“O laboratório nas doenças trombo-hemorrágicas” foi o tema do 54º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (CBPC/ML), apresentado no dia 6 de outubro. A microangiopatia trombótica (TMA) é um grupo de doenças caracterizadas pela formação de trombos na microvasculatura e anemia hemolítica microangiopática. As formas mais comuns, púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) e síndrome hemolítico-urêmica, são doenças agudas e fulminantes causadas pela deficiência da metaloprotease da ADAMST 13. Essa deficiência, por sua vez, compromete a microcirculação sanguínea e pode afetar órgãos como rins, coração e cérebro ao mesmo tempo.
O alerta para a doença pode vir da análise de um simples hemograma, como exposto na conferência “Laboratory and thrombotic microangiopathy” durante o 54º Congresso promovido pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, com a participação do professor de Medicina João Carlos de Campos Guerra, especialista em Hematologia e Dra. Christiane Gouvea, hematologista com ênfase em hemostasia e trombose.
”Uma vez identificada a possibilidade de deficiência de ADAMST13, o paciente é encaminhado para exames específicos. Temos um protocolo já organizado que inclui um diagnóstico preciso, por meio de exames laboratoriais específicos e medicamentos de alta eficiência, já aprovados no Brasil, como Rituximab, Caplacizumab; associada ao procedimento de plasmaférese terapêutica.
“O que precisamos é trabalhar para ampliar o acesso da população a um diagnóstico preciso, rápido e a um tratamento adequado, utilizando ‘Caminhos’ e ferramentas inovadoras para identificar casos suspeitos”, como defende o Dr. Guerra, que alerta também para a prevalência da doença, que é de 2 a 4 casos por milhão de habitantes, portanto, o esperado no Brasil seria que fossem conhecidos cerca de 200 a 400 novos casos por ano, mas mesmo sem estatísticas, é possível dizer que o país está muito longe da notificação esperada. Um registro atualizado do caso brasileiro dessas doenças está sendo organizado pela professora Fernanda Orsi, da Universidade de Campinas, Unicamp.
Monkeypox: o que sabemos até agora?
A palestra “Varíola dos Macacos: O que sabemos até agora?” foi proferida no dia 6 de outubro, no 54º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (CBPC/ML) pelos Drs. André Mario Doi, Diretor de Ensino da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), Roberta Sitnik, membro da Associação de Patologia Molecular (AMP) e especialista do Laboratório do Hospital Israelita Albert Einstein; o Patologista Clínico Paulo Paixão, representante da Sociedade Portuguesa de Patologia Clínica (SPPC) e o infectologista Sérgio Beduschi.
Dr. Roberta Sitnik iniciou a apresentação com uma breve introdução sobre o vírus, coleta de materiais para o correto diagnóstico e os exames laboratoriais disponíveis, Dr. Paulo Paixão falou sobre sua experiência em Portugal, um dos primeiros países a ser atingido pela epidemia e o Dr. Sérgio Beduschi falou sobre os aspectos clínicos da doença e perspectivas sobre o futuro da epidemia.
Eles explicaram que, em maio de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou casos de varíola em vários países, inicialmente na Europa e depois em várias regiões do mundo. Desde então, o Brasil confirmou cerca de 10.000 casos, sendo o terceiro país do mundo com maior incidência.
Este vírus foi descoberto em 1958, quando dois surtos semelhantes à varíola foram identificados em colônias de macacos mantidos para pesquisa (dando origem ao nome Monkeypox). O primeiro relato de infecção em humanos foi relatado em 1970 na República Democrática do Congo e desde então tem sido relatado esporadicamente em países da África Central e Ocidental. No entanto, o reservatório natural da varíola permanece desconhecido.
Diante desse cenário preocupante e do potencial de transmissibilidade na população, é fundamental que medidas de saúde pública sejam tomadas para diminuir a disseminação. Uma delas é o diagnóstico precoce dos pacientes acometidos para quebrar a cadeia de transmissão.
Conferência discute a importância do diagnóstico de doenças
Nesta quinta-feira (6), a importância do diagnóstico de doenças raras foi discutida durante o 54º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (CBPC/ML).
A conferência “A perícia laboratorial clínica para o diagnóstico de Doenças Raras” foi presidida pelo Dr. Armando Alves da Fonseca – fundador e atual diretor geral do Laboratório DLE (Diagnóstico Laboratorial Especializado), diretor médico de Medicina Personalizada do Grupo Pardini, ex-presidente , conselheiro e por mais de 20 anos exerceu a coordenação executiva dos Congressos de Patologia Clínica – e com a participação da Dra. Jacqueline Harouche Rodrigues da Fonseca – patologista clínica, com MBA Executivo em Saúde pela UFRJ-COPPEAD, atua como Diretor Executivo do Laboratório DLE e como analista de GC/MS com ênfase em Ácidos Orgânicos Urinários – e Dr. Wagner Antonio da Rosa Baratela – Doutor em Medicina com ênfase em Genética Médica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo , especialista em Genética Médica pela Sociedade Brasileira de Genética Médica – SBGM, é geneticista da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e Coordenador de Genética Médica e Molecular do Laboratório Fleury em São Paulo.
“O objetivo da conferência foi mostrar a importância do laboratório na bioquímica especializada ou bioquímica genética, na parte de genética molecular, no caso de sequenciamento de última geração e no apoio ao médico que suspeita de um paciente com doenças raras”, diz o Dr. . Armando Fonseca.
O médico destacou que muitos pacientes sofrem anos a fio sem ter um diagnóstico e por isso é de extrema importância que os laboratórios estejam preparados e treinados para direcionar a pessoa para o caminho certo. Outro ponto é que mesmo os laboratórios que possuem as tecnologias necessárias para o diagnóstico, às vezes não têm a suspeita de que se trata de uma doença rara. Por isso, é fundamental que o clínico e o laboratório se comuniquem para auxiliar e indicar exames, acompanhamento e tratamento para pacientes com doenças raras.
“No caso das doenças raras, o diagnóstico precoce é fundamental porque podem evoluir rapidamente, às vezes com consequências fatais, mas sempre com prejuízo para o paciente”, conclui.
O Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial acontece até sexta-feira (7) no CentroSul Centro de Convenções, em Florianópolis (SC). O evento reúne em média 4.200 participantes, entre delegados, visitantes, palestrantes e expositores do Brasil, América Latina, Estados Unidos, Europa e Ásia.
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