Pesquisa financiada sobre câncer de mama busca contribuir para a eficiência do tratamento e melhorar a qualidade de vida das pacientes

No mundo, o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), são estimados 66.280 novos casos da doença no Brasil para cada ano do triênio 2020-2022. A maioria dos casos, quando diagnosticados em estágio inicial da doença e tratados adequadamente, apresentam boa taxa de cura. Assim, como o diagnóstico precoce continua sendo essencial para o combate à doença, durante o mês de outubro diversos órgãos e entidades públicas e privadas intensificam as ações voltadas à saúde da mulher.

Fundação Ezequiel Dias (Funed), as pesquisas envolvendo o câncer de mama têm se destacado pelo potencial de contribuir para a eficiência do tratamento e aumentar a sobrevida e a qualidade de vida das pacientes. Atualmente, o Serviço de Biologia Celular (SBC) da Fundação conta com três projetos voltados ao câncer de mama triplo negativo e financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig).

Segundo a pesquisadora da SBC Milene Pereira Moreira, existem vários tipos de câncer de mama. Alguns crescem mais rápido, enquanto outros crescem mais lentamente e também se distinguem pela resposta terapêutica. “O câncer de mama triplo negativo constitui cerca de 10 a 20% de todos os casos. Tem alta incidência em mulheres jovens e tem maior chance de recorrência da doença e morte dentro de três a cinco anos após o diagnóstico, em comparação com outros subtipos de câncer de mama, por isso a importância de se dedicar a pesquisar sobre isso”, reforça.

Para o pesquisador, os estudos visam melhorar a eficiência do tratamento e, consequentemente, podem reduzir custos para o Sistema Único de Saúde (SUS). “Os resultados de nossos estudos poderão indicar quais pacientes têm maior probabilidade de se beneficiar de um determinado medicamento quimioterápico, além de monitorar a eficiência (sucesso ou fracasso) do tratamento, por meio, por exemplo, de um exame que auxiliará na decisão do oncologista para a melhor terapia”, enfatiza Milene Moreira.

Uma das pesquisas é um estudo in vitro com linhagens celulares de câncer de mama triplo-negativo e a outra com amostras clínicas. Para a chefe da SBC, Luciana Maria Silva, a novidade dos projetos é a associação de uma população de células com um perfil específico e sua relação com a resistência à quimioterapia. “Estudos do nosso grupo sugerem que a presença de uma combinação de subtipos celulares nos tumores dos pacientes pode estar relacionada à resposta a diferentes drogas. O próximo passo é validar os resultados obtidos in vitro em um estudo com amostras clínicas de Para isso, estamos estabelecendo parcerias para a coleta de material”, detalha.

Além disso, a Funed recentemente teve uma patente depositada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), com o número do processo: BR 10 2022 011155 3, de um modelo fenotípico de estudo para medicamentos alvo e novos alvos terapêuticos baseados na combinação de subtipos celulares. “Esse modelo será utilizado em nosso estudo in vitro com linhagens celulares de câncer de mama triplo-negativas”, revela Luciana Silva.

Saiba mais sobre estudos

Recentemente, a SBC aprovou três projetos para estudar o câncer de mama triplo negativo. O primeiro intitulado “Estudo da regulação diferencial da autofagia dependente de ferroptose e ativação da via JAK/STAT3 entre subpopulações de células-tronco de câncer mesenquimal (CD44+/CD24-/low/CD146+) e células tumorais não CSC, em linhagens de células cancerígenas de câncer de mama triplo negativo para reversão da resistência quimioterápica (PROCESSO Fapemig N.: APQ-01857-21)” busca estudar como as células desse tumor morrem após o tratamento quimioterápico e, para isso, genes e tipos celulares já conhecidos, que participam do mecanismo que confere resistência à quimioterapia.

O segundo projeto, intitulado “Caracterização de subpopulações celulares presentes em amostras de tumores de mama triplo-negativos por meio da avaliação de antígenos de superfície celular relacionados ao fenótipo EMT e a presença de CSCs para validação de biomarcadores preditivos à resposta quimioterápica (Fapemig PROCESS N .: APQ-02344-18)”, avalia a presença de um tipo celular nos tumores dos pacientes e se torna o tumor mais agressivo e resistente à quimioterapia.

O terceiro estudo, que faz parte da Rede de Pesquisa Nanogene – Nanotecnologia aplicada ao desenvolvimento de vacinas e terapia gênica, intitula-se: CD44+/CD24-/low)”, para a descoberta de novas abordagens terapêuticas no câncer de mama triplo negativo. No estudo, um gene será inativado em células tumorais para descobrir se ele é o responsável pela resistência à quimioterapia. Todos esses trabalhos, juntos, ajudarão a desenvolver novos tratamentos para o câncer de mama triplo negativo de forma mais personalizada.

Por SES-MG Jornalismo

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