Pacientes com diabetes correm mais risco de declínio cognitivo

Estudo realizado por um grupo de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), publicado na revista científica Diabetologia e Síndrome MetabólicaME, indicaram piora do déficit cognitivo (dificuldades de aprendizagem) de pacientes com diabetes tipo 2.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 16 milhões de adultos brasileiros têm diabetes tipo 2, que é o diabetes diabetes (uma doença caracterizada por um aumento nos níveis de glicose no sangue).

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) informou que cerca de 90% dos pacientes têm o tipo 2 (DM2) da doença, quando o organismo não consegue utilizar adequadamente a insulina que produz ou não produz o hormônio de forma suficiente para controlar a taxa de glicose no sangue. A doença resulta em complicações potenciais, incluindo declínio cognitivo.

A avaliação desse problema levou pesquisadores da PUCPR a estudar 250 pessoas adultas com diabetes tipo 2, pacientes de hospital universitário. A pesquisa foi realizada entre 2018 e 2021 e foi adiada devido à pandemia de Covid-19.

A professora da PUCPR Ana Cristina Ravazzani de Almeida Faria, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, disse nesta sexta-feira (14) que já se sabia que os pacientes com diabetes apresentam, ao longo do tempo, um déficit de maior cognição ou maior probabilidade de ter um déficit de cognição do que pessoas sem diabetes.

conclusões

“O que procurávamos era se entre estes diabéticos conseguíamos identificar quem teria mais probabilidades de ter este défice cognitivo ou maiores hipóteses de evoluir, ao longo do tempo, para um declínio cognitivo maior do que o resto do grupo”, disse Ana Cristina. .

Os médicos e estudantes de medicina que participaram da pesquisa concluíram que os pacientes mais suscetíveis são pessoas com baixa escolaridade, acima de 65 anos, com mais de 10 anos de diabetes e que já possuem alguma doença cardiovascular, consequência ou não do diabetes, e que têm retinopatia diabética. Além disso, pacientes com sintomas de depressão também são mais suscetíveis.

“Conseguimos identificar, dentro do grupo, o setor de maior risco”, especificou. Do total de 250 pacientes investigados, 14% apresentaram piora da cognição nos 18 meses do estudo. Foi realizada uma avaliação inicial dos pacientes e, após um ano e meio, em média, uma nova avaliação foi realizada. “Esse subgrupo de 14% teve o pior desempenho”, destacou Ana Cristina.

Durante as consultas de rotina e acompanhamento, os pacientes foram submetidos a exame físico, triagem de sintomas de depressão e testes cognitivos, incluindo miniexame do estado mental, teste de fluência verbal semântica, teste de trilha A e B e teste de memória de memória. palavras. Dados demográficos, como idade e escolaridade, ligados ao estilo de vida e duração do diabetes, também foram analisados.

Avaliação cognitiva

Diretrizes internacionais recomendam que pacientes com mais de 65 anos de idade sejam submetidos a uma avaliação cognitiva, pois sabe-se que existe um risco maior e que a deterioração cognitiva pode interferir na qualidade de vida e no autocuidado.

Ana Cristina disse, no entanto, que os hospitais públicos têm maior dificuldade em realizar este tipo de avaliação com todos os doentes, até porque são encaminhados para avaliação cognitiva apenas quando apresentam alguma queixa, como perda de memória, por exemplo.

“Mas todos os pacientes que avaliamos não tinham queixas e disseram que estavam bem. Ou que eles tinham uma reclamação muito vaga. Não tinham avaliação prévia ou diagnóstico de demência cognitiva. Quem teve isso nem entrou na pesquisa”, garantiu.

Os pesquisadores sugerem que as pessoas com diabetes tipo 2 façam pelo menos uma avaliação cognitiva por ano após os 60 ou 65 anos, que é a faixa etária mais afetada. O grupo de pesquisa continua acompanhando os pacientes que fizeram parte do primeiro estudo, expandindo para os demais. “Queremos fazer disso parte da nossa rotina de atendimento. Este é o nosso plano inicial”, disse.

Os pacientes inicialmente avaliados serão reexaminados para verificar se alguém piorou ou se houve alguma melhora. Essa nova investigação será acompanhada pelo setor de neurologia.

O objetivo é obter um universo maior de pacientes, além de continuar acompanhando aqueles que fizeram parte do primeiro estudo, pelo menos uma vez por ano. A equipe também quer fazer parceria com profissionais de psicologia, que têm uma área chamada neuropsicologia, que aplica testes de cognição.

“Estamos procurando formar uma parceria para que eles possam participar”. A nova etapa do estudo, já com a área de psicologia incluída, deve começar em 2023.

Fatores de risco

Alguns fatores de risco estão relacionados a hábitos, como tabagismo e sedentarismo, cujo controle poderia minimizar o impacto da doença na cognição. Como os níveis de escolaridade mais baixos também refletem no déficit cognitivo dos pacientes com diabetes tipo 2, os pesquisadores apontaram que é fundamental que o governo faça cada vez mais investimentos em educação.

Além de Ana Cristina Ravazzani de Almeida Faria, assinaram o trabalho as pesquisadoras da Faculdade de Medicina da PUCPR Joceline Franco Dall’Agnol, Aline Maciel Gouveia, Clara Inácio de Paiva, Victoria Chechetto Segalla e Cristina Pellegrino Baena.

*Com informações da Agência Brasil.

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