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A redação do Sul
| 8 de outubro de 2022

Não casar aumenta a idade em até quatro meses. (Foto: Reprodução)
A solidão e o não ser feliz podem envelhecer o relógio biológico das pessoas em até um ano e oito meses, de acordo com um estudo realizado pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, em parceria com a Deep Longevity, empresa chinesa. Como medida de comparação, as duas emoções negativas são piores para a saúde de uma pessoa do que fumar, pois fumar acelera o envelhecimento em um ano e três meses.
O estudo foi baseado em dados de mais de 12.000 adultos chineses, todos de meia-idade, e cerca de um terço tinha condições subjacentes importantes, como doenças pulmonares, câncer e até mesmo derrames. Os participantes foram então pareados por idade cronológica e sexo, e tiveram seus resultados comparados para estabelecer quais estavam envelhecendo mais rápido.
Sentir-se solitário ou infeliz aumentou a idade biológica em até um ano e oito meses, o que foi o maior preditor de declínio biológico mais rápido. Em seguida veio o fumo, com apenas cinco meses de intervalo. Ser homem também foi uma predisposição para envelhecer mais rápido. Além de morar na zona rural, devido às condições mais duras dos trabalhadores, como fábricas e menos hospitais e consultórios médicos.
Não se casar, que também está ligado a uma morte precoce, aumenta a idade em até quatro meses.
“A solidão nada mais é do que a percepção da falta de conexão social com outras pessoas. Se somos seres sociais, essa falta de interação gera processos inflamatórios crônicos em nosso corpo e altera nossa capacidade cognitiva. Quando estamos sozinhos, nosso cérebro nos coloca em estado de hiperalerta, mediado pelo aumento da produção de cortisol, como uma resposta inata para nos proteger de uma situação potencial que ameaça a sobrevivência. Com o aumento do cortisol, diversas reações químicas e mentais relacionadas ao estresse são desencadeadas, gerando maior desgaste no corpo e na mente. O estado de hipervigilância também prejudica a qualidade do sono, prejudicando o relaxamento necessário para uma boa noite de sono, impedindo que o corpo se restabeleça adequadamente após um dia acordado. Este acontecimento degenera constantemente a pessoa por dentro e por fora, o que acaba por envelhecê-la. É um círculo vicioso”, explica Arthur Danila, Coordenador do Programa de Mudança de Hábitos e Estilo de Vida do Instituto de Psiquiatria da USP.
A pesquisa também mostrou que danos ao relógio biológico do corpo aumentam os riscos de Alzheimer, diabetes, doenças cardíacas e câncer. Especialistas acreditam que a inflamação crônica causada pela infelicidade causa danos às células e órgãos vitais.
“Os estados mentais e psicológicos são alguns dos preditores mais robustos de resultados de saúde e qualidade de vida, mas foram omitidos dos cuidados de saúde modernos”, diz Manuel Faria, autor do estudo.
O estudo analisou apenas adultos de nível médio a avançado, o que significa que não está claro se os resultados são transferidos para grupos etários mais jovens. No entanto, com a pandemia do coronavírus, fica claro que há mais pessoas infelizes, solitárias e com altos níveis de ansiedade e depressão.
“Já existem estudos que mostram que mulheres deprimidas são mais propensas a ter um ataque cardíaco do que aquelas com colesterol alto ou pressão alta, por exemplo. Isso se deve ao aumento dos mediadores de resposta ao estresse. Eles diminuem nossa imunidade, aumentam a produção de cortisol e insulina, aumentam a arteriosclerose, que é o acúmulo de placas de gordura, cálcio e outras substâncias nas artérias, além de levar à atrofia cerebral. Esses depósitos dificultam a passagem do sangue pelos vasos, o que pode causar ataques cardíacos, derrames e até morte súbita. Outras doenças crônicas também são desencadeadas pela diminuição da imunidade e fatores inflamatórios, quase 40% das pessoas com depressão têm doenças crônicas associadas como diabetes, doenças pulmonares, hipertensão arterial entre outras. Isso está associado a fatores de maior vulnerabilidade como hereditariedade, falta de rede de apoio de amigos e familiares, redução de recursos financeiros que prejudicarão significativamente não só a quantidade, mas a qualidade de vida dos pacientes em sofrimento emocional”, afirma Camila Magalhães , psiquiatra e fundadora da Caliandra Saúde Mental.
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