivas devem interferir nas condições de abrigo, alimentação e acesso, como manter os alimentos armazenados em recipientes fechados e manter os armários e despensas fechados limpos e livres de restos de alimentos.
escorpiões
Na cidade de São Paulo, apenas três espécies de escorpiões são consideradas de importância para a saúde pública: amarelo, amarelo nordestino e marrom. São animais que podem picar e causar acidentes graves, e crianças e idosos são mais sensíveis ao veneno do escorpião. Os escorpiões ocorrem em áreas verdes, parques, cemitérios, terrenos baldios, linhas de trem, em esgotos, bueiros e instalações elétricas, em meio a materiais de construção e entulhos e às margens de córregos.
Os escorpiões são animais noturnos, mais ativos na primavera e no verão, quando nascem seus filhotes (15 a 20 por ninhada). Para evitar acidentes, é importante manter as áreas externas livres de sujeira e detritos, vedar rachaduras em paredes, paredes e pisos, além de preservar seus predadores naturais, como louva-a-deus, sapos, corujas, gaviões e lagartixas.
morcegos
Os morcegos são os únicos mamíferos que voam e estão presentes em áreas rurais e urbanas. De hábitos noturnos, são protegidos por lei devido a sua grande importância na natureza, pois auxiliam no controle de insetos noturnos e espalham sementes e frutos, colaborando na recuperação de áreas degradadas. Vale ressaltar que morcegos que se alimentam de sangue não estão presentes no ambiente urbano.
Todas as espécies de morcegos podem adquirir e transmitir doenças para humanos e outros animais. As principais são a raiva, transmitida principalmente pela picada de mamíferos infectados ou doentes, e a histoplasmose, transmitida por inalação, em ambientes fechados, de fungos presentes nas fezes de morcegos. Esses mamíferos costumam se abrigar em locais como teto, porão, lareira, copa de árvores e casca de árvore. Se alguém encontrar um morcego vivo ou morto caído no chão, é importante não tocá-lo, e entrar em contato com a Central 156. A remoção deve ser feita por profissionais especializados e legalmente autorizados.
pombos
Os pombos são aves de origem europeia, mas encontrados em todo o mundo. Nas cidades, eles se abrigam e constroem seus ninhos em locais altos, como prédios, torres de igrejas, forros de casas e beirais de janelas, alimentando-se preferencialmente de grãos e sementes, além de restos de comida. A alimentação fornecida pelas pessoas em locais como praças e parques provoca um aumento considerável dessa população. Um casal de pombos pode ter de cinco a seis ninhadas por ano.
Essas aves servem de hospedeiros para parasitas como bactérias e fungos, que causam doenças como criptococose, histoplasmose e ornitose, que são transmitidas pela inalação de poeira contendo fezes de pombos secas e contaminadas. Fezes contendo agentes infecciosos também podem contaminar alimentos, infectando humanos com salmonelose, por exemplo.
Ratos
Os roedores são mamíferos noturnos e possuem habilidades como nadar, escalar lugares altos, pular, equilibrar-se em fios e mergulhar. Roem diferentes tipos de objetos e contaminam o ambiente com urina, fezes e cabelos, representando um grande risco à saúde. Podem ter até 12 ninhadas por ano e se alimentam principalmente de lixo doméstico. Eles vivem em locais como quintais e jardins, telhados, esgotos e até em locais como fogões e armários, no caso dos ratos.
Entre as doenças transmitidas por ratos urbanos estão a leptospirose, peste bubônica, tifo murino, hantavirose, salmonelose, e acidentes causados pela mordida desses animais também são comuns. A leptospirose é uma doença grave causada por bactérias da espécie Leptospira interrogans, presente na urina de camundongos e que pode levar à morte de humanos e animais domésticos. A principal forma de evitar a presença de roedores é o cuidado com o lixo e a limpeza do ambiente doméstico e áreas externas da casa.
carrapatos
Os tipos de carrapatos mais comuns na cidade de São Paulo são o carrapato-vermelho, parasita de cães domésticos e ocasionalmente de outros animais, que raramente parasita o homem e que também pode infestar o ambiente, o carrapato-estrela, que cavalos, capivaras e eventualmente outros animais, incluindo o homem. Este tipo pode estar presente em terrenos baldios e praças. O carrapato do cão amarelo ocorre em áreas de mata atlântica, como parques e reservas florestais, geralmente parasitando animais silvestres. Os cães, ao visitarem essas áreas, podem se infestar, levando os carrapatos para outros locais, parasitando acidentalmente os humanos.
Devido ao hábito de se alimentar de sangue (hematofagia), os carrapatos podem transmitir doenças ao homem, como febre maculosa (carrapato estrela e carrapato amarelo); Eles também transmitem doenças causadas por bactérias e vírus aos animais domésticos.
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Animal Week SP tem exposição sobre sinantrópicas
Até 11 de outubro, a DVZ, juntamente com a Coordenação de Saúde e Proteção aos Animais Domésticos (Cosap), promove a Semana Animal SP, com atividades e serviços como adoção, castração, identificação por microchip, emissão do Registro Geral de Animais (RGA) e vacinação antirrábica, entre outros. Na vertente educativa, as exposições “Que animal é este? (animais sinantrópicos)” e “A vida dos morcegos”.
Clique aqui para saber mais sobre a programação da Semana Animal.
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