UMA fibromialgia É uma síndrome que afeta principalmente a musculatura, causando dor e sensibilidade que se espalham por todo o corpo. Famosa, como a cantora Lady Gaga, fazem parte dos cerca de 2,5% da população mundial que sofrem com a síndrome. Os sintomas podem aparecer sem motivo aparente – e eles não desaparecem por conta própria. Sinais como fadiga, distúrbios intestinais e depressão estão associados a eles. Os exames, no entanto, são surpreendentes: normalmente, não apresentam problemas.
Muitos vivem, então, um longo “transporte” em consultas até obterem respostas. No Brasil, os portadores da doença representam, em média, 3% da população e são em sua maioria mulheres. A estimativa é da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). Para entender melhor a síndrome, aqui estão cinco fatos que você precisa saber sobre a fibromialgia, de acordo com especialistas.
O que causa a fibromialgia?
A causa específica da fibromialgia é desconhecida. Segundo a presidente da Associação Nacional de Fibromialgia e Doenças Afins (Anfibro), Carmen Miranda, muitos acreditam que a doença é fruto da imaginação, mas não é. Por outro lado, estudos indicam que a origem pode estar no sistema nervoso central. O que se sabe é que os níveis de alguns hormônios cerebrais, como a serotonina – o hormônio do prazer – são menores em pacientes com fibromialgia, levando a uma maior sensibilidade à dor.
Carmem diz que a crença de que os sintomas não são reais é uma das maiores dificuldades para quem vive com fibromialgia. “Eles nos tratam às vezes como loucos. Eles acham que está tudo em nossas cabeças”, diz ele. Ela conta que a maioria não tem apoio familiar e, apesar de ter direito à aposentadoria, muitos não conseguem.
No caso de Carmem, foram sintomas como dor, cansaço e formigamento nos pés e nas mãos que a levaram às consultas. Além disso, relata (assim como outros pacientes com fibromialgia) que sofria de “sono não reparador”, em que a paciente não descansa totalmente ao dormir, sentindo-se cansada ao longo do dia. “Dormimos e a sensação é que passamos a noite trabalhando”, explica.
Por outro lado, o especialista da SBR, Dr. Marco Loures, revela que o sistema nervoso das pessoas com a síndrome responde aos estímulos com maior intensidade. Segundo ele, é como a diferença de resposta entre um carro de combustão interna, que é mais lento, e um elétrico, que é mais potente.
Quais são os sintomas da fibromialgia?
A fibromialgia se manifesta em todo o corpo. Junto com a dor estão outros sintomas, ligados a diversas áreas do corpo. Os sintomas cerebrais incluem dor de cabeça, distúrbios do sono, problemas de memória, ansiedade e depressão. Os pacientes podem até relatar problemas de visão. Há também sinais no sistema digestivo, como dor de estômago e intestino irritável, bem como inchaço ou formigamento nos pés, mãos ou rosto. Isso sem falar nos 18 pontos de dor muscular pré-estabelecidos.

Além de estar atento aos sintomas, o paciente deve ficar atento ao primeiro sinal da síndrome: a dor generalizada que dura mais de três meses. A história familiar também são fatores de risco.
O médico responsável pelo tratamento dos pacientes com fibromialgia é o reumatologista. Nas Unidades Básicas de Saúde, os médicos também podem ser procurados para alívio de sintomas e diagnóstico.
Qual teste detecta a fibromialgia?
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A fibromialgia é invisível em testes comuns, como os da imagem. O diagnóstico é então feito excluindo outras possibilidades. Portanto, a resposta pode ser demorada e requer paciência. Loures alerta que é necessário realizar mais do que uma consulta para chegar ao diagnóstico.
São avaliados fatores como duração e intensidade da dor, além do número de regiões do corpo acometidas e o consequente prejuízo nas funções diárias. Além disso, estudos mostram que é possível detectar a reação de sensibilidade exagerada à dor no cérebro com a ressonância magnética funcional. Este exame, no entanto, é extremamente caro. Assim, o uso ainda é restrito à pesquisa científica.
A fibromialgia tem tratamento?
A fibromialgia não tem cura, mas o tratamento pode controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Dependendo do caso, antidepressivos, relaxantes musculares e neuromoduladores podem ser usados. Os pacientes também devem praticar atividade física.
Aos 52 anos, Carmem Miranda convive com as sensações causadas pela síndrome desde a adolescência, mas o diagnóstico só veio aos 30 anos. “Achei que fossem outras doenças, mas fiz exames e nunca descobri. Quando comecei a sentir dor, procurei ajuda médica, mas sempre trataram como problemas emocionais.”
A linha de chegada para o tratamento correto finalmente se aproximava quando ela começou a procurar médicos das mais diversas áreas. A partir daí, ela iniciou uma jornada que duraria cinco anos até acabar com as dúvidas que tinha sobre seu corpo.
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“O diagnóstico foi feito por exclusão. Depois de passar por muitos médicos, foi identificado que eu tinha fibromialgia”, conta. Hoje, ela destaca a importância de buscar um tratamento de qualidade. “A doença é real. Existe e precisa de atenção, principalmente de atendimento médico especializado, e também de um centro multidisciplinar de tratamento.”
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