Ser mãe, pai ou responsável por um adolescente não é tarefa simples. Seja pelas mudanças comportamentais pelas quais todos passam nessa fase da vida ou pela educação e formação desses futuros adultos.
A saúde definitivamente está na lista de atenção especial dos pais. Para ajudar, o R7 ouviu médicos que selecionaram sete cuidados que não podem ser ignorados
Saúde mental
Os diagnósticos de depressão cresceram 40% no Brasil entre o período pré-pandemia e o primeiro trimestre de 2022, segundo a pesquisa Covitel, realizada pela Vital Strategies, e os adolescentes estão entre os que mais entraram nessa estatística. O psiquiatra que integra o corpo clínico do Dr. Consulta e especialista da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), Bonifácio Rodrigues ressalta que os problemas psicológicos começam antes dos 15 anos.
‘A maioria dos transtornos mentais ocorre antes dos 21 anos, grande parte, quase 50%, antes dos 15 anos. Essa questão de jovens com saúde mental intacta é uma lenda, porque os transtornos mentais começam muito cedo e evoluem com o tempo.’
A recomendação do psicólogo especialista em saúde mental infantil, Miguel Bunge, é ouvir sem recriminações e buscar ajuda. “A primeira coisa que os pais precisam fazer é ouvir seus filhos, dialogar, um diálogo aberto, um diálogo que chamamos de não punitivo. Quando a criança diz ‘ah, estou triste”https://news.google.com/__i/rss/rd/articles/,”não estou triste, que novidade’, chamamos isso de diálogo punitivo. Precisamos respeitar, apoiar a criança e deixar o diálogo aberto’
cuidado com a postura
O uso excessivo do telefone celular não só atrapalha a vida social, como os danos à saúde também são reais. A posição que o adolescente consegue para jogar, usar o celular ou estudar pode causar sérios problemas no futuro.
“Recomenda-se orientar as crianças e adolescentes a corrigir a postura. Aquela velharia de chamar atenção e também promover pausas. Não incentive ou facilite que eles fiquem expostos por muito tempo. A gente sabe que tem adolescentes, por exemplo, que jogam muitas horas e isso não é legal. Aliás, a cada 45, 50 minutos de tela, é recomendado um intervalo de 10, 15 minutos para a criança se recuperar’, orienta o pediatra Fausto Flor Carvalho, da SPSP (Sociedade Paulista de Pediatria).
saúde ocular
O uso de telas em excesso também causa problemas para os olhos dos mais novos, pois a luz azul emitida pelos aparelhos ao longo do tempo prejudica a visão.
‘Notamos um aumento no número de casos de miopia e realmente essa estimulação das telas, com essa questão da luz, tem sido prejudicial. Sabemos que também podemos ter problemas na frente e problemas de pele também, devido ao excesso de luz azul. Recomendamos que a cada dois ou três anos o jovem consulte um oftalmologista. Eventualmente, com o uso excessivo de telas, esse intervalo deve ser um pouco menor’, explica Carvalho
Falta de vitamina D
O hábito de ficar mais fechado em casa e não fazer atividades ao ar livre faz com que tenham deficiência de vitamina D, conforme explica Marise Lazaretti Castro, endocrinologista da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional de São Paulo).
“Depois dos 12 anos, quando a criança começa a se tornar adolescente, muda seu comportamento, deixa de tomar sol, fica mais dentro de casa. O que temos visto aqui no Brasil é que a deficiência de vitamina D tem um pico na adolescência e outro pico na velhice. Há dois momentos em que podemos ser deficientes em vitamina D e temos que prestar mais atenção a esses indivíduos.’
A produção de vitamina D só acontece através da exposição ao sol. Portanto, incentivar atividades ao ar livre pode melhorar a imunidade e a saúde óssea dos adolescentes. A substituição só deve ser feita sob supervisão médica.
saúde auditiva
Não há adolescente que não passe longas horas com um fone de ouvido, seja para ouvir música, assistir vídeos nas redes sociais, jogar ou até conversar com os amigos, e quase sempre o volume está muito alto.
Coordenador do Centro de Tonturas da Unidade Campo Belo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Márcio Salmito explica que som alto direto no ouvido e por longas horas pode causar traumas de médio e longo prazo.
‘A agressividade que o som faz mecanicamente machuca a célula, mas em um ritmo mais lento, geralmente não causa dor e a perda auditiva é mais insidiosa’, explica o médico. O pior é que não se regeneram: ‘Não tem volta, não podemos regenerar células que já morreram’.
Uma forma de contornar essa situação é submeter o adolescente a intervalos de uso do fone de ouvido, bem como a adequação do volume. Márcio também recomenda que as pessoas usem fones extra-auriculares, aqueles em formato de concha e que ficam ao redor da orelha, pois são mais vantajosos, pois bloqueiam o som do ambiente e ficam um pouco mais distantes do tímpano.
Evitar fones intra-auriculares (encaixados dentro da orelha) também é positivo, pois aumentam a chance de infecção e acumulam cera no ouvido, por exemplo.
cuidados com a alimentação
Nessa fase da vida, as pessoas acreditam que só elas podem definir a melhor forma de se alimentar e acabam optando por fast foods e alimentos ultraprocessados, o que pode acarretar ganho de peso e sérios problemas de saúde.
Esse período é tão complexo que atenção também deve ser dada à falta de alimentação, já que durante a pandemia cresceu o número de jovens com transtornos alimentares, segundo pesquisa realizada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais)
vida sexual
É também nessa fase que os indivíduos começam a ter contato com questões sexuais. A recomendação do pediatra é que a conversa seja sempre aberta e clara.
“O ideal é que a família inicie a conversa desde a infância, na linguagem da criança e de acordo com as dúvidas da criança. A curiosidade é comum na pré-adolescência e na adolescência. É preciso ter um contato olho no olho com as crianças e que a gente responda as perguntas sem julgamentos, além de ouvir o que ele tem a dizer’, enfatiza Fausto Flor Carvalho.
Desde o primeiro período, as meninas já começam a ir ao ginecologista. Os meninos, por outro lado, não têm um marco tão específico, mas a médica ressalta que buscar orientação de um especialista também é importante.
“Os meninos às vezes não vão ao médico. O próprio homem não tem um urologista acompanhando-o. Por isso, pode ser importante os pais levarem o adolescente para ver se ele está se desenvolvendo bem e tirar dúvidas sobre questões de sexualidade dentro do ambiente do consultório também’
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