Nesta quarta-feira (12) de outubro marca-se a Conscientização da Artrite Reumatoide (AR), doença autoimune e crônica que acomete as articulações causando fortes dores e que pode causar desgaste ósseo, limitações físicas e até mesmo comprometimentos psíquicos como transtornos de ansiedade e depressão, causados principalmente devido ao fator incapacitante da doença. Conhecer mais sobre a trajetória do paciente com AR no Brasil é importante para compreender os principais obstáculos enfrentados durante essa jornada desafiadora e dolorosa. É assim que o paciente define sua luta até ser diagnosticado e chegar ao tratamento adequado. Esse processo, que em alguns casos pode levar anos, acaba tendo forte impacto na qualidade de vida das pessoas com AR.
É importante estar atento aos principais sintomas para não demorar a procurar o médico. “Entre eles destacam-se: dores intensas, inchaço e vermelhidão nas articulações, principalmente nas mãos, e dificuldade para se movimentar ao acordar, com duração de pelo menos uma hora. Os sintomas também podem aparecer separadamente”, diz o reumatologista Thiago Ferreira da Silva. O especialista responsável pelo tratamento da AR é o reumatologista, peça fundamental na jornada do paciente, que já derruba um dos mitos que cercam a doença, como o de que um reumatologista só cuida de idosos. Outro mito a ser desmascarado é que a AR é uma doença de idosos. A prevalência da doença é duas a três vezes maior em mulheres e os primeiros sintomas costumam aparecer entre os 30 e 40 anos de idade.
Esses mitos podem desafiar o paciente na busca pelo diagnóstico precoce, tratamento adequado e conquista de uma melhor qualidade de vida, sem dor. Conheça alguns deles:
“DOR QUE TODO MUNDO TEM, É NORMAL”
Pensar que é normal e se acostumar com a dor é o sintoma mais comum e latente da AR, sendo um dos maiores mitos. “Isso acontece tanto com quem já teve o diagnóstico, quanto com quem ainda não foi diagnosticado. Além disso, conviver com a dor é deixar de buscar qualidade de vida, arriscando a liberdade de movimento”, afirma Thiago. A busca por mais qualidade de vida para o paciente envolve também o médico, sabendo o que há de mais inovador para tratar a doença e ajudando a agilizar o diagnóstico.
“REUMATOLOGISTA É MÉDICO PARA IDOSOS”
A percepção de que a AR afetaria exclusivamente os idosos é um dos mitos frequentes sobre a doença, contribuindo para o atraso no diagnóstico . Os primeiros sintomas geralmente se manifestam em plena idade produtiva, ameaçando o desempenho das atividades diárias e a vida profissional e social do paciente.
“AR É UMA DOENÇA DAS ARTICULAÇÕES”
“A Artrite Reumatoide é uma doença sistêmica, ou seja, afeta todo o corpo humano, e não apenas um órgão ou região, e causa efeitos variados. Também é autoimune e outras doenças desencadeadas pelo mesmo mecanismo são mais frequentes nesses pacientes quando comparados aos que não têm a doença. Por isso, também estão associados a algumas comorbidades”, explica o especialista.
Por exemplo, não é incomum que um paciente tenha artrite reumatóide e tireoidite de Hashimoto. Outra complicação comum em pacientes com artrite reumatoide são as doenças relacionadas à deposição de placas de gordura (colesterol) nos vasos sanguíneos. Assim, podem ocorrer doença cardíaca coronária, aterosclerose nas artérias carótidas, doença vascular periférica e acidente vascular cerebral, especialmente do tipo isquêmico. Outras condições mais comuns em pacientes com artrite reumatóide são insuficiência cardíaca congestiva, diabetes mellitus tipo 2, osteoporose e distúrbios lipídicos (colesterol, HDL e triglicerídeos).
“A presença de comorbidades em pacientes com artrite reumatoide é importante, pois podem aumentar ainda mais a chance de infarto do miocárdio e/ou acidente vascular cerebral, com consequente aumento de incapacidade e mortalidade, caso essas doenças concomitantes não sejam reconhecidas e tratadas adequadamente. Por isso, uma abordagem multidisciplinar é essencial”, acrescenta o especialista.
“AR NÃO É SOBRE SAÚDE MENTAL”
O afastamento das atividades sociais, a interrupção das práticas esportivas e o impacto na vida profissional também podem impactar na saúde mental dessas pessoas. Essas informações corroboram os achados científicos que reforçam a ligação entre a doença e a depressão, por exemplo. Estudos mostram que a prevalência de transtornos depressivos em pessoas com a doença varia entre 13% e 47%, de acordo com o tamanho e as características das populações analisadas.
Alguns estudos apontam que a depressão teria efeito direto sobre as citocinas, substâncias que estimulam o processo inflamatório relacionado à artrite reumatoide. Um artigo recente publicado na Arthritis Care & Research diz que 1/3 dos adultos americanos com artrite, com mais de 45 anos de idade, relatam ansiedade ou depressão. O trabalho destaca que a ansiedade é quase duas vezes mais comum que a depressão entre os pacientes artríticos. “Por isso é muito importante incentivar o atendimento multidisciplinar do paciente reumático, com muita atenção à saúde mental. Vale destacar que o transtorno mental também pode interferir na adesão ao tratamento, agravando a situação”, afirma Thiago. Há também um grande impacto no trabalho. A dor intensa e a perda de autonomia interferem fortemente na vida profissional: um terço das pessoas com AR tem afastamento do trabalho nos primeiros 5 anos.
TENHO MEDO DE USAR DROGA BIOLÓGICA
Segundo especialistas, o tratamento com imunobiológicos é um avanço na área da saúde para tratar doenças autoimunes, podendo trazer mais qualidade de vida ao paciente. A maioria deles é administrada com segurança por via intravenosa ou subcutânea. O paciente recebe a medicação em regime ambulatorial e pode continuar com suas atividades diárias. “Podemos concluir que o diagnóstico tardio é prejudicial porque adia, consequentemente, o início do tratamento, o que pode impactar fortemente no dia a dia do paciente, desde a realização das atividades mais básicas como alimentação, limpeza, trabalho, até o convívio. com os amigos”, conclui o reumatologista.
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