Manter ereções prolongadas é uma habilidade muito desejada pelos homens e pode ser vista como um marcador de masculinidade, mas tudo tem um limite: a saúde do pênis. No extremo, há uma condição conhecida pelo nome de priapismo, em que os pacientes geralmente relatam dor associada ao pênis permanecer ereto por pelo menos 4 horas. Isso pode ocorrer sem qualquer desejo sexual envolvido e, quando não tratado, pode levar à necrose tecidual.
A questão do priapismo começa a ser discutida no romance todas as flores, que estreou nesta quarta-feira (19) na plataforma Globopay. Na trama, o personagem Oberdan, interpretado pelo ator Douglas Silva, sofre de uma versão moderada e frequente da condição que causa ereções prolongado.
Para entender o que é o priapismo, quais são as causas e os possíveis tratamentos, o Canaltech entrevistou o médico Alex Meller, urologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Hospital Israelita Albert Einstein. O especialista disse que, geralmente, “é preciso procurar atendimento médico urgente” para controlar os casos graves.
O que é priapismo?
“O priapismo é uma condição patológica. É uma doença que pode ser desencadeada pelo uso de alguns medicamentos específicos ou por alguma outra doença de base”, explica Meller, focando na forma mais grave, o priapismo isquêmico. região, causando ereções prolongadas e acompanhadas de dor.
Além disso, há priapismo não isquêmico, onde o retorno venoso é normal, ou seja, o sangue não fica retido e tende a ser indolor. Nesses casos, a ereção é mantida pela constante entrada e saída de sangue na região, associada a uma lesão no pênis ou períneo. A resolução pode ser espontânea, mas a consulta com especialista é sempre indicada.
Este é o principal sintoma do priapismo
Quando pensamos em priapismo, o médico explica que o principal sintoma é uma “ereção longa, duradoura e dolorosa, na qual o paciente costuma sentir grande desconforto, pois o pênis não desce”. Para ser considerado um caso clássico da condição, não há tempo específico. No entanto, “sabemos que se a ereção durar mais de 4 horas, pode prejudicar o pênis e sua irrigação”, detalha Meller.
Quais são as causas do priapismo?
No caso do priapismo isquêmico, as principais causas são:
- Medicamentos para estimular a ereção, como viagra e outras fórmulas similares;
- Uso de anfetaminas;
- Uso de drogas ilícitas como cocaína;
- Alguns tipos de antidepressivos;
- Consequência de injeções intravenosas que induzem a ereção;
- Anemia falciforme;
- Leucemia e outros tipos de câncer.
“Na verdade, qualquer doença que cause alguma alteração na coagulação do sangue pode causar esse tipo de alteração” no pênis, explica o urologista.
Ereção prolongada e duradoura é curável?
“Não há remédio para resolver a condição e o tratamento [adequado] é feito por um urologista”, diz o médico. Isso porque, após uma ereção com duração de 4 horas ou mais, é necessário perfurar o pênis. Basicamente, o profissional insere uma agulha no órgão e, com isso, aspira o sangue presos nos corpos cavernosos – local do membro genital por onde circula o sangue, então é feita uma lavagem para sanitizar.
“Se isso [a primeira punção] não resolver, fazemos uma segunda lavagem com uma substância chamada adrenalina ou noradrenalina”, detalha Meller. A substância faz com que os vasos sanguíneos se contraiam, facilitando e induzindo a perda da ereção. “Se mesmo assim não resolver, o próximo passo é uma procedimento cirúrgico, onde é feita a drenagem”, completa.
Quão comum é o priapismo na população masculina?
O priapismo não está associado a uma faixa etária, pois a maioria dos casos depende de fatores específicos — como doença ou uso de algumas substâncias farmacológicas. Também pode ser visto como uma condição rara na população masculina.
Publicado em revista científica Urologiaum estudo buscou estimar a incidência de priapismo na população mundial na década de 2000. “A incidência de priapismo é baixa, mas parece maior do que se supunha anteriormente”, dizem pesquisadores do Centro Médico da Universidade Erasmus, na Holanda.
Por ano, estima-se 1,5 casos por 100 mil pessoas. Em homens com 40 anos ou mais, a incidência quase dobra. Existem 2,9 casos por 100.000 pessoas.
Deus grego Príapo e a origem mitológica da condição
Um fato curioso é que o nome da condição é inspirado na mitologia grega, segundo a American Urological Association (AUA). Mais especificamente, a origem do priapismo está no deus Príapo, que representava a fertilidade. Nas artes da época, ele era representado com um pênis longo e ereto.
Filho de Afrodite e Dionísio — algumas histórias o classificam como filho de Hermes —, Príapo nasceu com feições consideradas brutas e genitais gigantes, pelo “castigo” de Hera. No entanto, o ereção permanente só se desenvolveu mais tarde, como outra punição. Esta foi a pena imposta por tentar estuprar a ninfa Lotis, que deu origem à planta de lótus.
Na história da medicina, os primeiros relatos da condição causando uma ereção duradoura e involuntária foram feitos pelos médicos gregos Galeno e Sorano de Éfeso.
Fonte: Com informações: Urologia, NÃO FAÇA e Clínica de Cleveland
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