Cefaleia tensional: como definir, classificar e tratar

A cefaleia tensional é um dos distúrbios neurológicos mais prevalentes em todo o mundo. É um tipo de cefaleia caracterizada, geralmente, por ser bilateral, muitas vezes descrita com tipo faixa de chapéuem pressão, com intensidade leve a moderada e sem sintomas associados (como náuseas ou fobias sensoriais).

para revista Nature Reviews Cartilhas de Doenças trouxe um revisão muito completo sobre esse tema em 2021, no qual trazemos os destaques sobre classificação e tratamento dessa condição. Nesse sentido, a definição de cefaleia tensional, segundo a ICHD-3, é:

Duração

30 minutos a sete dias

Pelo menos duas das quatro características

Localização bilateral

Qualidade na pressão ou no aperto

Intensidade leve ou moderada

Não agravado por exercícios de rotina, como caminhar

Sintomas associados

Ausência de náuseas ou vômitos

Não há relatos de fobias sensoriais

Cefaleia tensional como definir, classificar e tratar

Classificação da cefaleia tensional

  • Cefaleia do tipo tensional episódica pouco frequente: episódios de cefaleia que ocorrem até um dia por mês, com média < 12 dias por ano.
  • Cefaleia tensional episódica frequente: episódios de cefaleia que ocorrem entre um e 14 dias por mês, com média entre 12 e 180 dias por ano.
  • Cefaleia tensional crônica: episódios de cefaleia ocorrendo > 15 dias por mês, com média > 180 dias por ano.

Leia também: Dor de cabeça do viajante: prevalência, características clínicas e diretrizes de tratamento

opções de tratamento

Tratamento farmacológico abortivo

UMA Força-Tarefa da Federação Europeia de Sociedades Neurológicas (EFNS-TF) orienta, para tratamento na fase aguda desse tipo de cefaleia, uso oral de ibuprofeno, cetoprofeno, naproxeno e diclofenaco com recomendação de nível A.

Há estudos que também mostram melhora desse tipo de dor com o uso de analgésicos combinados com cafeína. Uma meta-análise fornecida por Diener e colegas em 2014 demonstrou que a combinação de analgésicos como aspirina e acetaminofeno com cafeína foi superior à monoterapia com acetaminofeno ou placebo. Os principais eventos adversos relatados nessas combinações foram nervosismo (em 6,5% dos participantes), náusea (4,3%), desconforto abdominal (4,1%) e vertigem (3,2%).

Além disso, vale ressaltar que a cefaleia rebote após a retirada da cafeína é uma possibilidade a ser considerada e, portanto, seu uso requer certa cautela. A EFNS-TF recomenda o uso oral de analgésicos contendo cafeína com nível de recomendação B.

É importante enfatizar que os opioides (risco de cefaleia por abuso de analgésicos e potencial uso indevido de drogas) e triptanos (nenhum benefício demonstrado em ensaios clínicos para cefaleia tensional) devem ser evitados.

Tratamento farmacológico preventivo

A profilaxia da cefaleia tensional deve ser considerada apenas para pacientes com cefaleia tensional episódica frequente ou cefaleia tensional crônica.

A duração da terapia profilática ainda é um dilema. Para os indivíduos acometidos por essa condição que apresentam excelente resposta à terapia profilática (redução dos dias de cefaleia em torno de 50-75%), recomenda-se pausar este tratamento após 3-6 meses e acompanhamento para avaliar a recorrência das crises.

Vale ressaltar que a duração desse tratamento pode ser maior em casos de pacientes com comorbidades, como presença de depressão e transtornos de ansiedade.

Dito isto, quais medicamentos podem ser considerados para a profilaxia da cefaleia tensional?

▪ Amitriptilina: existem extensos estudos que demonstram a eficácia desta droga na prevenção da cefaleia tensional. De acordo com a EFNS-TF, existe nível de recomendação A para o uso desse medicamento. É considerado um tratamento de primeira linha, mas é necessário enfatizar alguns cuidados em relação aos seus eventos adversos, como: sedação, retenção urinária, alterações na condução cardíaca, hipotensão postural e comprometimento cognitivo.

▪ Mirtazapina: o uso deste medicamento tem nível de recomendação B de acordo com o EFNS-TF. Embora seu mecanismo de ação para o tratamento dessa condição permaneça pouco compreendido, existem estudos com ensaios clínicos randomizados que apoiam o uso dessa droga. Embora geralmente seja mais bem tolerado que a amitriptilina na população idosa, é importante ter cautela quanto a eventos adversos, como sonolência e ganho de peso.

▪ Venlafaxina: existem poucos estudos com a venlafaxina para cefaleia tensional, tendo, portanto, recomendação de nível B de acordo com o EFNS-TF. É um medicamento interessante por ter uma tolerância maior que a classe dos tricíclicos.

▪ Outros agentes: a tizanidina (miorrelaxante) foi testada como profilática para cefaleia tensional em alguns estudos com resultados contraditórios – vale ressaltar que o estudo negativo pode ter provavelmente esse resultado devido a uma forte resposta do grupo placebo . Assim, o uso desta droga na prática clínica pode ser uma possibilidade quando outros agentes falham.

terapias não farmacológicas

Todos os indivíduos com cefaleia tensional se beneficiam de medidas não farmacológicas. As diretrizes da EFNS ainda orientam que, quando possível, essas medidas sejam implementadas antes mesmo da terapia farmacológica.

As terapias não farmacológicas devem ser consideradas com base em evidências, preferências do paciente e também em situações em que as opções farmacológicas possam ser contraindicadas (por exemplo, gravidez e lactação).

Essas terapias incluem: terapias comportamentais (TCC, biofeedback e terapia de relaxamento), medicina integrativa (acupuntura e massoterapia) e melhora nos hábitos de vida (como rotina de sono, alimentação saudável, hidratação e atividade física regular).

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