Síndrome da gordura dolorosa: qual é a doença confundida com obesidade

Pouco conhecido e muitas vezes confundido com a obesidade, o lipedema é uma doença progressiva caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura em regiões específicas do corpo, como pernas, braços, joelhos e coxas. Também chamada de “síndrome da gordura dolorosa”, afeta quase exclusivamente mulhereses. No Brasil, 5 milhões provavelmente vivem com a doença sem saber e, por isso, não recebem tratamento adequado, segundo dados da ONG Movimento Lipedema.

“O lipedema é uma doença do tecido adiposo com caráter genético e influências ambientais. O estrogênio desempenha um papel importante, mulheress são os mais afetados. O início dos sintomas está associado a fases importantes da vida do paciente. mulheres, como puberdade, gravidez e menopausa. A doença é caracterizada por uma deposição desproporcional de gordura nos membros, principalmente nas pernas”, explica a dermatologista Lyvia Salem, integrante da ONG Movimento Lipedema.

A médica ainda tem o diagnóstico da doença, descoberto por ela mesma em 2019, após se aprofundar no assunto. Hoje, ela ajuda os outros mulheresaqueles que sofrem com o problema. E acrescenta que, diferentemente da obesidade, no lipedema, o excesso de gordura não é distribuído por todo o corpo.

Lipedema: doença confundida com obesidade
Diferenças no corpo causadas pela obesidade e lipedema. Crédito: Movimento Lipedema/Instagram

Incluído no Código Internacional de Doenças (CID 11) no início deste ano pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o lipedema tem como principais características: dores frequentes nas regiões das pernas, quadris, braços e antebraços, que se tornam mais espessas e desproporcionais em relação ao resto do corpo. Além disso mulheres pode ter hematomas de qualquer movimento brusco. Isso porque a doença causa uma reação inflamatória nas células de gordura dessas regiões.

Quem sofre de lipedema também tende a desenvolver varizes, hematomas ou aumento do inchaço na panturrilha durante a segunda metade do dia.

“Muitas vezes, o lipedema está associado à obesidade. Por se tratar de um aumento de gordura nos membros, muitos acreditam que basta se exercitar e comer melhor e a gordura diminuirá. No entanto, a doença não responde à dieta, exercícios ou mesmo cirurgia bariátrica”, destaca Lyvia.

Segundo o médico, a doença foi negligenciada por muitos anos. Apesar de ter sido descrita pela primeira vez em 1940, só foi reconhecida pela OMS como doença em 2018. Além disso, também é frequentemente confundida com celulite, enquanto suas dores podem ser confundidas com as da fibromialgia.

OS HOMENS PODEM SER AFETADOS?

O lipedema geralmente afeta mulheresestão em fases hormonais de pico, como puberdade, gravidez e menopausa. No entanto, existem casos raros da doença aparecendo em homens.

como em mulheresOu seja, observou-se que homens com sintomas de lipedema também apresentam distúrbios hormonais, como diminuição da produção de testosterona.

“Na literatura médica, foi descrito que o envolvimento masculino é raro. No entanto, acredito que seja ainda mais subdiagnosticada do que em mulhereses. É possível que, por não estarem sob a influência do estrogênio como os mulheresOu seja, eles não desenvolvem tantos sintomas ou inflamação”, disse Lyvia Salem.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico do lipedema é baseado em uma série de informações que o especialista analisa, como o histórico do paciente. Neste caso, observam-se relatos de dor, hematomas, dificuldade em perder gordura, piora após momentos de alterações hormonais, exame físico sobre a presença de pele fria, nódulos de gordura nos braços e coxas, sinal do torniquete no tornozelo e bolsas de gordura. nos joelhos; além de um exame de sangue, com análise de indicadores relacionados.

Embora não exista um exame específico para o diagnóstico do lipedema, é possível estudar a distribuição corporal e descartar outras patologias que muitas vezes são confundidas com a doença, como varizes ou problemas linfáticos.

QUAL É O TRATAMENTO?

O tratamento do lipedema consiste em uma dieta anti-inflamatória. Mas Lyvia Salem ressalta que essa dieta é bastante individual, pois cada paciente inflama com um tipo diferente de alimento. Fazer exercícios físicos, evitar ganho de peso, fazer drenagem linfática, realizar liberação miofascial – uma forma de pressão no local da dor – e usar meias elásticas de compressão são outras formas de tratar a doença.

Segundo o médico, é recomendado evitar o abuso de alimentos como carne suína e bovina, embutidos, além de refrigerantes e bebidas alcoólicas, por serem alimentos e bebidas com potencial inflamatório.

Há também o tratamento cirúrgico, no qual é realizada uma lipoaspiração do tecido doente. O problema é que a cirurgia tem um custo alto e não está disponível no mercado. Sistema Único de Saúde (SUS) e nem é coberto por planos de saúde.

Lyvia ressalta que, se não for tratado, o problema tende a progredir com o passar dos anos e causar diversas complicações. A progressão da doença é medida em quatro estágios. Veja abaixo:

AS QUATRO ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DO LIPEDEMA

  1. primeira etapa: observa-se a presença de nódulos, mas a aparência da superfície da pele permanece normal;
  2. Segundo estágio: há acúmulo de gordura na forma de nódulos, deixando a pele irregular e endurecida. Em alguns casos, o local pode ser doloroso e hematomas são comuns;
  3. Terceira etapa: há acúmulo excessivo de gordura e a pele apresenta deformidades. Dor e hematomas são frequentes;
  4. Quarta etapa: danos ao sistema linfático ocorrem como resultado do grande acúmulo de gordura e deformidade da pele; o paciente também sente dor intensa e tem dificuldade para andar.


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