(Com curadoria da Agro Insight)
Hoje continuamos com a curadoria da ferrugem asiática da soja.
Agente causal
A ferrugem da soja tem como agente etiológico duas espécies do gênero Phakopsora: Phakopsora meibomiae, agente causal da “ferrugem americana” e Phakopsora pachyrhizi, agente causal da “ferrugem asiática”. Phakopsora pachyrhizi é a espécie responsável pelas recentes epidemias da doença no Brasil, tendo sido relatada pela primeira vez no Japão, em 1903. Desde então, espalhou-se rapidamente pelo continente asiático, permanecendo endêmica, mas com surtos epidêmicos esporádicos.
Na década de 1990 foi relatado no continente africano, em 2001 na América do Sul, no Paraguai e no Brasil e em 2004 nos Estados Unidos. O fungo P. pachyrhizi pertence ao filo Basidiomycetes, Ordem Uredinales e família Phakopsoraceae. A espécie foi descrita com base nas características das estruturas da fase telial.
Uredósporos de P. pachyrhizi observados sob microscopia de luz (na lateral) e microscopia eletrônica (foto abaixo), sendo liberados da uredia.
práticas de gerenciamento
Quanto às estratégias de controle, é necessário iniciar na entressafra com o manejo das plantas de soja e isso depende da região. Se houver possibilidade de germinação de plantas voluntárias de soja durante a entressafra, elas devem ser dessecadas ou eliminadas mecanicamente. Considerando a gravidade da doença, vários estados adotaram o “vácuo sanitário”, período de 60 a 90 dias sem plantas de soja no campo, como estratégia para reduzir a quantidade de inóculo (esporos) na entressafra.
Cultivares de ciclo precoce semeadas no início da safra recomendada podem “escapar” da doença ou ser menos afetadas, pois a tendência é que o inóculo aumente com a evolução da cultura.
O monitoramento da lavoura e da região e o controle químico com fungicidas devem ser realizados logo após os primeiros sintomas ou de forma preventiva. Devido à menor eficiência observada com fungicidas triazólicos, a partir da safra 2007/08, o uso de misturas comerciais de fungicidas triazólicos com estrobilurinas é indicado para o controle da ferrugem. A decisão sobre o momento da aplicação (sintomas iniciais ou preventivos) deve ser técnica, levando em consideração os fatores necessários para o aparecimento da doença (presença do fungo na região, idade das plantas e condição climática favorável), a logística (disponibilidade de equipamentos e tamanho da propriedade), a presença de outras doenças e o custo do controle. A demora na aplicação, após a observação dos sintomas iniciais, pode levar à redução da produtividade, caso as condições climáticas favoreçam o avanço da doença. O número e a necessidade de reaplicações serão determinados pelo estágio em que a doença é identificada na cultura e pelo período residual dos produtos.
Cultivares com genes de resistência já estão disponíveis comercialmente. No entanto, essas cultivares não dispensam o uso de fungicidas e devem ser utilizadas como estratégia adicional de manejo, seguindo as recomendações do melhorista/titular.
Produtos de controle
Os fungicidas utilizados no controle da ferrugem pertencem a três grupos distintos: Inibidores de Desmetilação (DMI, “triazóis”), Inibidores Externos de Quinona (IQe, “estrobilurinas”) e Inibidores de Succinato Desidrogenase (ISDH, “carboxamidas”). . Quando identificada no Brasil em 2001, a ferrugem asiática foi controlada com a aplicação de fungicidas triazólicos isolados e misturas de triazóis e estrobilurinas. Desde 2008, ingredientes ativos isolados não são recomendados devido à seleção de populações de fungos menos sensíveis aos fungicidas IDM, apenas misturas comerciais de fungicidas com diferentes mecanismos de ação são recomendadas.
A partir da safra 2013/14, observou-se redução na eficiência da estrobilurina isolada nos ensaios cooperativos. Na mesma safra, foram registradas as primeiras misturas de fungicidas estrobilurina e carboxamida para o cultivo da soja. Em 2017, o FRAC relatou a detecção de uma mutação na subunidade C na posição I86F no fungo P. pachyrhizi. Essa mutação foi associada à menor eficiência dos fungicidas contendo ISDH observada em ensaios na região Sul, na safra 2016/17 (circular técnica 129).
Fungicidas multissítios foram avaliados quando a ferrugem foi relatada no Brasil. No entanto, devido à menor eficiência de controle em relação aos fungicidas IDM e às misturas IDM + IQe nesses testes, eles foram desconsiderados para o controle da ferrugem. Com a redução da eficiência das misturas IDM e IDM + IQo, fungicidas multissítios têm sido registrados para o controle de doenças da soja e seu uso vem aumentando em associação com fungicidas sítio-específicos.
A aplicação do fungicida deve ser feita após os primeiros sintomas da doença no campo ou na região ou preventivamente. A decisão sobre o momento da aplicação (sintomas iniciais ou preventivos) deve ser técnica, levando em consideração os fatores necessários para o aparecimento da ferrugem (presença do fungo na região, idade das plantas e condições climáticas favoráveis), a logística de aplicação (disponibilidade de equipamentos e tamanho da fazenda), a presença de outras doenças e o custo do controle. A demora na aplicação, após a observação dos sintomas iniciais, pode levar à redução da produtividade, caso as condições climáticas favoreçam o avanço da doença. O número e a necessidade de reaplicações serão determinados pelo estágio em que a doença é identificada na cultura e pelo período residual dos produtos.
BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS
EMBRAPA – Ferrugem asiática da soja. Disponível em: https://www.embrapa.br/en/soja/ferrugem/inicial
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