Fatores associados ao canibalismo de cauda na suinocultura e sua prevenção – O Presente Rural

A resiliência dos suinocultores, especialmente dos produtores independentes, é mais uma vez posta à prova. Até agora, nada de novo para uma categoria acostumada a desafios e superações para se manter na atividade. O aumento dos custos de produção tem feito com que muitos produtores revejam seus métodos e técnicas de melhoramento a fim de cortar gastos a fim de obter algum lucro com a produção. Mas será que cortar custos é sempre a melhor solução?

Veterinário, Iuri Pinheiro Machado: “Embora a alimentação animal represente cerca de 80% dos custos, é preciso analisar outros aspectos da produção, como a importância do diagnóstico na definição da necessidade de uso de determinados antibióticos e vacinas” – Fotos: Divulgação

A resposta para essa pergunta pode parecer óbvia, porém, para o veterinário Iuri Pinheiro Machado, o corte de custos na suinocultura deve ser feito com muito cuidado, pois a redução de alguns recursos para reduzir gastos de curto e médio prazo, seja no manejo ou nutrição, pode resultar em maiores perdas de produtividade. “Primeiro, é preciso combater o desperdício em todos os setores e processos. Conhecer seu custo de produção é um pré-requisito fundamental para estabelecer eventuais cortes”, explica Machado, que falou no 14º Simpósio Sul do Brasil de Suinocultura, realizado em agosto em Santa Catarina.

Crise

Segundo Iuri, o setor ainda vive a crise mais prolongada e profunda de sua história. Para ele, a situação se agrava devido à alta oferta de suínos em relação à demanda, o que determina o baixo preço pago ao produtor. “Outro fator são os altos custos de produção, principalmente relacionados aos insumos”, cita.
Segundo Machado, com exceção de situações de desperdício de recursos e insumos, é difícil cortar custos sem comprometer os índices zootécnicos. “Se isso acontecer, a pergunta é: “por que você não se cortou antes?”, questiona.

Segundo ele, dependendo da relação entre custo e preço de venda, em determinadas situações a perda de eficiência em um índice zootécnico pode resultar em uma redução de custo maior do que a perda de valor no desempenho. “Um exemplo dessa situação é quando o preço de venda do quilo de porco está abaixo do valor da ração necessária para convertê-lo em carne, principalmente na fase final de terminação, quando a eficiência de conversão é pior”, explica Iuri.

As diferentes fases da vida do animal demandam dietas específicas para cada período, algo importante a ser observado pelo produtor para evitar perda de índices produtivos.

Para Machado, é preciso considerar o efeito multiplicador nas fases de crescimento dos suínos. “500g a menos no peso ao desmame pode resultar em 2 kg a menos na saída da creche e perda ainda maior na terminação”, exemplifica. Portanto, a nutrição da matriz destinada à produção de leite deve ser preservada a partir de cortes, assim como as rações na fase de creche.

eficiência nutricional

Uma das alternativas encontradas para reduzir o custo da alimentação dos animais é a modificação das formulações nas rações, porém, existem as rações “mais baratas” que podem representar novos desafios para os produtores.

Para Machado, é preciso avaliar a partir das alternativas de matérias-primas, seu custo e contribuição no atendimento das demandas nutricionais dos animais, passando pelo impacto na produtividade e cruzamento com o preço de venda do suíno. Por outro lado, segundo ele, alterar os níveis nutricionais das fórmulas exige uma avaliação criteriosa do impacto em cada situação, sem esquecer as interações entre os nutrientes. “É importante que a conversão alimentar seja considerada pelo custo da ração e não simplesmente pela quantidade, ou seja, uma conversão de 2,5 kg com uma ração muito mais barata pode ser melhor do que uma conversão de 2,3 kg com uma formulação mais cara ”, exemplifica.

Exportar
De acordo com a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), os preços da Bolsa de Suínos de Belo Horizonte (BSEMG), em maio deste ano o preço da carne suína teve uma retomada no aumento, chegando a R$ 7,30 em junho. A expectativa até então era de que se o preço se mantivesse ou subisse nas duas últimas bolsas de junho, isso poderia finalmente ser o sinal de uma efetiva reviravolta no mercado, com o ajuste da oferta à demanda interna de carne suína.

As cotações do BSEMG entre 23 de junho e 14 de julho ficaram em média acima de R$ 7,30, como esperado, porém, em meados de julho o preço caiu para R$ 6,80, valor próximo ao início de junho, quando começou a projeção de alta.

O resultado foi uma mudança nos preços, não só em Minas Gerais, mas também em outras regiões produtoras do Brasil (gráfico), tendência de alta, com períodos de pequena queda e estabilidade que devem se confirmar ao longo do segundo semestre do ano, quando tradicionalmente a demanda por carne suína aumenta.

Indicador de suínos vivos (R$/kg) em MG, SP e nos três estados do Sul do Brasil entre fevereiro e julho de 2022. Média de julho a 20 de julho. Fonte Cepea.

As exportações de carne suína in natura fecharam o primeiro semestre de 2022 totalizando 458,1 mil toneladas, queda de 8,44% em relação ao mesmo período do ano passado.

No entanto, segundo Machado, apesar do desequilíbrio entre oferta e demanda, a produção continua crescendo no Brasil. Dados preliminares de abate para o primeiro semestre de 2022 indicam que a disponibilidade de carne suína doméstica aumentou mais de 200.000 toneladas em comparação com o mesmo período do ano anterior. Mesmo assim, houve reação nos preços pagos ao produtor desde o início de junho. “Essa mudança no patamar dos preços da carne suína, aliada à expectativa de uma super safra de milho, deve determinar para o segundo semestre uma recuperação gradual das margens dos suinocultores”, explica.

Apesar da recuperação do preço da suinocultura e da redução dos custos de produção, a crise na suinocultura continua afetando muitos produtores. No entanto, há grande expectativa para o segundo semestre relacionada ao crescimento das exportações e ao aquecimento da demanda doméstica, alavancados não apenas pela sazonalidade, mas pela distribuição de recursos da ajuda do governo federal prevista para começar neste mês.

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Fonte: O Presente Rural

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