Qual é o perigo de estar perto de animais doentes como a ema Emmanuel?




Taylor Blake e sua ema Emmanuel

Taylor Blake e sua ema Emmanuel

Foto: Reprodução / Twitter @hiitaylorblake

Quando um agricultor americano publicou em redes sociais uma foto sua com seu rosto colado ao de Emmanueluma ema famosos nas redes sociais que se cansaram gripe aviáriavirologistas e epidemiologistas alertaram sobre os riscos de zoonoses. Casos como o dela, dizem eles, podem desencadear novas cepas de vírus perigosos para a humanidade.

Taylor Blake – que se tornou viral em TikTok compartilhando o dia a dia de seus animais — divulgou a foto neste sábado (15), mostrando preocupação com a saúde dos Emmanuel. A gripe H1N5 matou 99% das aves em sua fazenda.

Dependendo do animal, da cepa do vírus e da bactéria, transmissibilidade e outros fatores, o contato com animais infectados com patógenos pode causar epidemias e pandemias globais como covid-19cuja possível origem é associado com morcegos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), zoonose é qualquer doença ou infecção naturalmente transmissível de animais vertebrados para humanos, como raiva, gripe aviária, gripe suína, toxoplasmose e outras. Existem atualmente mais de 200 tipos conhecidos dessas doenças.

“A interação entre humanos e animais e sua mobilidade disseminam zoonoses que impactam e permanecem com alta incidência em vários países”, disse Fernanda Machiner, epidemiologista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). As transmissões por meio de vetores intermediários também são chamadas de zoonoses, em doenças transmitidas por mosquitos como dengue, zika e chikungunya.

transmissão de doenças

Luis Gustavo Corbellini, veterinário e doutor em epidemiologia, disse ao Byte que cada agente microbiano pode ter muitos hospedeiros reservatórios – espécies que possuem um patógeno, mas não apresentam sintomas. É o caso de roedores que têm Leptospira (e transmitem leptospirose) ou morcegos, que transmitem o coronavírus.

A maioria destes animais hospedeiros são de origem selvagem. Um documento das Nações Unidas para o Meio Ambiente mostrou que cerca de 60% das infecções em humanos se originam em um animal. O cenário muda entre doenças infecciosas novas e emergentes, com 75% delas sendo transmitidas de uma espécie animal intermediária para humanos. E cerca de 80% dos patógenos que contaminam os animais são multi-hospedeiros, ou seja, transitam entre diferentes animais e também entre humanos.

O virologista e professor da Universidade da Feevale (RS) Fernando Spilki explica que o ponto relevante sobre a transmissão de zoonoses, que determina a introdução de novos vírus de animais e humanos, é o evento do contato direto em primeiro lugar.

Segundo ele, isso pode ocorrer por meio do consumo, agressão por invadir o espaço do animal ou até mesmo uma tentativa de trazer animais silvestres para o ambiente doméstico para transformá-los em animais de companhia. “Outras vias importantes são através de vetores, especialmente mosquitos, mas também através da contaminação de água e alimentos”, disse Spilki.

Animais domesticados também podem servir como pontes para o surgimento de novas doenças. Além da covid-19, outras infecções tiveram impactos profundos na sociedade, como gripe aviáriauma Gripe suína está em fúria — este último é transmitido por cães e gatos.

Fernanda, no entanto, exemplifica que “cada zoonose tem sua característica — algo que vai definir o risco de transmissão e as medidas de controle”.

Infecções por contato e risco de pandemia

No caso da ema, ela está infectada com o vírus H1N5, considerado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos como Influenza Aviária Altamente Patogênica (HPAI). De acordo com a agência, apenas alguns vírus da gripe aviária da linhagem A(H5) e A(H7) são classificados como vírus HPAI.

Infecções com vírus HPAI A(H5) ou A(H7) podem causar doenças que afetam vários órgãos internos com mortalidade de até 90% a 100% em galinhas, geralmente dentro de 48 horas. No entanto, os patos podem ser infectados sem quaisquer sinais de doença.

O dono de Emmanuel compartilhou em Twitter que a ave está sendo “tratada” com suplementos e vitaminas e que está tomando os cuidados recomendados pela agência reguladora (FDA), como a lavagem das mãos. Mas ele disse que não está usando máscara porque o animal está “agitado e não entende”.

Segundo Fernanda, o sacrifício de animais é necessário em alguns casos. “Se a granja realmente tem 99% das aves infectadas, o processo é o redução de todos e também um processo de rastreamento de contatos, para identificar possíveis contágios humanos. É uma das principais medidas de controle”, disse o epidemiologista.

Gustavo Corbellini concorda que é preciso seguir os protocolos dos órgãos de saúde e agricultura para conter a doença. “Segundo os serviços veterinários oficiais, para controlar o H5N1 é preciso matar o surto. Então, se a propriedade tem cinco emas, deve haver um sacrifício sanitário (abate) de todas elas”, disse.

Mas ele explica que essa mutação do vírus H5N1, que circula desde 1999, nunca se tornou uma ameaça à saúde pública porque não é transmitida entre humanos. Apesar disso, o especialista alerta que a gripe sempre tem o risco de potencial pandêmico.

Segundo Spilki, mutações e fenômenos como recombinação (mistura entre genomas) são os meios pelos quais os vírus evoluem, se adaptam e podem passar para novos hospedeiros.

O infectologista Robson Reis, professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, destaca que, com essa possível mutação, o patógeno pode se replicar facilmente e formar subvariantes. “Dessa forma, poderia facilitar a transmissão de humano para humano e ter uma nova pandemia”, disse ele. Byte.

Reis diz que a partir do momento em que esses vírus mudam, eles podem se tornar mais virulentos e mais agressivos, por isso, a cada ano, as pessoas precisam tomar a vacina contra a gripe.

Diversas práticas são reconhecidas como eficazes na redução do risco de zoonoses se tornarem pandemias. Alguns estão evitando o contato com animais infectados, lavando as mãos e cuidando da comida e da água. Doenças como a raiva são 100% evitáveis ​​através da vacinação também.

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