Durante os treinos ou programas de exercícios, não é incomum sentir dores nas costas, joelhos ou panturrilhas. E mesmo durante o trabalho, quando usamos o computador ou o celular por horas, o temido torcicolo, por exemplo, pode aparecer de repente. As tensões do dia a dia, dormir em uma posição ruim, contribui muito para as dores musculares. Mas, afinal, o que fazer para prevenir e aliviar essas dores e tensões? Uma técnica que vem ganhando cada vez mais adeptos no Brasil é a osteopatia, que tem uma abordagem natural, sem prescrição de medicamentos e que oferece alívio e prevenção de dores, lesões musculares e até doenças.
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A osteopatia é uma técnica de manipulação de ossos, articulações, vértebras, vísceras, crânio e qualquer tecido que possa estar comprometendo a perda de equilíbrio do paciente — Foto: Istock Getty Images
A Osteopatia é uma técnica de manipulação de ossos, articulações, vértebras, vísceras, crânio e qualquer tecido que possa estar comprometendo a perda de equilíbrio do paciente. É uma terapia criada pelo médico americano Andrew Taylor Still, em 1874, baseada na ideia de que o corpo é capaz de criar seus próprios “remédios” contra as doenças, desde que equilibrado em sua estrutura e com as condições ambientais. condições favoráveis e nutrição adequada.
– Entendemos que o corpo é capaz de se curar de todas as dores e doenças, desde que todos os tecidos do corpo funcionem em equilíbrio e sem deformidades. Acreditamos que toda doença é consequência da perda de equilíbrio do corpo. E quando sentimos algum tipo de sintoma, é sinal de que perdemos o equilíbrio momentaneamente. Na área da saúde chamamos esse processo de homeostase. Portanto, o objetivo da osteopatia é investigar desequilíbrios e tensões que estão causando dor ou doença. Nosso objetivo é descobrir a causa, a origem de uma dor ou doença, e então, através do toque, tratamos o corpo para que ele possa retornar ao seu processo natural de cura e manter o equilíbrio – explica a fisioterapeuta e osteopata Emmanuele Leal.
É claro que os tratamentos e medicamentos tradicionais não devem ser simplesmente abandonados em muitos casos e doenças. Mas a osteopatia e a medicina tradicional podem andar de mãos dadas.
No início da adolescência, Still se interessou por anatomia e começou a dissecar os animais que caçava. Ele serviu no exército durante a Guerra Civil Americana, onde usou seus conhecimentos e habilidades médicas para ajudar os feridos, o que elevou seu conhecimento da anatomia humana. Após a guerra, Still enfrentou uma grande crise pessoal quando sua primeira esposa, Mary Vaughan, morreu de complicações no parto. Alguns anos depois, ele também perdeu dois filhos biológicos e um filho adotivo por meningite. Esses trágicos acontecimentos e a impotência que sentia, mesmo como médico, para salvar sua família, fizeram com que começasse a rejeitar a medicina tradicional e ir em busca de novos e melhores métodos de tratamento.
Os estudos de Still foram baseados na observação aprofundada da anatomia, além das relações estruturais e funcionais, de ossos, nervos, músculos e órgãos. O médico então concluiu que o corpo, embora complexo, é indivisível, e todas as estruturas desempenham um papel importante com funções interligadas. Portanto, quando uma área do corpo está ruim, as outras serão afetadas, prejudicando a qualidade de vida da pessoa em geral.
Os osteopatas usam manipulação física, alongamento e algumas técnicas de tapping e massagem para melhorar a mobilidade das articulações e a circulação sanguínea, aliviar a tensão muscular e reduzir a dor — Foto: Istock Getty Images
Os osteopatas utilizam manipulação física, alongamento e algumas técnicas de tapping e massagem para melhorar a mobilidade articular e a circulação sanguínea nos tecidos, além de aliviar a tensão muscular e diminuir a dor, principalmente em áreas que precisam de mais atenção, dependendo de cada caso.
– No meu caso, também aplico leves pressões na região plantar (nas solas dos pés) nas sessões, com pontos de reflexologia podal. Todo esse processo se reflete no sistema nervoso central, que é dividido em simpático e parassimpático. O simpático regula os movimentos do corpo e o parassimpático neutraliza o trauma – diz o terapeuta e osteopata Martin Afonso.
O método é indicado para todas as pessoas, incluindo aquelas que sofrem de problemas de luxação, espasmos musculares, dores no nervo ciático, costas ou ombros, além de outros problemas corporais causados pelo sedentarismo, má postura, lesão por esforço repetitivo (LER), lesões esportivas ou estresse excessivo.
O principal objetivo da osteopatia é restabelecer a qualidade de vida das pessoas, potencializando o processo de cicatrização por meio da promoção do relaxamento corporal.
O método também é muito benéfico para indivíduos com gastrite, cólicas menstruais e cólicas em bebês, fibromialgia, hérnia de disco, osteoartrite, tendinite, bruxismo, insônia, azia, refluxo, rinite, sinusite, zumbido no ouvido, queixas respiratórias e intestinais, incontinência . urinário, cistite, assimetrias cranianas, sintomas pós-Covid e muito mais. Por fim, possui ampla indicação clínica, atuando inclusive na prevenção de lesões.
– Muitas vezes, em uma única sessão o paciente não sente mais dor. Como resultado, ele parou de tomar analgésicos. Deve-se lembrar que o cortisol nos analgésicos é ruim para o sistema nervoso central, dificultando um pouco as comunicações entre os neurônios, atacando os rins, etc. Isso acontece tanto em homens quanto em mulheres, e neles o uso excessivo de analgésicos também estimula o formação de edema facial – alerta o osteopata Martin Afonso.
Terapia para todas as idades
Especialistas esclarecem que quando o corpo está livre de tensões e desequilíbrios, ele tem a capacidade de se recuperar mais rápido e se adaptar a qualquer situação. E como a osteopatia é um tratamento que busca equilibrar o corpo, independente do diagnóstico, a técnica também não tem restrição de idade. Desde o recém-nascido ou idoso, todos podem ter o acompanhamento do osteopata.
– Não tratamos dor ou doença, tratamos pessoas. Buscamos restabelecer o equilíbrio do seu corpo, desde o recém-nascido até o idoso. Mesmo na Europa, o segundo profissional com quem o bebê entra em contato, assim que nasce, é o osteopata, logo após o pediatra. No entanto, nem todo osteopata pode trabalhar com crianças, é preciso ter especialização em pediatria – revela Emmanuele Leal.
Existem algumas restrições em relação ao método, como em casos de reumatismo inflamatório, câncer ósseo, fraturas, certas vertigens por insuficiência vértebro-basilar, osteoporose avançada e no primeiro trimestre de gravidez, pois é o período em que o paciente pode ter um aborto espontâneo.
Martin Afonso esclarece ainda que o diagnóstico de um osteopata não depende do diagnóstico do médico. Outra questão importante é que a fisioterapia não envolve procedimentos osteopáticos, a menos que o profissional de fisioterapia tenha pós-graduação em osteopatia.
– Também é fundamental alertar que os procedimentos específicos que realizamos devem ser utilizados apenas por profissionais especializados em osteopatia – enfatiza.
O nosso dia a dia, a vida sedentária, as tensões do dia a dia, o tipo de trabalho, a quantidade de tarefas em casa, a alimentação e a falta de um sono reparador de qualidade podem levar a desequilíbrios.
– Tudo isso influencia nosso corpo, por isso somos produto do nosso meio externo e interno. Assim, a forma de prevenir doenças está nas nossas escolhas diárias. Além dessa conscientização, devemos realizar manutenções regulares no osteopata, com visitas de uma a duas vezes por mês, dependendo de cada caso – enfatiza Emmanuele Leal.
Mudanças no estilo de vida podem melhorar drasticamente nossa saúde, ao mesmo tempo em que reduzem nosso risco de desenvolver doenças graves e aumentar os custos médicos. Além disso, prevenir lesões e dores significa mais tempo para se manter ativo e liberdade para aproveitar os benefícios de uma vida plena e saudável.
Fontes:
Emmanuele Leal (@draemmanueleleal), fisioterapeuta e osteopata, que trabalha na Clínica Emmanuele Leal, no Rio de Janeiro.
Martinho Afonsoosteopata e terapeuta, que atua na Clínica Fisiomevi de Fisioterapia e Terapias Holísticas no Rio de Janeiro.
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