Mulher descobre gravidez com ajuda do Apple Watch; é possível?

O relato de uma americana de 34 anos com detalhes de como descobriu a gravidez viralizou esta semana aqui no Brasil. Segundo ela, o Maçã Watch (o relógio inteligente da marca) indicou um aumento em sua frequência cardíaca de repouso, de 57 BPM (batimentos cardíacos por minuto) para 72 BPM, ao longo de 15 dias.

Preocupada, ela, que já tem um bebê de 18 meses, foi ao médico. Ela suspeitou que poderia ser covid-19 ou algum outro vírus que apresentavam alterações fisiológicas, como febre, que tende a alterar a frequência cardíaca. Todos descartados. Até que a confirmação veio após um exame de sangue: ela estava grávida de quatro semanas.

O caso repercutiu na internet e levantou dúvidas: é até possível que um aparelho possa ajudar a detectar uma gravidez nesta fase de gestação? Inclinar conversei com os médicos para saber a resposta.

entenda o caso

O história foi compartilhada pela mulher em Reddit, a maior comunidade de fóruns nos Estados Unidos. Na publicação, ela comemorou a eficiência do relógio, que indicou um aumento de sua frequência cardíaca quando ela estava grávida de duas ou três semanas por cálculos retroativos.

Como outros smartwatches, o Apple Watch possui uma função de monitoramento da frequência cardíaca. Em contato com a pele, ele rastreia a frequência de tempos em tempos. Assim, a tecnologia pode calcular a frequência cardíaca média em repouso, durante uma caminhada e outras atividades físicas, por exemplo.

No caso das mulheres, a mudança foi observada por ela durante o repouso, quando a frequência tende a ser menor.

“O Maçã Ver identificou o gravidez imediatamente, antes mesmo que eu percebesse. E eu não teria feito o teste tão rápido”, disse ele. Vale a pena fazer o teste.”

A gravidez foi confirmada por Teste de sangue, chamado Beta-hCG. Ela também disse que teria feito um exame de ultrassom, mas devido ao estágio de desenvolvimento do feto, não foi possível identificá-lo pelas imagens.

Smartwatch é capaz de detectar gravidez?

A resposta é não, segundo especialistas ouvidos por Inclinar.

Para o presidente da Sociedade Pernambucana de Cardiologia, Carlos Japhet, o caso da mulher nos Estados Unidos foi mera coincidência.

A especialista em cardiologia para gestantes explica que, entre a primeira e a quinta semana de gestação, é a fase de implantação do óvulo no útero. É um tempo sem nenhuma mudança no corpo da mulher. A única mudança que pode indicar gravidez é a amenorreia – uma menstruação atrasada. Portanto, o batimento cardíaco da mulher não muda neste início.

Isso muda mais tarde, entre a sexta e a nona semana de gestação, quando o embriogênese (desenvolvimento fetal).

“A partir da 10ª semana de gestação, ou seja, com mais de dois meses, é possível dizer que a frequência cardíaca aumentou por causa da gravidez. da placenta e do volume sanguíneo”, explica o médico.

Nem mesmo o exame de sangue beta hCG (gonadotrofina coriônica humana) pode detectar uma gravidez imediatamente nos primeiros cinco dias após a fertilização. Segundo a ginecologista e obstetra Cinthia Komuro, o hormônio hCG só é secretado na circulação materna seis dias após a ovulação – normalmente, ocorre entre oito a dez dias após a ovulação.

“Como é recomendado que calculemos o tempo gestacional com base na data da última menstruação, então o teste de gravidez deve ser realizado quando a menstruação estiver atrasada”, explica Komuro.

A partir do segundo trimestre, a quantidade de sangue bombeada pelo coração da gestante aumenta entre 30% e 50%. “Neste momento, a frequência cardíaca de repouso pode variar entre 70 bpm e 100 bpm. Mas nem todas chegarão a 100 bpm, mesmo no final da gravidez”, diz o obstetra.

De acordo com especialistas, em geral, aumentos de 14 bpm para 16 bpm em repouso a partir das 10 semanas são considerados normais durante a gravidez.

Alerta de status de integridade alterado

O monitoramento da frequência cardíaca, pressão arterial e oxigenação do sangue são funções comuns aos diferentes modelos de relógios inteligentes comercializados no mercado.

Mesmo assim, os fabricantes apontam em suas especificações técnicas que as tecnologias não são capazes de determinar diagnósticos. Isso só deve ser feito com profissionais especializados.

Por isso, alguns médicos aproveitaram o viral para fazer um alerta: se esses aparelhos apontarem alguma alteração, pode ser indicativo de um problema ou até mesmo de uma doença. A recomendação é investigar possíveis razões para dados de usuário não padronizados.

Aqui em InclinarAté publicamos o relato de uma brasileira que descobriu, com a ajuda de um smartwatch, que seu coração acelerado “sem motivo” era na verdade arritmia.

No caso da americana que teve a frequência cardíaca alterada no início da gravidez, o cardiologista acredita que pode ter havido alguma condição associada.

Na reportagem, a mulher chegou a dizer que não menstruava há um ano e meio. “Ela pode ter tido uma infecção associada, um anemia, ou mesmo um distúrbio hormonal. Várias doenças aumentam a frequência cardíaca”, enfatiza Carlos Japhet.

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