Aumento de internações por trombose causa preocupação. O diagnóstico rápido é essencial e previne a progressão da doença
Por: Via de comunicação
A trombose é caracterizada pela formação de um coágulo – geralmente nas pernas ou na pelve – que interrompe o fluxo de sangue e é a terceira causa de morte cardiovascular, perdendo apenas para o Infarto Agudo do Miocárdio e AVC. a principal causa evitável de morte intra-hospitalar. Segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular Nacional (SBACV), entre janeiro de 2012 e maio de 2022, mais de 425 mil brasileiros foram internados para tratamento, com média de 113 pessoas por dia na rede pública.
O tromboembolismo venoso ocorre com a falta de movimentação dos membros inferiores por períodos prolongados, o que é comum em ambientes de trabalho, durante longas viagens, em sedentários, em períodos de internação, pós-operatório e puerpério. Os riscos são ainda maiores em fumantes, em usuárias de anticoncepcionais e com o avançar da idade. Quando o trombo formado nas pernas se desprende e segue para o pulmão, ocorre a Embolia Pulmonar, o que dificulta a oxigenação e sobrecarrega o coração.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular – Regional São Paulo – SBACV-SP, Dr. Fabio H. Rossi, “quando a embolia é grande, o coração tem dificuldade de bombear sangue, pode dilatar, sofrer uma arritmia processo, causar infarto agudo e até parada cardiorrespiratória. Mesmo em casos menos perigosos, sequelas crônicas, como síndrome pós-trombótica e hipertensão pulmonar, podem ter consequências graves”.
Estudos recentes descobriram que 7% dos infectados com Covid-19 internados na enfermaria desenvolveram tromboembolismo venoso e afetaram 31% dos internados na UTI. (J Vasc Surg Lymphatic Venous fez 2022 9(21): 289-298). Houve uma verdadeira avalanche de casos durante a pandemia, que serviu para alertar os profissionais de saúde e a população, em geral, sobre a alta prevalência e sua gravidade. Mas mesmo fora do período de pandemia, o cenário é muito grave. Nos EUA e na Europa, a doença faz mais vítimas do que câncer de mama, câncer de próstata e acidentes de carro juntos (BMJ Qual Saf 2013; 22: 809-815).
Sua predominância e o número de internações variam consideravelmente entre as nações, e uma série de fatores pode influenciar nos resultados, como características genéticas, adesão à profilaxia e protocolos de prevenção, principalmente em pacientes hospitalizados, a forma como o diagnóstico é feito. e, sobretudo, a capacidade de notificar. Nos EUA, segundo dados oficiais, há uma média de 547.000 internações anuais em indivíduos maiores de 18 anos. O número de casos é maior se considerarmos que muitos são oligossintomáticos, ou seja, apresentam sintomas leves (Local).
No Brasil, segundo dados do Data-SUS, as internações vêm aumentando, totalizando 6.527 em 2021, mas esses números são muito baixos, mesmo levando em conta as diferenças populacionais, e que sete em cada dez brasileiros dependem do SUS.

Esses números são alarmantes, pois a falta de diagnóstico resulta na falta de tratamento, feito com o uso de anticoagulantes e impede a progressão e embolização do coágulo para o pulmão. A não realização do diagnóstico gera risco de morte, altas taxas de recorrência e necessidade de novas internações, aumento de custos e, sobretudo, impossibilidade de gerenciamento de recursos. Estudos indicam que em casos de morte por causa indeterminada, em 11% das autópsias realizadas, a embolia pulmonar é considerada a causa principal (Sweet PH 3rd, Armstrong T, Chen J, Masliah E, Witucki P. Fatal pulmonar embolism update: 10 years de experiência de autópsia em centro médico acadêmico. JRSM Short Rep. 2013 Jul 30;4(9):2042533313489824. doi: 10.1177/2042533313489824. PMID: 24040503; PMCID: PMC3767072.) “Apesar do aumento das internações relatadas, as taxas de hospitalização por tromboembolismo ainda são muito baixas em comparação com outros países civilizados”, alerta Dr. Fabio.
O principal problema em relação à busca de dados no Data-SUS é que só é possível com a inserção do CID principal. Assim, muitos casos de tromboembolismo que ocorrem durante a internação, período em que o risco de ocorrência é maior, acabam não sendo encontrados, e isso pode ser responsável pela baixa incidência de casos notificados no Brasil. “A SBACV-SP está atenta a esse grave problema de saúde pública e vem trabalhando em um projeto para tornar legal a notificação compulsória do tromboembolismo venoso. Além disso, estamos realizando uma série de eventos científicos e sociais para alertar a população e os profissionais de saúde sobre a necessidade de prevenção, diagnóstico e tratamento da doença”, comenta Dr. Fabio H. Rossi.
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