Se antes Kim Kardashian simbolizava uma mulher com curvas definidas e bem assumidas, já que decidiu perder sete quilos em três semanas para entrar em um vestido icônico Marylin Monroepara o Met Gala, em maio, sua ideia de corpo perfeito e sensual parece ter mudado.
A silhueta contornada de Kim Kardashian ajudou milhares de meninas e mulheres a se sentirem bem com seus corpos voluptuosos (empurrando outras para a cirurgia para viver de acordo com esse ideal) – não há como negar que o Kardashian-Jenners são figuras públicas que vêm ditando tendências e padrões de beleza nos últimos anos. No entanto, a questão agora surge é se essa mudança na percepção do corpo influenciador terá consequências semelhantes, mas na direção oposta.
“Isso marca uma mudança de tom, inaugurando o fim de uma era que, pelo menos, celebrava corpos curvilíneos”.escreve Marielle Elizabeth, colunista do Voga britânico. “Se a mulher que mais influenciou e moldou os padrões de beleza nos últimos 15 anos está desaparecendo lentamente diante de nossos olhos, é porque a praga do ideal anoréxico branco (…) está de volta em nossas vidas”escreve, por sua vez, Noelia Ramírez, jornalista O paísevocando a memória do início do milênio, quando a tendência era o corpo “impossivelmente magro” para fazer jus à moda então em vigor: calças de cintura baixa que exigiam ou uma barriga lisa ou um encolhimento crônico dela .
E, aparentemente, a tendência voltou, basta olhar para os expositores das marcas mais compradas por adolescentes e jovens. Há sempre os “revivals de eras passadas” que vem ganhando cada vez mais aceitação entre as celebridades da geração Z, como Hailey Bieber ou a cantora Dua Lipa, e, por isso, atinge seus seguidores, reconhece Tó Romano, diretor da agência Central Modelospara o público.
diversidade corporal
O caso de Kim Kardashian – que admitiu, em junho, ter perdido ainda mais peso, exibindo nas redes sociais um “antes” e “depois” bastante polêmico e que incendiou as redes sociais -, pode ser visto com preocupação, avalia o médico Catarina Santos, da Clínica Metamorfose, em Vila Franca de Xira, ao PÚBLICO.
“Nós sabemos que você é modelos trazer problemas psicológicos para as classes mais jovens”, diz. São os adolescentes “que mais sofrem por ainda não terem uma personalidade formada e serem mais suscetíveis a se deixar influenciar” por esse “tipo de exemplos que acabam sendo prejudiciais, mesmo que não pareça, mesmo que é moda”, denuncia.
Isso porque as jovens aspiram à “vida rosa” que seguem nas redes sociais, concorda a nutricionista Ana Bastos, alertando que é importante perceber que cada pessoa “é como é” e que buscar padrões inatingíveis tem riscos associados.
Tó Romano reconhece que o tema da magreza como “lei” corporal nunca deixará de ser tema de conversa, mas sim um aspecto positivo que o século XXI trouxe foi a ligação entre a imagem e as questões de saúde. Agora há uma aposta na “naturalidade e saúde”, daí, na sua opinião, a opinião geral em torno do caso de Kim Kardashian ser mais “crítico” do que “convidar a fazer o mesmo”. São as dietas e os comportamentos exagerados que levam a transformações “da noite para o dia” que começam a “ficar fora de moda”, salienta.
A doutora Catarina Santos lembra que, “nas últimas décadas, o corpo gordo que indicava fartura e riqueza passou a ser visto como uma falha moral” e a magreza, por sua vez, um ideal a seguir. Mas isso, mesmo assim, muita coisa mudou nos últimos anos, com os movimentos de positividade do corpo ou corpo neutralidadepor exemplo, com a mídia e a publicidade contribuindo para o início de ver modelos com “padrões estéticos não estereotipado” e com “imperfeições”.
Para o diretor da Central Models, “isso conquistou a liberdade” em relação à diversidade corporal — impulsionada, no início dos anos 2000, pela Campanhas da marca Dove —, dá esperança e tudo indica que veio para ficar. Vivemos tempos de “democratização da moda e aceitação do corpo”, diz a ex-modelo.
Por um lado, continua Tó Romano, há uma grande variedade de roupas, cada uma sendo convidada a definir seu próprio estilo para que nunca se sinta “fora de moda”; para outro, “a tendência é que qualquer um se sinta bem com seu corpo, mas, acima de tudo, aceite seu corpo”. E continua: O influenciadores as impressões digitais contribuíram para isso, já que muitos não têm “um metro e oitenta de altura e não são super magros”.
Evite restrições excessivas
Foi vestindo um traje de sauna duas vezes ao dia, com corridas regulares na esteira e um corte total de açúcares e carboidratos, que, em pouco tempo, Kim Kardashian atingiu o peso que desejava. Práticas que não devem ser seguidas por ninguém, aconselha a médica Catarina Santos, pois podem levar a “reduções repentinas de peso, com perda de massa muscular, desidratação” e até desenvolver “distúrbios alimentares” e outros problemas psicológicos, como depressão ou ansiedade.
Em seu trabalho, a nutricionista Ana Bastos vem sentindo os efeitos das redes sociais e da desinformação, no que diz respeito à nutrição, aconselhando que, se o objetivo é aprender a comer melhor, é preciso seguir as páginas de quem conhece a fala : nutricionistas. “Sou nutricionista há 20 anos e nunca tive pessoas na consulta com tantas dúvidas, porque x e y disseram não sei o quê”, testemunha.
O importante para quem quer emagrecer, recomenda ele, é respeitar a si mesmo, seus gostos e evitar restrições excessivas para que o processo continue saudável e não se torne uma tortura. ou em “outro conjunto de tarefas em uma vida já ocupada”. adicionar à alimentação de avião atividade física adequada também é essencial e, por fim, é importante saber como acabar com o processo de perda de peso assim que o peso desejado for alcançado. Em caso de visão distorcida do corpo, é importante pedir ajuda, acrescenta.
Além disso, lembra Ana Bastos, deve-se evitar que a preocupação com a perda de peso domine a vida: a alimentação também é aliada aos momentos de convívio e felicidade e não é porque há momentos excepcionais no plano alimentar que “está tudo estragado”.
É preciso cuidar do corpo, sim, concordam os especialistas, mas para ganhar saúde e não com o objetivo de atingir determinados padrões de estética. Porque, conclui Tó Romano, o ideal de beleza, mais do que aparência, está associada a algo que vem de dentro: “positivismo, sorriso, alegria”.
Leave a Reply