O número de óbitos por meningite no Alto Tietê entre janeiro e outubro de 2022 já supera o total registrado até dezembro dos últimos três anosde acordo com os dados enviados pelos municípios a pedido do g1.
Nos primeiros 10 meses do ano, a região registrou 11 fatalidades pela doença. Os dados também mostram que a taxa de casos confirmados chegou a 80, o que representa um aumento em relação a 2021, quando foram registrados 77 ao longo do ano.
Apesar disso, nenhum município registrou surto de meningite desde 2019. Essa é uma situação diferente da capital paulista, que está em alerta. Até o final de setembro, São Paulo havia registrado mais de 50 casos e nove mortes..
Mortes por meningite nas cidades do Alto Tietê
Os dados de 2022 referem-se ao período de janeiro a início de outubro, enquanto os demais anos compreendem o período de janeiro a dezembro.
Fonte: Municípios
Das cidades que enviaram informações, três tiveram aumento no número de óbitos por meningite. A Suzano, que não teve recorde ao longo de 2021, passou para três no início de outubro daquele ano.
Itaquaquecetuba passou de três para quatro. Guararema e Santa Isabel tiveram uma morte cada, enquanto Mogi das Cruzes foi a única que teve redução: de seis no ano passado, passou para dois. Arujá, Ferraz de Vasconcelos e Poá não registraram óbitos em nenhum dos anos.
Casos de meningite nas cidades do Alto Tietê
Os dados de 2022 referem-se ao período de janeiro a início de outubro, enquanto os demais anos compreendem o período de janeiro a dezembro.
Fonte: Municípios
Entre os casos, o aumento ocorreu em quatro cidades. São eles Itaquaquecetuba, que passou de 17 para 22; Santa Isabel, que teve duas inscrições no ano passado e agora tem três; Arujá, que subiu de um para três; e Guararema, que não tinha recordes em 2021, mas tem agora.
Outros três municípios caíram. Entre eles estão Mogi das Cruzes, que passou de 32 confirmações para 29; Ferraz de Vasconcelos, que passou de sete para seis; e Poá, que tinha três e agora soma três 1 em 2022, segundo dados da prefeitura.
Suzano foi a única cidade que manteve 15 notificações positivas nos dois anos.
Neisseria meningitidis, a bactéria que causa a meningite meningocócica. — Foto: Wikimedia
As meninges são membranas que envolvem todo o sistema nervoso central. A meningite ocorre quando há alguma inflamação desse revestimento, que pode ser causada por microrganismos, alergias a medicamentos, câncer e outros agentes.
A meningite tem alto índice de mortalidade e sequelas, como surdez, perda de movimento e outros danos ao sistema nervoso. As crianças são a faixa etária mais acometida, e os pacientes devem ser acompanhados por pelo menos 6 meses após a doença.
A transmissão ocorre quando pequenas gotas de saliva de uma pessoa infectada entram em contato com as membranas mucosas do nariz ou da boca de uma pessoa saudável. Isso pode acontecer através da tosse, espirro, beijo ou outras formas de contato com secreções eliminadas pelo trato respiratório (nariz e boca).
“É importante falar em transmissão, porque quando falamos de adolescentes e adultos jovens, 10% podem ser portadores da doença meningocócica sem ter a doença. Veja como é importante tentar controlar essa bactéria com prevenção, que seria a vacinação. Por isso, o uso de máscaras e os cuidados com a higiene são importantes”.
“O problema, na verdade, é que além de ser muito fácil de espalhar, tem sintomas muito comuns no início do quadro. Os pacientes relatam dor de cabeça, febre, mal-estar, cansaço excessivo. Nem todos os pacientes podem ter esse torcicolo, o que os impede de encostar o queixo no peito”, explica o imunologista Alex Prado.
Já a meningite bacteriana é mais grave e deve ser tratada imediatamente, em ambiente hospitalar, com a administração de antibióticos. Em ambos os casos, os sintomas podem incluir febre alta, mal-estar, vômitos e dor de cabeça intensa e dor no pescoço.
É justamente a forma mais grave de meningite, transmitida por bactérias, que preocupa o Estado de São Paulo, como diz Prado. Outro sinal de alerta está no público acometido pela doença. Embora as crianças sejam as mais afetadas, adultos jovens e idosos também estão sendo vitimizados.
“Pode ter várias causas e a principal, que estamos discutindo esses dias, é a meningite meningocócica. É causada por uma bactéria chamada Neisseria meningitidis, que possui vários sorotipos. Esses sorotipos classificam essa neisseria de várias maneiras. Atualmente, estamos falando de um sorotipo específico que é oc”.
“É uma doença que pode ser letal, tem uma letalidade alta. Cerca de 10% a 20% dos pacientes podem morrer de meningite. Uma morte que pode acontecer dentro de 24 a 48 horas após o início dos sintomas, inclusive. Estamos falando de uma doença muito grave, que tem um perfil de gravidade muito maior em crianças”.
Suspeita-se que o surto surgiu como resultado da baixa vacinação. Nos anos mais críticos da pandemia, a população aderiu a formas de proteção – como distanciamento e máscaras – o que também contribuiu para a queda dos casos de meningite. Agora, com a volta à rotina de antes, a doença ressurgiu com força.
“Casos de meningite acontecem todos os anos, mas temos visto um aumento em algumas regiões específicas, principalmente nesse período. Lembrando que isso se deve, são teorias, mas provavelmente devido aos baixos índices de vacinação. Acreditamos que a cobertura vacinal vem caindo nos últimos anos”, enfatiza.
“Sabemos que os principais sorotipos, A, B, C, W e Y são preveníveis por vacina. Tenho vacina para todos esses sorotipos. Isso vem melhorando com o tempo. Até sete anos antes, não tínhamos vacina no Brasil para o Meningo B. O Meningo C já foi prevenido, porque as crianças já recebiam no calendário de vacinação há algum tempo, disponível na rede pública”.
O imunologista destaca que, além da imunização e outros cuidados de higiene, neste momento a população deve ficar atenta aos sintomas e procurar ajuda médica assim que suspeitar da infecção.
“Se você tem esses sintomas, vale a pena procurar um médico para uma avaliação. Os pacientes podem começar com uma condição extremamente leve e progredir progressivamente, muito rapidamente. São pacientes que precisam ficar internados, usam antibiótico. E, no entanto, a mortalidade ainda é alta.”
O Cartão Nacional de Vacinação prevê a imunização Meningo C para crianças menores de 5 anos e, temporariamente, para crianças de 5 a 10 anos e para profissionais de saúde.
Atualmente, a Secretaria de Estado da Saúde também aplicou a vacina Meningo ACWY em adolescentes de 11 a 14 anos, conforme determinação do Ministério da Saúde. Esse uso temporário vai até setembro de 2023 para este segundo grupo.
Segundo o Governo Federal, a meta é imunizar 95% do público-alvo até o final do ano. No entanto, no Alto Tietê a cobertura ainda está em 61,39% (veja abaixo os números por cidade e onde se vacinar).
Cobertura vacinal contra meningite no Alto Tietê (percentual)
Dados enviados até 14 de outubro consideram Meningite C e vacinas combinadas ACWY
Fonte: Municípios
Confira onde se vacinar em cada cidade:
Todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS), das 8h às 16h.
De segunda a sexta, das 7h às 16h30.
- piar
Rua São Vicente de Paula, 110, Centro - UBS Benedito Antônio Mariano
Avenida Francisca Lerario, 955, Lambari - UBS Guiomar Franco da Cunha
Rua Pedro Álvares Cabral, 36, Dulce
Todas as UBS e Unidades de Saúde da Família
Todas as UBS, de segunda a sexta, das 8h às 15h30.
Todas as UBS, de segunda a sexta (exceto feriados), das 8h às 16h.
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