Apenas 61% vacinados contra a poliomielite no ES

Apenas 61% vacinados contra a poliomielite no ES
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

Nesta segunda-feira (24) é comemorado o dia mundial de combate à poliomielite, doença erradicada no Brasil desde 1994, ano em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o país livre desse vírus. No entanto, um fato é preocupante: até a manhã da última quinta-feira (20) o Espírito Santo vacinou cerca de 139 mil crianças, o equivalente a apenas 61% do público.

A meta a ser alcançada é que pelo menos 227.010 crianças estejam com a vacinação contra a Poliomielite em dia. Um ano foi a faixa etária que mais atendeu: 36.976 crianças dessa idade foram vacinadas.

A poliomielite é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus, que pode infectar crianças e adultos pela via fecal-oral (através do contato direto com fezes ou secreções expelidas pela boca de pessoas infectadas). A doença pode ou não causar paralisia infantil, onde os membros inferiores são os mais acometidos.

O Ministério da Saúde reforça que a vacinação é a única forma de prevenir a poliomielite. Todas as crianças menores de 5 anos devem ser imunizadas de acordo com o calendário de vacinação de rotina e também por meio de campanhas anuais. O esquema vacinal consiste em três doses da vacina injetável (aos 2, 4 e 6 meses de idade) e duas doses de reforço com a vacina oral bivalente, conhecida como gotícula.

Diante da queda das coberturas vacinais, o Ministério da Saúde vem realizando a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, iniciada em 8 de agosto. A campanha teve que ser estendida por causa da baixa adesão. A meta é vacinar 95% das crianças menores de 5 anos.

O gerente da Vigilância Sanitária, Orlei Cardoso, diz que o Estado já está em sua terceira prorrogação da campanha e acredita que um dos motivos da queda na adesão das famílias são as fake news.

“Seguimos a orientação do Ministério da Saúde. Estamos colocando nossas equipes em campo e trabalhando no papel do Estado, que é distribuir as vacinas o mais rápido possível para todas as regiões. Mas notamos que o nó crítico é essa questão das informações falsas, as chamadas fake news, que chegam mais rápido do que as informações sobre a importância da vacina. Mas não vamos desistir.”

intertítulo grandes riscos

Orlei destaca ainda que o estado não tem nenhum caso de Poliomielite desde 1987, mas que corre grande risco se não conseguirmos manter a cobertura vacinal acima de 95%. Ele também diz que desde 2016 a adesão às vacinas diminuiu, mas nos últimos dois anos o déficit foi maior.

“Até 2016, a cobertura era facilmente alcançada. Em um dia D, até 70% do público foi alcançado. A partir de 2016 começamos a sofrer quedas, mas ainda atingimos números superiores a 90%. Mas os últimos dois anos tornaram nossa cobertura vacinal um pouco mais difícil, em relação a todas as vacinas, não apenas à poliomielite”, disse ele.

Para a professora e epidemiologista que integra a assessoria técnica do Plano Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, é fundamental conseguir manter uma alta cobertura vacinal, chamada imunidade de rebanho, para que mesmo com a entrada ou circulação do poliovírus é possível impedir a introdução da doença.

“Ainda não temos transmissão do vírus no Brasil, mas temos condições para que isso aconteça. Quais são essas condições? Baixa cobertura vacinal. Então, temos muitas pessoas suscetíveis a desenvolver a doença em caso de introdução do vírus”, diz o epidemiologista.

Reintrodução da paralisia infantil

A taxa de crianças vacinadas contra a poliomielite vem diminuindo ano a ano. A última vez que o Brasil conseguiu ultrapassar a meta de 95% de vacinados, considerada ideal, foi em 2015. No ano passado (2021), o percentual foi de apenas 69%.

“Por esse motivo, o Ministério da Saúde realizou uma campanha de vacinação, cujo objetivo principal era regularizar o calendário de vacinação das crianças que não tomaram a dose contra a poliomielite no prazo. No entanto, a campanha não teve a adesão esperada, atingindo apenas metade das crianças. Essa situação exemplifica o grande desafio que temos enfrentado, já que vários países da Europa e da África estão registrando surtos do vírus da poliomielite, causador da doença conhecida como paralisia infantil”, destaca Antônio Condino-Neto, presidente do Departamento de Imunologia da Sociedade. Sociedade Brasileira de Pediatria e Coordenador do Laboratório de Imunologia Humana do ICB-USP.

Ela afirma ainda que a baixa cobertura vacinal entre as crianças pode ser responsável pela reintrodução da paralisia infantil em nosso país e que esse cenário se estende a outras doenças praticamente eliminadas, mas que têm grande chance de retornar em um futuro muito próximo, caso a situação ocorra. não mude. Estes são tétano, difteria e tuberculose.

Orlei Cardoso destaca que alguns municípios do Espírito Santo têm buscado ativamente essas crianças, indo a bairros menores onde não há postos de vacinação e às escolas municipais, mas a adesão não tem sido satisfatória. “Às vezes você tem adesão muito baixa porque o problema está na raiz, na autorização da vacina. Os municípios levam as vacinas às escolas e nem todos os pais assinam a liberação. Então, na maioria das vezes, o pai que não leva a criança ao posto de saúde para vacinar, também não autoriza a vacina na escola”.

Dia D contra a poliomielite

No dia 22, para atingir a meta de crianças vacinadas, a Secretaria de Saúde do Espírito Santo realizará mais um Dia D, onde pais ou responsáveis ​​de crianças menores de cinco anos que não puderem levar seus filhos para vacinar em dias de semana terão a oportunidade no sábado aproveitar a imunização.

As salas de vacinação em todos os municípios capixabas estarão abertas das 8h às 17h, para receber as crianças que estão imunizadas contra a poliomielite em atraso.

“A situação do Espírito Santo não é diferente da situação do Brasil. Temos pouco mais de 60% de cobertura vacinal e nossa meta é 95%. Então precisamos de um esforço maior para completar esse calendário vacinal, atingir a meta e deixar nossas crianças mais seguras, já que essa doença não tem cura e não tem tratamento, só existe vacina para prevenir”, finaliza Ethel.

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