JOÃO VITOR OLIVEIRA
Da redação*
O mês de outubro é marcado no calendário com a cor rosa para alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e, mais recentemente, do câncer de colo de útero. A campanha compartilha informações sobre a doença e destaca a necessidade de autocuidado e exames preventivos.
O câncer de mama é causado pela multiplicação descontrolada de células anormais na mama. Esse processo gera células que se multiplicam para formar um tumor. Também pode ocorrer em homens, mas é raro, representando apenas 1% de todos os casos.
Um artigo científico publicado no início de setembro na Public Health in Practice, revista internacional de saúde, com o título em inglês “O Outubro Rosa realmente impacta o rastreamento do câncer de mama?”, mostra em números que um estudo brasileiro constatou que campanhas de conscientização sobre o câncer de mama durante o Outubro Rosa aumentam em 39% o volume de exames de mamografia no serviço público.
Além disso, o artigo afirma que a detecção precoce do câncer de mama leva a melhores resultados na redução da mortalidade e é mais custo-efetiva para a saúde pública em geral. No entanto, a adesão ao rastreamento continua sendo um desafio de política de saúde pública. Ainda de acordo com o documento, as taxas de mortalidade brasileiras estão aumentando e há muitas variações na adesão entre as regiões do país. Fatores como atraso no diagnóstico, baixa adesão aos programas de rastreamento e lacunas na implementação das ações são responsáveis por essas disparidades.
em São Bernardo, as 33 Unidades Básicas de Saúde (UBS) realizarão campanhas de conscientização sobre a doença durante o mês, com oferta de exames de prevenção, de acordo com a programação de cada unidade. No sábado, 22 de outubro, haverá o Dia D com todas as UBS abertas, das 8h às 17h, para reforçar o atendimento às mulheres, com coleta de Papanicolau e atualização da carteira de vacinação.
A Unidade Móvel de Mamografia também faz parte do equipamento que oferece atendimento durante a campanha Outubro Rosa. Para pacientes entre 50 e 69 anos, a procura é espontânea e sem necessidade de solicitação médica. Para as demais faixas etárias, o exame é agendado pelas UBSs e os pacientes precisam apresentar o pedido médico. No Dia D, a unidade atenderá a demanda espontânea para todas as faixas etárias, na Praça da Igreja Matriz, com os mesmos critérios de triagem clínica, das 8h às 17h, com o último bloco de atendimento às 16h.
Diagnóstico e importância do mês
Angela Trinconi, mastologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, conta se existe alguma forma de se obter um diagnóstico precoce e sua importância. “O diagnóstico precoce é realizado através da mamografia quando a pessoa não apresenta sintomas ou quando eles já existem”.
Trinconi ressalta que é importante que a mulher conheça seu próprio corpo e, percebendo qualquer alteração, pode procurar um médico para que haja a possibilidade de analisar as lesões. Além disso, o diagnóstico precoce garante maiores chances de tratamento e cura em geral.
Liz Andrea Carvalho, 42, Gerente Administrativa de São Paulo, conta como foi diagnosticada com câncer de mama. “Fiz uma mamografia em fevereiro de 2015 e foi identificado um nódulo na mama esquerda. Fiz uma biópsia com agulha e deu negativo para células malignas. Por fim, o médico me pediu para repetir o exame em seis meses”, conta.
Liz acrescenta que em outubro do mesmo ano, por conta da mídia chamar a atenção para o mês de conscientização do câncer de mama, ela lembrou que precisava repetir o exame. “Fiquei muito tranquilo porque a biópsia já havia dado negativo. No dia do exame foi identificado que o nódulo havia sido alterado e uma nova biópsia foi solicitada no final de outubro. O resultado foi um carcinoma, um câncer maligno”, explica.
Apesar disso, Liz ressalta que o prognóstico sempre foi positivo, pois como o tumor era receptivo aos hormônios, não havia indicação de quimioterapia sistêmica, mas sim de quimioterapia oral. Apesar de já estar curada, pela idade do diagnóstico só terá alta em 2025, mas já se considera uma vencedora.
ONG Viva Melhor
Em 18 de maio de 1999, a grande dificuldade de tratamento enfrentada por pacientes com câncer de mama levou um grupo de amigos a fundar a Associação Viva Melhor – Mulheres Mastectomizados, localizada em Santo André.
Vera Emilia Teruel, presidente da ONG, explica que o Viva Melhor atende pacientes de diversas regiões e tem como objetivo facilitar a reabilitação física, emocional e estética de mulheres com a doença. Por meio de encontros, palestras, caminhadas e outras atividades, a associação trabalha para conscientizar a sociedade sobre a importância da realização de exames periódicos para prevenção da doença.
Além disso, a entidade também oferece um serviço totalmente voltado para a assistência à mulher com câncer, que vai desde o acompanhamento psicológico, orientação no tratamento até a doação de próteses.
Com mais de 18 anos de existência, a ONG atende em média 10 novos pacientes por semana e conta com 60 voluntários que atuam em diversas áreas, realizando palestras informativas com médicos, atividades recreativas, venda de camisetas, artesanato, campanha anual de prevenir o câncer de mama com caminhada, entre outros. Sua estrutura atual permite a produção de 50 próteses por mês, que são confeccionadas por voluntários e contam com quatro máquinas de costura e empréstimo de cerca de 16 perucas por mês.
*Esta reportagem foi produzida por estagiários do Departamento de Redação Multimídia do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo.
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