Com o objetivo de orientar os profissionais da Assistência e Vigilância Epidemiológica sobre os casos suspeitos de varíola, bem como as condutas clínicas e o acompanhamento do paciente, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Uberlândia realizou nesta terça-feira, 11 de outubro, uma capacitação – feita por videoconferência – para os técnicos das vinte e sete secretarias municipais de saúde da macrorregião da Saúde Triângulo do Norte.
“A manifestação clínica atual da doença é diferente da manifestação clínica clássica africana. Qualquer pessoa é suscetível à varíola”, disse o infectologista José Humberto Caetano Marins, explicando que não é uma doença sexualmente transmissível. Além disso, o médico reforçou que o vírus teve uma mutação recente e a transmissão atual é entre humanos. Portanto, não faz sentido maltratar ou prejudicar primatas não humanos, o que é crime previsto em lei.
Monkeypox é transmitido por contato com lesões, secreções respiratórias por gotículas face a face e com possibilidade de transmissão por aerossol, contato com material contaminado (como toalhas e roupas); contato transplacentário e periparto; e zoonótica, que é o contato direto com sangue, secreções e lesões de animais infectados. O uso de Equipamentos de Proteção Individual pelos profissionais de saúde é essencial para o atendimento dos casos suspeitos.
O período de transmissibilidade ocorre desde o início dos sintomas até o desaparecimento das crostas, com a reepitelização da pele (fase de cicatrização de uma ferida caracterizada pelo crescimento do epitélio ao redor da ferida). Segundo o médico, assim como na covid-19, os cuidados são semelhantes. “Manter o paciente em isolamento, não entrar em contato com grupos de risco e animais, usar roupas compridas, máscara, cuidados com lesões de pele, além de cuidados com a saúde mental e triagem de contato próximo”. O atendimento à gestante e ao recém-nascido é diferenciado e o manejo clínico está descrito nos protocolos.
O vírus da varicela causa maior acometimento da derme, mas pode ser semelhante a outras doenças, como varicela/varicela e sífilis. “A investigação deve ser feita para todos os suspeitos. Já tivemos casos de infecção simultânea de varíola e outro agravamento”, destacou Marins. Ele ressaltou ainda que não existe um tratamento específico aprovado para a doença. “Existem medicamentos que aliviam a dor e contribuem para o ressecamento das lesões”, concluiu.
Apesar da baixa letalidade, as publicações científicas ainda são incipientes quanto aos efeitos prolongados da doença. “Temos relatos de pacientes que estão apresentando comprometimento ocular e do sistema nervoso central”, disse o infectologista. A maioria das internações é devido ao manejo da dor e da infecção.
Por fim, Marins comentou sobre a vacinação. “Os estudos atuais revelam a eficácia da vacina nos grupos de comportamento de maior risco, porém a demanda excede em muito a disponibilidade do imunizante”, disse ela.
Presente no treinamento, Virgínia Nunes de Urzêdo, coordenadora de Vigilância em Saúde de Araguari, destaca a importância de os profissionais do município se comprometerem a participar de atualizações e capacitações para atuarem em tempo hábil. “Nossa macrorregião de Saúde já tem muitos casos confirmados e suspeitos de varíola. Os sistemas de saúde estão em alerta para o cenário inusitado e circulação em regiões não endêmicas. Precisamos estar muito atentos para fortalecer a capacidade diagnóstica”, disse o coordenador municipal.
Habilidades de Monkeypox
Mariana Menezes de Rezende Costa, coordenadora de Vigilância Epidemiológica da SRS Uberlândia, destacou o processo de educação permanente realizado com os municípios desde a identificação dos primeiros casos suspeitos no país. “Repassamos todos os treinamentos virtuais oferecidos nas esferas federal e estadual, fazemos alinhamentos sobre o fluxo de envio de amostras para confirmação ou descarte da doença, inserção de informações no sistema de notificação e investigação, além de atualizar as notas técnicas. O assunto está na pauta das reuniões mensais da Câmara Técnica e da Comissão Intergestores Bipartite”.
Monkeypox: entenda o fluxo de envio de amostras biológicas de Uberlândia e região para a Funed
cenário de doença
Dados recentes divulgados pela Organização Mundial da Saúde apontam para quase 70 mil casos notificados, com 25 mortes. A doença é de notificação compulsória e está presente em 106 países. O Brasil concentra 8.340 casos da doença, sendo Minas Gerais o terceiro estado com maior número de pacientes diagnosticados. São 533 casos confirmados no estado de Minas Gerais, sendo 59 na macrorregião de Saúde Triângulo do Norte.
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