Conviver com animais traz benefícios importantes na vida das crianças

Sou Ziegler/Pexels

É uma forma de vivenciar o mundo físico e social, estimulando as habilidades motoras e cognitivas e, ao mesmo tempo, reduzindo os problemas emocionais por meio do vínculo afetivo com o animal.

Segundo Danielle H. Admoni, Psiquiatra Geral da Infância e Adolescência, preceptora da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM) e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria); desenvolvimento infantil é dividido em crescimento
biológico (aspecto físico) e o desenvolvimento de competências e habilidades (cognitivas, emocionais e sociais).

“Apenas 30% do desenvolvimento infantil é genético e 70% depende de estímulos externos (brincadeiras, atividades e exercícios), principalmente até os 3 anos de idade. Quanto mais estímulos ao cérebro, mais conexões neurológicas são formadas, e a espontaneidade na relação da criança com os animais favorece essa evolução em várias esferas”, diz o psiquiatra.

Estudos mostram que crianças com animais de estimação desenvolvem benefícios nas seguintes áreas:

benefícios físicos

Um estudo publicado no American Journal of Public Health por pesquisadores de St. George, em Londres, Reino Unido, mostrou que as crianças que interagem com seu animal de estimação tendem a não desistir facilmente de atividades que consideram difíceis. Junto com o animal, a criança tenta novamente, com persistência, até atingir seu objetivo, de uma forma que nenhum programa de televisão, jogo, videogame ou brinquedo conseguiu estimular.

“Além disso, as crianças que interagem com os animais apresentam maior desenvolvimento motor, incentivando a realização de atividades de coordenação motora global (engatinhar, ficar de pé, andar, equilibrar-se, correr, subir e descer escadas) e atividades de coordenação motora fina (desenhar, pintar, segurar). pequenos objetos)”, reforça o psiquiatra.

benefícios psicológicos

Um estudo realizado pela Universidade de Oklahoma e publicado no site do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), nos Estados Unidos, acompanhou 643 crianças de 4 a 10 anos durante 18 meses e concluiu que crianças que convivem com animais são menos propensos a sofrer de ansiedade infantil.

Outra pesquisa, realizada pelo The Human Animal Bond Research Institute (HABRI), nos Estados Unidos, mostrou que 74% das crianças com animais de estimação apresentam maior bem-estar mental.

“Cuidar de um animal de estimação (alimentar, educar, treinar) ajuda a distrair a mente, tirando o foco dos pensamentos negativos. Isso faz com que a criança se sinta mais segura, confiante, útil, valorizada e
importante, ajudando na autoestima”, destaca Danielle Admoni.

Além disso, o animal de estimação ajuda a criança a se sentir competente e responsável, de forma muito mais eficaz do que realizar tarefas cotidianas. Os animais proporcionam experiências que envolvem
paciência, autocontrole, respeito e autonomia.

Benefícios sociais

De acordo com um estudo da Universidade de Cambridge, crianças que têm um forte vínculo com animais de estimação ajudam mais os outros, aprendem a compartilhar e interagir mais. A pesquisa analisou o comportamento de crianças de 2 a 12 anos.

Segundo o psiquiatra, quando uma criança convive com um animal, ela aprende a ler o corpo, elemento fundamental para a empatia (capacidade de entender o sentimento ou a reação do outro). Assim, ela passa a ver os outros com mais facilidade, como alguém com características e sentimentos diferentes dos seus.

“Isso estimula a criança a não ser egoísta, a não olhar apenas para si mesma, tornando-se um ser humano mais sociável, compreensivo e empático. O animal também favorece a aproximação entre as pessoas. Crianças mais tímidas, diante de situações novas e com pessoas desconhecidas, tendem a se fechar. A presença do bichinho tira o foco da atenção da criança, fazendo com que ela se sinta mais relaxada e segura para se relacionar com os outros”.

benefícios cognitivos

O processo de cognição envolve o desenvolvimento da linguagem, pensamento, raciocínio, memória, atenção, percepção e imaginação. É nesta área de desenvolvimento que a criança percebe o ambiente externo em que vive e em que interagimos. Esse processo passa por fases, e a transição de uma para outra depende dos estímulos que a criança recebe e de sua própria reação a esse novo conhecimento.

Pesquisa da Academia Americana de Neurologia mostra que crianças que interagem constantemente com animais têm maior desenvolvimento cognitivo, pontuam mais alto em testes de QI (Quociente de Inteligência), melhoram o desempenho de leitura e têm mais criatividade.

“Vale lembrar que também haverá situações em que a criança poderá sentir raiva ou frustração se o animal não obedecer ou morder suas coisas. Sua primeira reação provavelmente será querer bater ou gritar. É aqui que os adultos devem interceder e explicar que o animal não sabe o que está fazendo e orientar a criança para que aprenda a lidar com isso com respeito e dedicação”, finaliza Danielle Admoni.

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