Na reta final da campanha, DF vacinou 40% das crianças contra a poliomielite

Como em cobertura vacinal contra a pólio em 40,3%, o Distrito Federal está na quarta posição entre as unidades da Federação na campanha contra a doença neste ano. Segundo dados do Ministério da Saúde, a a capital federal perde apenas para os estados de Roraima (29,3%), Acre (29,8%) e Rio de Janeiro (39%) em termos de cobertura de crianças de 6 meses a 4 anos. respectivamente. Em 2022, a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) ampliou a imunização e aplicou, até 4 de outubro, 64.646 doses em crianças de 1 a 4 anos. A força-tarefa segue até o dia 28 deste mês.

Nesta segunda-feira (10/10), o ministério montou, por pelo menos 30 dias, um grupo de trabalho para traçar estratégias de combate ao vírus. A expectativa é que seja elaborado o Plano de Mitigação do Risco de Reintrodução do Poliovírus Selvagem (PVS) e Emergência do Poliovírus Derivado da Vacina (PVDV), bem como o Plano Distrital de Resposta a um Evento de Detecção de Poliovírus e a um Surto de Poliomielite. . A medida foi publicada no Diário Oficial do DF (DODF).

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De acordo com a técnica responsável pela vigilância da poliomielite da SES-DF, Joana Castro, profissionais de diferentes áreas da pasta estarão reunidos para determinar os primeiros passos de uma possível contenção de um caso da doença na capital federal.

“Todos os entes federativos têm essa missão [de elaboração do plano]. Em duas semanas, a intenção é fazermos uma simulação de mesa. Reúna grupos de profissionais e converse sobre a sequência de ações a partir da identificação deste caso. Será um primeiro esboço, orientará a elaboração do plano e servirá tanto para treinar quanto para otimizar sua construção”, explica o técnico.

Segundo o especialista, a Organização Pan-Americana da Saúde (GUIA) fizeram um levantamento em todos os municípios brasileiros no ano passado e identificaram que, em 84% do território nacional, o risco de reintrodução da poliomielite é considerado alto ou muito alto.

Desde 2017, o índice não atinge a média de 95% de imunização.

Veja vacinação do DF nos últimos quatro anos:

“Casa do próprio sucesso”

Segundo o técnico responsável, a queda da taxa de cobertura vacinal pode ser atribuída a vários fatores, em especial, as campanhas realizadas na década de 1980 até a obtenção, em 1989, do selo de eliminação da doença em território nacional. Para o especialista, a resistência à vacinação, vista no auge da pandemia de Covid-19, não é o principal fator de baixa cobertura, mas um motivo que “agrava” a situação.

“Somos reféns do nosso próprio sucesso. Ao não ver novos casos da doença, as pessoas não valorizam tanto a vacina e começam a pensar que não precisam mais dela. Mas foi justamente a vacina que eliminou a doença. É um paradoxo que estamos tentando reverter”, ressalta. “Mais recentemente, temos a dúvida [da vacinação]. Você pode colocá-lo em cheque como um todo. É uma questão multifatorial”, completa.

“É importante ressaltar que os profissionais estão trabalhando para conter a doença, mas se a população não for informada e tiver condições de receber a vacina, não podemos obrigar ninguém a se vacinar. Precisamos dessa compreensão da população. Procure ir aos postos de saúde para se informar, estamos nos preparando para isso. Não fique na dúvida, procure um profissional de saúde. Precisamos trabalhar juntos”, alerta o especialista.

Para a infectologista Joana D’arc, o crescimento dos movimentos antivacinas em todo o mundo nos últimos anos aumentou a produção de notícias falsas sobre o assunto, o que prejudicou as campanhas em nível local.

“Se não vacinarmos, cria-se um bolsão de pessoas vulneráveis ​​e acabamos tendo surtos. Muitos acabaram achando que muitas doenças não existem mais. Vimos isso com sarampo. A população começou a reduzir a demanda por achar que a doença não estaria mais circulando. Na verdade, a maioria das doenças infecciosas é controlada e não erradicada”, explica.

O infectologista destaca ainda que a atuação de algumas lideranças tem dificultado a conscientização da população sobre o assunto. “Acreditar em notícias falsas é mais fácil do que acreditar em notícias reais”, ressalta. “Quando você junta todos esses fatores, infelizmente você vê uma queda nas pessoas imunizadas”, acrescenta ela.

Caso de poliomielite descartado no Pará

Na última sexta-feira (10/07), o Ministério da Saúde descartou a ocorrência de caso de poliomielite no Pará. Na quinta-feira (10/6), a pasta foi notificada de um suposto evento relacionado à doença. No entanto, após investigações, a hipótese foi rejeitada.

Nas últimas semanas, uma criança de 3 anos, moradora de Santo Antônio do Tauá (PA), foi internada com sintomas de paralisia. O menino teve febre, dores musculares e diminuição do movimento das pernas.

Exames identificaram, em uma amostra de fezes do paciente, o vírus Sabin Like 3, patógeno encontrado em vacinas contra a poliomielite. Em nota, o Ministério da Saúde informou que os sintomas eram efeitos adversos ligados ao agente imunizante. A criança estava com o esquema vacinal incompleto.

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