Saiba como a doença é diagnosticada

Doença de Alzheimer: doença que atinge mais de 1,2 milhão de brasileiros pode apresentar sinais que antecedem a perda de memória

Por Paula Bourguignon

Processos neurodegenerativos podem iniciar-se até duas décadas antes das primeiras manifestações clínicas da doença

A perda de memória é mais frequentemente o principal fator associado à doença de Alzheimer. No entanto, especialistas alertam para processos neurodegenerativos, que podem se iniciar até duas décadas antes das primeiras manifestações clínicas da doença, com sintomas que vão além da clássica dificuldade de memória, principalmente entre os idosos.

“Por exemplo, o paciente passa a usar palavrões rotineiramente, o que não fazia antes, perder o filtro nas conversas ou falar palavras inapropriadas na frente das crianças pode ser um alerta precoce para a doença”, diz o geriatra Roni Chaim Mukamal, superintendente da medicina preventiva da MedSenior.

Segundo o geriatra, a ocorrência da doença tem se tornado cada vez mais frequente à medida que a população envelhece, mas, segundo a Associação Brasileira de Alzheimer, apenas metade dos casos recebe o diagnóstico adequado.

“A partir dos 65 anos, o risco de desenvolver a doença dobra a cada cinco anos. Os familiares precisam estar atentos às mudanças de comportamento do paciente para aumentar as chances de diagnóstico em fases iniciais”, afirma.

Ele explica que os sinais e sintomas da doença ainda são pouco conhecidos e isso atrasa o diagnóstico. Além disso, não existe um tratamento eficaz que leve à cura. “Os medicamentos são usados ​​como alternativa para frear a progressão da doença e oferecer mais qualidade de vida ao paciente, uma forma de retardar a evolução dos estágios”, diz.

Diante disso, o especialista reforça que o mais sensato é prevenir. “A prevenção inclui levar um estilo de vida saudável, cuidar do corpo e da mente, fazer exercícios físicos e outras atividades que aumentem a capacidade cognitiva”, revela.

O médico alerta: “Não é correto dizer que a presença isolada de algum desses sinais significa que a pessoa está desenvolvendo ou vai desenvolver Alzheimer. O que é preciso é estar atento ao conjunto de fatores que envolvem a mudança de comportamento, principalmente em idosos, e fazer acompanhamento com o médico solicitante”, enfatiza.

Confira estes sinais:

não tem filtro

Os pacientes de Alzheimer começam a ter menos filtro quando falam. À medida que a doença se desenvolve, os pacientes tornam-se mais rudes, falam palavras inadequadas e se dirigem a estranhos com mais frequência do que antes.

Especialistas dizem que os pacientes também podem perder inibições sexuais, como se despir ou tocar suas partes íntimas na frente de outras pessoas. Os cientistas acreditam que essa mudança é causada por uma diminuição no córtex pré-frontal e no lobo frontal do cérebro, a parte responsável pelo controle das atitudes.

Xingamento excessivo

Outro sinal precoce é quando a pessoa começa a xingar muito, principalmente em situações inadequadas, como na frente de crianças. Pesquisadores da Universidade da Califórnia, EUA, descobriram que 18% das pessoas com Alzheimer usavam palavrões quando instruídos a nomear palavras que começavam com certas letras do alfabeto. Nenhum dos pacientes saudáveis ​​mencionou essas palavras.

vestir-se desajeitadamente

As pessoas com Alzheimer podem ter dificuldades para escolher como se vestir adequadamente, seja em termos de combinações de roupas ou condições climáticas. Pesquisas realizadas nas universidades de Kent e York, na Inglaterra, mostraram que pessoas com Alzheimer começaram a ter muita dificuldade para se vestir adequadamente por conta própria.

dar dinheiro a estranhos

Cientistas da University of Southern California (USC), nos Estados Unidos, e da Bar-Ilan University, em Israel, apontam que idosos mais propensos a dar dinheiro a estranhos apresentaram pior estado cognitivo, sugerindo maior chance de desenvolver Alzheimer. Segundo pesquisadores, ter dificuldade em lidar com dinheiro pode ser um dos primeiros sinais do Alzheimer.

Desorientar

Aqueles que começam a desenvolver Alzheimer também têm dificuldades para dirigir, pois a condição começa a afetar as habilidades motoras e de raciocínio. A doença retarda as reações e torna o ato de estacionar um dos maiores desafios, levando a uma situação de muito estresse e agitação.

Um estudo da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, estudou os hábitos de direção de 139 pessoas durante um ano. Cerca de metade teve diagnóstico precoce de Alzheimer, enquanto a outra não teve a doença. Os cientistas notaram que as pessoas com Alzheimer eram mais propensas a fazer mudanças abruptas na direção, além de dirigir mais devagar.

Se perca em lugares familiares

Um sinal comum presente mesmo no início do aparecimento da doença é se perder com facilidade ou não conseguir encontrar o caminho de volta para casa, mesmo em lugares familiares. Esse sinal costuma ser considerado natural para a idade, mas deve levantar o alerta para uma consulta com o neurologista.

Dificuldades com o vocabulário

Um sinal precoce comum da doença é a dificuldade em encontrar as palavras certas em uma conversa ou ao citar objetos, às vezes com a palavra errada usada. As pessoas afetadas dessa maneira param no meio da fala, trocam palavras ou geralmente dizem “isto” em vez do nome específico da coisa.

Como prevenir a doença de Alzheimer?

A doença de Alzheimer ainda não possui uma forma específica de prevenção, porém os médicos acreditam que manter a mente ativa e uma boa convivência social, regada a bons hábitos e estilos, pode retardar ou até inibir a manifestação da doença.

Com isso, as principais formas de prevenir não só o Alzheimer, mas outras doenças crônicas como diabetes, câncer e hipertensão, por exemplo.

Mas veja como prevenir:

  • Estude, leia, pense, mantenha sua mente sempre ativa
  • Faça exercícios aritméticos
  • jogos inteligentes
  • Atividades em grupo
  • Não fume
  • Não consuma álcool
  • Tenha uma alimentação saudável e regular
  • Faça atividades físicas regulares.

Tratamento

O principal cuidado às pessoas com Alzheimer é proporcionar a estabilização do comprometimento cognitivo, do comportamento e do desempenho das atividades da vida diária.

“É importante conhecer os idosos e restabelecer sua confiança. O ideal é realizar atividades com leituras e recortes de livros. Traga fotografias antigas para lembranças. Faça atividades com objetos para memorização e traga temas importantes para comparar hoje e como era na antiguidade”, menciona a psicopedagoga Jheany Santos Ferreira.

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