
Por Ellen Cristie
Quem não acordou com aquela dorzinha nas costas ou sentiu desconforto na coluna ao realizar as atividades diárias? Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população já teve ou terá episódios de dor nas costas ao longo da vida. Essa dor – lombalgia – é a segunda principal causa de visitas ao consultório médico, perdendo apenas para as dores de cabeça.
A dor lombar pode aparecer em qualquer fase da vida, com duração de dias ou até meses, e é desencadeada por diversos fatores, como inflamação, obesidade, fatores genéticos, sedentarismo, processo de envelhecimento e postura incorreta, sendo este último um dos principais razões.
Segundo o ortopedista Daniel Oliveira, especialista em coluna do Centro de Ortopedia e Traumatologia de Belo Horizonte (NOT), além da lombalgia, os principais problemas de coluna que acometem os brasileiros são hérnia de disco, artrose e escoliose.
A hérnia de disco ocorre quando o disco intervertebral, localizado entre as vértebras da coluna e responsável por absorver os impactos sofridos por ela, se desloca para fora do lugar, seja por predisposição genética, envelhecimento, sedentarismo, excesso de peso, tabagismo, má postura e falta de de energia. atividades para fortalecer a região das costas e abdômen.
“Infelizmente nós brasileiros não prestamos atenção na nossa postura, passamos várias horas do dia sentados – e na maioria das vezes na posição errada e sem a ergonomia correta”
Daniel Oliveira, ortopedista
A osteoartrite é uma doença degenerativa nas articulações da coluna, muito comum em grande parte da população. Costuma ser mais frequente a partir dos 50 anos, quando as articulações estão mais desgastadas, causando dor e desconforto na região afetada (coluna cervical, torácica e lombar) e deve ser tratada para não se tornar crônica ou levar a complicações mais graves, como a limitação das funções do dia-a-dia.
É importante considerar que a grande maioria da população irá, ao longo da vida, desenvolver algum grau de artrose, seja ela difusa ou localizada. “Quanto mais velha a pessoa, mais as articulações terão sofrido e haverá cada vez mais uma porcentagem maior de osteoartrite, seja de baixa intensidade ou osteoartrite ainda mais avançada.”
O ortopedista alerta que, desses problemas, a lombalgia é a que tem maior possibilidade de prevenção, quando causada por fatores modificáveis, como má postura, sedentarismo e obesidade. “Infelizmente, nós brasileiros não prestamos atenção à nossa postura, passamos várias horas do dia sentados – e na maioria das vezes na posição errada e sem a ergonomia correta”, explica.
“Carregamos mais peso do que deveríamos, tanto em malas como em mochilas. Não dormimos na posição correta, não prestamos atenção ao nosso peso corporal, levantamos mais peso do que deveríamos ou não realizamos nenhum tipo de atividade física e exercícios para fortalecer a região central. Comumente, acabamos lembrando desses cuidados apenas quando o problema já está instalado”, completa.
Trajetória até a cirurgia
Foi o caso do engenheiro Bruno Queiroz Cury, 43 anos. Esportista de longa data, jogou bola, lutou e nunca teve nenhuma limitação de saúde, excesso de peso ou qualquer ponto em que precisasse estar alerta. “Mas eu sempre tive uma atitude muito errada e a ouvia desde jovem. Costumava sentar-me curvada durante as refeições, no carro, no sofá para ver televisão e ainda acho que tenho uma influência genética muito forte do meu pai, ou seja, o ombro é para a frente e mais curvado.”
Entre os 30 e os 40 anos, ele diz que as dores nas costas aumentaram. “Sempre um desconforto na região lombar depois de ficar sentado assistindo TV. Então eu me esticava para frente e para trás.” Em 2018, em um check-up de rotina (na empresa), ele comentou que sentiu desconforto na região lombar. “O médico pediu uma tomografia computadorizada e duas hérnias de disco foram detectadas na região lombar. Não senti tanta dor, foi mais um incômodo.”
Bruno recebeu indicação para fazer pilates e prestar mais atenção na postura. “Naquele período, eu havia parado de praticar esportes.” J na pandemia, em 2020, estava sentindo muita dor. “Fiz o exame, mas não mostrou evolução da hérnia”, conta. “Voltei a correr cerca de 8 a 10 quilômetros por dia, mas viajei muito a trabalho: 16.000 a 18.000 quilômetros de carro em três meses de 2021 e muito de avião também.”
Com muita dor, ele tomou uma injeção, que aliviou o desconforto por 10 a 15 dias. “Continuei trabalhando e eventualmente correndo (3 a 4 vezes por semana, cerca de 10 quilômetros por dia). Quando o efeito da injeção passou, a dor voltou com muita força e foi muito difícil entrar em qualquer posição. No meio disso tudo, minha esposa começou a jogar tênis de praia e eu jogava com ela duas vezes por semana”, conta.
Seu estado geral piorou muito, a ponto de sentir dormência nas pernas, nas solas dos pés e fraqueza na perna, quando começou a mancar. “Em um diagnóstico de força com nível de 1 a 5, sendo 5 o mais grave, eu estava em 4 de perda de força com dor constante, 24 horas por dia. Fiz outra tomografia e vi que havia uma piora muito grande.”
Em março deste ano, Bruno passou por uma cirurgia de hérnia de disco.
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