“É um aprendizado de força, luta e superação”, diz fisioterapeuta que atua há mais de dez anos na Rede Feminina de Brusque

Há mais de dez anos, a fisioterapeuta Adriana Helena da Silva atua na Rede Feminina de Combate ao Câncer em Brusque. A profissional de 49 anos atende muitos pacientes diariamente e se tornou referência na área por sua dedicação ao cuidado de cada um deles.

Adriana se formou em fisioterapia em 2001. É pós-graduada em fisioterapia e oncologia. No entanto, a história com a Rede Feminina começou quando a profissional passou a atender Lúcia Helena Borjas dos Santos, que foi presidente da entidade entre 2006 e 2007.

Lúcia lutava contra um câncer raro e Adriana cuidava dela em casa. Os dois ficaram amigos e a fisioterapeuta foi convidada a ser voluntária na Rede. “Comecei a frequentar grupos de apoio uma vez por semana como voluntária”, diz ela.

Na época, Adriana trabalhava como fisioterapeuta em outras localidades e também atuava como professora de educação especial e lecionava no Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja). Aliás, em 2004 e 2005 formou um grupo no bairro de Paquetá. “Tinha uns cinco empregos e ainda vinha para a Rede por algumas horas”, detalha.

Adriana foi voluntária por cerca de um ano. Em março de 2012, a então presidente, Shirley T. Belotto, compartilhou os planos de abrir o serviço de fisioterapia na entidade. “Ela veio à minha casa e me convidou para trabalhar aqui. Eu aceitei”, relata.

Infelizmente, Lúcia morreu em decorrência do tumor e Adriana reflete que sua inserção na entidade foi um dos legados da amiga. “Nunca tinha pensado antes de trabalhar com oncologia. Eu vim porque meu amigo me convidou. Adorei e comecei a gostar mais. Comecei a me envolver e estudar. Hoje não me vejo fora daqui, a Rede Feminina é minha segunda casa”, diz.

Aos poucos, o setor de fisioterapia ganhou força e a carga de trabalho de Adriana foi ampliada. A demanda aumentou e a Rede Feminina cresceu. Hoje, ela trabalha 30 horas semanais no local, que é a carga horária total permitida.

Com otimismo, conhecimento e simpatia, a presença de Adriana faz a diferença na vida de cada paciente que passa pela Rede Mulher. Apesar das situações, ela diz que as experiências resultam em muito aprendizado. “Eu aprendo com eles. Essas mulheres são muito fortes e muito guerreiras. Eles vão atrás, não desistem e têm muita força, é incrível. Parece que é uma energia que circula aqui”, diz ela.

“É um aprendizado de força, coragem, luta e superação. Na Rede Feminina você vê tudo, muitos pacientes que lutaram muito e morreram, outros que venceram a doença. Você vê muitas formas de olhar para o câncer e o voluntário faz parte desse processo. Um ajuda o outro”, completa.

trabalhar na recuperação

Luiz Antonello / O Município

Segundo a profissional, as pacientes procuram a Rede Feminina por conta do diagnóstico. “Eles querem saber o que precisa ser feito. Às vezes descobrem o câncer na Rede, por meio de mamografia e preventivo. Lá, eles procuram conhecer os primeiros passos. Então, começamos a fazer o pré-operatório, orientando e fazendo exercícios respiratórios para se preparar para a cirurgia”, explica.

No entanto, segundo ela, a maioria dos pacientes procura a entidade após a cirurgia, após serem encaminhados ao oncologista ou mastologista pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“Todo o tratamento é feito fora de Brusque, no Hospital Santo Antônio em Blumenau. Na maioria dos nossos casos eles chegam à fisioterapia após uma cirurgia de mama, como uma mastectomia radical”, continua.

O profissional auxilia os pacientes no tratamento de recuperação, incluindo a recuperação de possíveis sequelas, como o linfedema, popularmente conhecido como edema de braço. Outras mulheres não têm essa sequela, mas apresentam diminuição da amplitude de movimento, ou seja, afeta o movimento de um braço, por exemplo.

fortalecer a mente

Na Rede Feminina de Brusque, as pacientes também são acompanhadas por psicólogas. Semanalmente, são promovidos dois grupos de apoio: às segundas-feiras, com os que estão em tratamento; e às terças-feiras, o grupo de mulheres que já receberam alta do tratamento.

“Mesmo assim, eles podem procurar fisioterapia, porque às vezes há outra dor que não é por causa da doença. Aqui também podem fazer exercício, temos passadeiras e bicicletas. Tudo grátis”, destaca.

Adriana também destaca a importância dos voluntários cuidarem de sua saúde mental. “É uma preparação psicológica. O voluntário faz terapia, reza, tem fé e busca ajuda. No início é mais difícil lidar com essas situações. Os pacientes fazem parte de nossas vidas e todos sentem isso. Mas estamos cada vez mais fortes”, diz ela.

Mesmo com os desafios, o cotidiano da Rede Feminina fez muitas coisas mudarem na vida de Adriana. “Hoje estou preparado para enfrentar qualquer coisa e também penso diferente. Como já vi tantas coisas, acho que precisamos viver o hoje, o momento, porque não sabemos o amanhã. É uma experiência que me impulsiona e me dá força”, reflete.

Além disso, outra grande mudança é a adição de grandes amigos em sua vida. “A gente se aproxima muito dos pacientes e muitos deles se tornam nossos amigos. Outros que também querem ser voluntários também. Muitos trabalham em nosso brechó como voluntários. Criamos muitas amizades”, acrescenta.

história de dedicação

Quando não está atendendo, Adriana estuda novos tratamentos e busca cursos de aperfeiçoamento. O objetivo é aprofundar o conhecimento e trazer mais opções aos pacientes.

Na Rede Feminina, ela também faz projetos de captação de recursos para a entidade. Recentemente, um projeto resultou na compra de equipamentos a laser para tratamento de feridas e cicatrizes.

“Estamos sempre tentando trazer mais inovações, técnicas e recursos para oferecer melhores tratamentos. Aqui, as mulheres recebem tratamento VIP de graça. As mulheres precisam aproveitar esse serviço e saber que estamos disponíveis”, enfatiza.

Devido a um projeto recente, a Rede de Mulheres terá mais profissionais trabalhando. Por exemplo, Adriana dividirá os serviços com outra fisioterapeuta, o que resultará em aumento de atendimento.

“Vamos dobrar o atendimento de todas as especialidades e daremos mais oportunidades para mulheres de Brusque e região, pois atendemos muitas de Guabiruba e Botuverá. A gente quer que a mulher se cuide, que ela venha nos procurar, porque tem recursos. Estamos aqui para ajudar, auxiliar e aliviar a situação. Quanto mais cedo você descobre uma doença, mais chances você tem de se curar dela”, finaliza.

Outubro Rosa

O Outubro Rosa, um movimento internacional de conscientização para a detecção precoce do câncer de mama, foi criado no início da década de 1990.

Na época, o símbolo da prevenção do câncer de mama, a fita rosa, foi lançado pela Susan G. Komen Foundation for the Cure. Foi distribuído aos participantes da primeira Race for the Cure, realizada em Nova York (EUA), que hoje é realizada anualmente.

O objetivo do Outubro Rosa é divulgar informações sobre o câncer de mama e fortalecer as recomendações do Ministério da Saúde para prevenção, diagnóstico precoce e rastreamento da doença.

– Assista agora:
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