Há também um aumento na demanda por imunizantes no interior do estado e em Minas Gerais e Goiás.
Desde o dia 17, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 19.790 pessoas receberam as vacinas meningocócica C e ACWY na região onde foram registrados os cinco casos de meningite C.
Os pacientes confirmados eram um bebê de dois meses e quatro adultos de 20, 21, 42 e 61 anos. O paciente de 42 anos morreu em 2 de agosto.
Caso de meningite em SP
Um homem de 22 anos da Zona Norte também morreu nesta semana e, segundo o ministério, o caso não estaria relacionado ao surto da Zona Leste. Foram 10 mortes por meningite este ano na cidade.
Qualquer pessoa com idade entre 3 meses e 64 anos que resida, trabalhe ou estude no perímetro de 3 km da região onde esses casos são notificados pode receber a vacina nas unidades básicas de saúde locais: UBS Formosa II, UBS Vila Guarani, UBS Jardim Iva e o comandante do UBS José Gonzalez. Basta apresentar o comprovante de endereço.
Cobertura de vacinação
Além disso, como parte do calendário vacinal de rotina, o imunizante contra a meningite meningocócica C é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o Brasil para bebês de 3 a 12 meses.
Atualmente, a vacina ACWY é aplicada na faixa etária de 11 a 14 anos.
Para quem não se enquadra nessas faixas, a vacina ACWY, que oferece proteção contra o sorotipo C, a mesma do surto, está disponível em clínicas particulares por valores que variam de R$ 370 a R$ 420.
Cláudia Oliveira, 44 anos, soube do surto por meio de pediatras que segue no Instagram.
No final da tarde desta terça-feira (5), ela foi a uma clínica particular no Tatuapé, zona leste, para vacinar a filha de 6 anos e atualizar o próprio cartão. “Vou tomar também porque não afeta apenas as crianças”, disse ela.
Segundo a diretora da Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABVAC), Fernanda Gomes, no entanto, a procura por ACWY não cresceu apenas na capital. Existem notificações de aumento.
Em Minas Gerais e Goiás e onde atua, na região de Campinas, interior de São Paulo, o crescimento nos últimos dias foi, portanto, em torno de 50%.
No vacinas.net, que trabalha com imunização em 20 estados, a busca por ACWY como termo de busca aumentou 400% nos últimos 15 dias, em relação à primeira quinzena de setembro.
O fundador da plataforma, Marcos Tendler, afirma, portanto, que 50% das vendas do site nesse período foram de vacinas contra meningite, bem acima da média de 10% do ano.
“A população brasileira, em geral, tem o hábito de buscar a prevenção quando o problema já está acontecendo. Além disso, os profissionais de saúde, ao verem as notícias sobre o surto, também aumentam a recomendação de vacinas e colocam o tema em pauta nas consultas”, diz Gomes.
O efeito da mídia na busca por imunizantes foi apontado por especialistas.
Busca pela vacina contra meningite não é só em SP
Indicam que, enquanto há espaço para casos na imprensa e nas redes sociais, as pessoas buscam se proteger.
No entanto, quando o assunto deixa de ser noticiado, a preocupação com a vacinação cai drasticamente.
“A cobertura vacinal é baixa e mesmo com a ampliação da campanha contra a poliomielite, por exemplo, não atingimos a meta. As fontes de saúde não estão sensibilizando a população”, ponderou Mônica Levi, diretora do Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM)).
Na capital, a cobertura vacinal contra a meningite meningocócica C, até julho deste ano, era de 79,72%. A meta de vacinação recomendada pelo Ministério da Saúde é de 95%.
Por outro lado, enquanto há uma demanda motivada pelo destaque dado ao surto, surge um segundo fenômeno: as vacinas contra outras doenças também são mais exigidas.
“O surto de meningite trouxe clientes com cartões desatualizados e, nesses casos, orientamos sobre a necessidade de outras vacinas”, disse a gerente do Clinivac, Mara Garcia.
Importância da vacinação
Para a infectologista do Centro de Imunização Santa Joana, Rosana Richtmann, no entanto, o anúncio de um surto torna as pessoas mais conscientes de sua situação vacinal.
E, dessa forma, então, cabe ao profissional de saúde aproveitar essa lacuna.
“É tão raro que eles venham à procura de informações sobre vacinas que não podemos perder a oportunidade de fornecer orientações adequadas. Além disso, o próprio paciente tem medo de ter alguma vacina atrasada”, diz.
Ela estima, no entanto, uma demanda pelo menos três vezes maior pela vacina contra a meningite meningocócica em Santa Joana nos últimos dias.
Richtmann indica que parte do aumento pode estar relacionado à imagem da doença pela população..
“As pessoas, por exemplo, sabem que é muito grave e têm muito mais medo da meningite do que de outras doenças. Dependendo da geração, nunca viram ninguém com paralisia infantil, mas sabem de relatos de meningite. A experiência de vida com meningite é muito mais perceptível e isso faz a diferença.”
A infectologista pediátrica e consultora de vacinas da Lavoisier, Maria Isabel de Moraes Pinto, também reforça a gravidade da doença.
“Recentemente, tivemos no hospital onde trabalho uma criança que teve que ser amputada devido à meningite meningocócica. É uma doença muito grave, que deixa sequelas e pode levar à morte.”
Fonte: Folha Press
Foto: Shutterstock
Leave a Reply