A asma é uma doença heterogênea caracterizada por obstrução reversível das vias aéreas. Cerca de 60% dos pacientes são pouco aderentes à terapia inalatória, o que leva a falhas progressivas do tratamento. Em nosso país, estima-se que cerca de 3% dos casos sejam de asma grave. Avanços recentes no entendimento da fisiopatologia da doença possibilitaram um melhor entendimento e manejo dos casos, principalmente no reconhecimento das vias envolvidas nos endótipos e diferentes fenótipos da doença.
A asma pode ser dividida em asma de difícil controle e asma grave. A asma de difícil controle (DCA) é aquela que sofre interferência de diversos fatores para alcançar o controle ideal. Dentre esses fatores podemos citar a presença de comorbidades como rinite alérgica, doença do refluxo gastroesofágico e obesidade que, se não tratadas e controladas, podem levar ao não controle da doença e sucessivas tentativas de aumento da dose da terapia inalatória, bem como o uso frequente de corticosteróides orais nas exacerbações.
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Outro fator contribuinte é a má adesão ou adesão errada ao dispositivo inalatório. Não existe dispositivo ideal e deve ser adequado para cada paciente e a técnica deve ser revisada em todos os retornos. As exposições ambientais e ocupacionais interferem diretamente no controle da asma, como tabagismo ativo e passivo, locais de maior poluição do ar e alérgenos animais e vegetais.
Abordar e controlar esses fatores são fundamentais para o manejo de pacientes asmáticos. A espirometria é útil para confirmar o diagnóstico. Após a exclusão dos fatores supracitados, se o paciente ainda apresentar sintomas da doença, pode ser classificado como asmático grave.
A avaliação do controle da asma deve ser realizada em todas as consultas, perguntando sobre o uso de broncodilatadores duas ou mais vezes na semana, presença de sintomas respiratórios duas ou mais vezes na semana, despertares noturnos e limitação de atividades por sintomas da doença. . Qualquer um desses fatores relatados pelo paciente deve nos fazer pensar em asma não controlada.
A corticoterapia inalatória ainda persiste como a base do tratamento. Pacientes com poucos sintomas podem usar medicamentos apenas sob demanda, como a combinação de formoterol e budesonida. As doses de medicamentos podem ser aumentadas para controlar a doença. É importante lembrar que o uso isolado de broncodilatadores de curta duração não é mais recomendado, pois está associado a maiores exacerbações e maior mortalidade.
Todas essas etapas devem ser reforçadas em todas as consultas de acompanhamento, e o tratamento pode ser reduzido após três meses de estabilidade dos sintomas. O uso contínuo de corticosteroides orais não deve ser incentivado devido ao perfil de efeitos colaterais e ao surgimento de novos imunobiológicos para o tratamento da asma.
Mensagens práticas:
- A asma pode ser avaliada por meio de perguntas simples como a quantidade de medicação utilizada, a presença de sintomas e despertares noturnos;
- A confirmação do diagnóstico e a revisão das comorbidades e exposições são fundamentais antes de considerar o aumento ou associação de terapias inalatórias;
- Doses de medicamentos sob demanda, como formoterol e budesonida, podem ser utilizadas, bem como a manutenção caso o paciente não consiga o controle da doença.
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