Hoje em dia, todo mundo parece querer um soulslike para chamar de seu, e o pessoal da ACME Studios também parece ter entrado em Asterigos: Curse of the Stars. Publicado pela tinyBuild Games para PC, PS5, PS4, Xbox One e Xbox Series, o jogo surpreende com seus belos gráficos e polimento.
Asterigos: Curse of the Stars conta a história de Hilda, uma guerreira pertencente à Legião do Norte, liderada por seu pai. Desde a morte do irmão, o pai de Hilda costuma mantê-la afastada dos campos de batalha porque também teme perder a filha, o que só a faz enfrentar desafios cada vez mais complicados. Depois que a Legião desaparece, Hilda decide tentar localizá-los, mas acaba na lendária e decadente cidade de Aphes.
Conta-se que há muito tempo, Aphes foi amaldiçoado por Asterigos, que apesar de ter dado a vida eterna a todos os seus habitantes, fez com que destruíssem a cidade em busca de Star Dust – a moeda do jogo.
No início do jogo Hilda descobre que precisa recuperar algumas de suas armas para completar seu arsenal pessoal. Ao todo, são seis deles: espada e escudo, punhais, martelo, lança, pulseiras e cajado, que permitem ao jogador encontrar o estilo de luta que mais lhe convier. Apesar de todas as mecânicas baseadas no gênero soulslike, esse aspecto específico lembra muito Monster Hunter, pois você pode focar apenas nas armas que mais gosta e tornar seu estilo de combate extremamente personalizado.
A principal diferença entre Asterigos: Curse of the Stars e outros jogos soulslike é que Asterigos possui uma grande árvore de talentos que serve para tornar o combate mais dinâmico com uma série de habilidades para cada arma. Essas habilidades por si só já servem para despertar o interesse do jogador em focar em uma arma específica, ao mesmo tempo em que já determinam um ótimo fator de replayability, para tentar desbloquear tudo.
Com o background estruturado, podemos falar mais sobre a mecânica do jogo. Apesar de ter uma jogabilidade muito polida no que diz respeito ao combate e a presença da árvore de habilidades, Asterigos: Curse of the Stars não pode ser considerado um jogo incrível em todos os aspectos.
O combate parece se esforçar para entregar golpes precisos, combos e tudo, mas está longe de ser comparável a Dark Souls. Ainda assim, a presença de habilidades para cada arma torna a experiência interessante, já que Asterigos: Curse of the Stars acaba apresentando uma novidade em meio a uma mecânica de “batida” e que pode não impressionar facilmente se não apresentar nada de interessante.
O visual também chama a atenção por ser extremamente bonito e vibrante. Não apenas Hilda, mas todo o cenário de Aphes e seus arredores parecem ter sido projetados nos mínimos detalhes. Apesar das paredes que delimitam o mapa, o jogo não parece um cenário fechado e em termos de construção do mapa, Asterigos: Curse of the Stars também merece ser elogiado.
Logo no início da jornada de Hilda, você já pode ver como a construção do mapa e suas conexões são um dos destaques do jogo. Como em todos os jogos soulslike, não espere um mapa detalhado no HUD ou muitas direções. Cabe ao jogador memorizar os caminhos e encontrar uma maneira de se encontrar pelo labirinto de ruas e masmorras da cidade.
A animação em geral também é muito bonita, mas como mencionado anteriormente, em combate deixa um pouco a desejar. Sinceramente, não sei dizer se isso é um demérito do jogo ou um incômodo de quem te escreve – já que não tenho predileção pela proposta que Asterigos: Curse of the Stars apresentou, de misturar um visual lúdico com mais realista combate. Mas isso é algo que o jogador poderá vivenciar e formar sua própria opinião.
É certo que Asterigos: Curse of the Stars se baseou em várias inspirações para construir seu enredo, mapa, personagens e combate. Algumas mixagens funcionaram melhor que outras, mas o principal desafio provavelmente foi criar algo que fizesse sentido e não apenas um emaranhado de conceitos. Nesse aspecto, a ACME Studios também está de parabéns, pois criaram algo tão único em termos de enredo e visual que o jogo se destaca.
Aphes tem um visual todo baseado na mitologia grega e romana, algo que lembra muito Immortals Fenyx Rising da Ubisoft, só que com um ar menos infantil e sério. Alguns chefes são totalmente diferentes desse amálgama lúdico, porém, outros são tão bem desenvolvidos que se alguém me dissesse que eles realmente fazem parte da mitologia grega ou romana, eu acreditaria.
Confesso que Asterigos: Curse of the Stars acabou me surpreendendo positivamente nas primeiras horas do jogo. Primeiro porque não depositei muita fé no jogo e esperava algo superficial, sem polimento e desinteressante. Os primeiros momentos foram menos assim, principalmente pela quantidade de falas e pensamentos expressos por Hilda e o início fraco baseado em pegar suas armas depois de ter passado um tempo nos arredores de Aphes.
Mas logo após esse começo fraco e chato, Asterigos: Curse of the Stars dá uma guinada drástica e mostra para que veio. Primeiro o jogo começa mostrando que de fato tem fortes inspirações no gênero soulslike, não só no combate mas na construção do mapa. Em seguida, ele se esforça e até incentiva o jogador a testar todas as armas disponíveis e suas combinações, até encontrar a que funciona melhor para seu estilo de jogo. Por fim, apresenta a primeira luta contra o chefe, que sinceramente achei sensacional.
Logo depois, Asterigos: Curse of the Stars se perde no que achei ser sua maior falha: o excesso de informação. Enquanto a maioria dos jogos do gênero oferece informações coesas em pequenos fragmentos, seja por meio de textos e notas espalhadas pelo mapa, ou no detalhamento de itens e armas, Asterigos: Curse of the Stars implode sob uma imensa quantidade de texto, fala e cutscenes.
É perceptível que o objetivo era demonstrar que Asterigos: Curse of the Stars tem uma história para contar, mas a forma como a história é contada satura muito rapidamente. Os próprios pensamentos e palavras de Hilda acabam atrapalhando a exploração, pois você acaba não sabendo o que priorizar: se memorizar o mapa à sua frente, ou ouvir o protagonista na tentativa de não perder nada.
Para um jogo que se propõe a apresentar um enredo que terá seu desfecho decidido pelo próprio jogador, espera-se que o enredo seja apresentado de uma forma mais interessante, ou que seja apresentado de uma forma de fácil assimilação. Asterigos: Curse of the Stars exagera a quantidade de informação nas primeiras horas e me fez perder o interesse em continuar rapidamente.
No final, não posso dizer que Asterigos: Curse of the Stars é um jogo ruim. No entanto, acredito que seja o tipo de jogo que não empolga tanto quanto promete. Se eu não tivesse que fazer a revisão, provavelmente só jogaria novamente quando tivesse vencido meu backlog pessoal. É um trabalho primoroso de um estúdio independente, mas seu brilho às vezes é ofuscado por sua própria complexidade.
Resumo para os preguiçosos
Asterigos: Curse of the Stars é o resultado de um projeto ambicioso de uma pequena desenvolvedora que surpreende pela cortesia e visual. O combate e a mecânica são fortemente inspirados no gênero soulslike, enquanto os visuais e o enredo têm suas raízes na mitologia greco-romana. Mesmo oferecendo uma experiência divertida, o jogo não fica tão emocionante quanto deveria e às vezes acaba implodindo devido à sua própria complexidade.
Nota final
prós
- Belos visuais e animações;
- Mapas bem construídos;
- Árvore de habilidades e combate com várias armas
Contras
- Excesso de texto, fala e cutscenes;
- A animação de combate deixa a desejar.
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