Segurança e cuidado são necessidades que permanecem ao longo da vida, sendo mais frequentes em momentos de vulnerabilidade, como o adoecimento. Para que haja um cuidado efetivo, é importante que haja uma conexão entre a equipe de saúde e as necessidades do paciente e, neste caso, as atitudes são mais relevantes do que as palavras, destacando:
- Aceite a história do indivíduo com os sentimentos e dificuldades que ele tem;
- Tenha curiosidade e interesse em saber o que ele te conta, afinal, é ele quem conhece seu próprio corpo e sua própria história. As respostas não devem ser presumidas;
- Ser empático;
- Aprender a ouvir, acolher e respeitar valores de pacientes/familiares diferentes dos seus como profissionais;
- Expressar emoções de forma suave e conectada, buscando prazer na relação com o cuidado.
O profissional de saúde também merece cuidados
A equipe de saúde, ao escolher o hospital como ambiente de trabalho, lida com duas experiências antagônicas: por um lado, vivenciar a vulnerabilidade ao se aproximar de contextos permeados por sofrimentos de diferentes naturezas e finitude; por outro lado, a satisfação em oferecer conforto ao paciente. Além disso, o profissional de saúde é visto pelo paciente e sua família como aquele que restabelecerá sua segurança e saúde, diminuindo o sentimento de vulnerabilidade e sofrimento que vivenciam.
Nessa conjuntura, o cuidado pode despertar diferentes sentimentos entre os profissionais de saúde. Na frente de um doença grave, paciente e familiares tendem a ficar inseguros e aumentam a demanda pelo profissional. Por sua vez, isso gera grande sobrecarga física e emocional, o que pode interferir diretamente na disponibilidade desse profissional para essa relação de cuidado, principalmente o médico não ter uma autopercepção dessa sobrecarga.
Diante disso, quem ou o que pode apoiar o profissional de saúde quando ele se sente ameaçado, impotente e fragilizado diante da tarefa de cuidar?
Garantia do cuidador
Ferramentas de tranquilização para o profissional de saúde podem auxiliá-lo nesses processos de vulnerabilidade relacionadas ao ato de cuidar, como:
- Conhecimento técnico: a base técnica proporciona melhor atendimento.
- Conheça sua própria história: ao refletir sobre sua própria forma de enfrentar as situações de adoecimento/morte, entendendo que essa forma não será necessariamente a mesma para o paciente e seus familiares.
- Reconhecimento da cultura e significado da morte para si, para o paciente e seus familiares, sem críticas ou julgamentos: afinal, crenças diferentes podem trazer conflitos se não forem respeitadas.
- Equipe: é ideal no processo de cuidar uma relação entre a equipe de saúde de confiança e troca, tanto na tomada de decisão técnica quanto no compartilhamento de sentimentos difíceis.
- Discuta e fale sobre o luto: é saudável o profissionais de saúde reconhecer lutos vivenciados durante o trabalho que, por vezes, não são reconhecíveis, como: luto pela morte do paciente ou pela relação estabelecida com ele e sua família.
- Mantenha constante o exercício de não entrar em funcionamento automático durante o atendimento: este fato pode evitar alto nível de estresse e colapso.
- Lembre-se do propósito do cuidado: promover o controle da situação e adaptação ao adoecimento, gerando menos desconforto, físico e emocional, para o paciente, diante da finitude.
- Avalie constantemente a disponibilidade emocional para o cuidado: é difícil realizar um bom cuidado se houver comprometimento da disponibilidade emocional para fazê-lo. Um exemplo disso seria cuidar de um paciente com câncer pancreático depois que um ente querido morreu recentemente da mesma doença.
- Reação à raiva, comportamento agressivo ou reatividade do paciente: Os pacientes podem mostrar um comportamento rude diante do medo ou raiva se aproximando da morte. Ao invés de reagir, a recomendação é reconhecer sua emoção, acolher e reforçar o compromisso de cuidar dele.
melhorando o atendimento
A melhor forma de melhorar o atendimento é por meio da atualização técnica e do autocuidado. Além disso, reconhecer a própria vulnerabilidade é o que possibilita identificar recursos e potencialidades para lidar com a escolha de atuar na área da saúde. Construir um senso de equipe é outro ponto relevante, por isso pedir e oferecer ajuda fazem parte da cultura de trabalho.
mensagens finais
- A atualização profissional é um grande redutor de angústias ao proporcionar maior confiança no trabalho realizado;
- O autocuidado, com foco em atividades que proporcionem seu bem-estar, é importante para ajudar a reduzir a carga física e emocional associada ao processo de cuidar;
- As instituições devem contemplar a formação profissional, não apenas em nível técnico, mas também em nível emocional, estimulando o autoconhecimento e reflexões sobre sua própria história de vida, para uma melhor abordagem dos profissionais que atuam na rede de atenção.
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